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quarta-feira, 13 de setembro de 2017

SOBRE GEDDEL, TEMER E LULA


A honestidade e a lisura no trato da coisa pública ― virtudes esperadas de presidentes, ministros, parlamentares, governadores e políticos em geral ― há muito fizeram as malas e partiram do Brasil. Para onde? Ninguém sabe, ninguém viu. Prova disso é a sucessão de escândalos-nossos-de-cada-dia, de fazer corar santo de pedra, mas que a população transforma em anedota porque lágrimas não pagam dívidas e a vida precisa continuar. 

Um bom exemplo é o caso de Rodrigo Rocha Loures ― homem da mais estrita confiança do presidente segundo o próprio presidente. Flagrado arrastando uma mala com R$ 500 mil, ficou conhecido como o “homem da mala” de Temer, mas foi rebaixado a “homem do nécessaire” quando a PF encontrou oito malas e seis caixas de papelão com R$ 42.643.000 e US$ 2.688.000. Dinheiro pra dedéu ― ou pra Geddel, melhor dizendo, já que a bufunfa estava guardada num apartamento emprestado ao amigão do peito e ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo de Michel Temer, ex-ministro da Integração no governo de Lula, vice-presidente da CEF na gestão de Dilma, além de cinco vezes deputado federal pelo PMDB da Bahia.

Observação: Digitais de Geddel foram encontradas aos montes, tanto no apartamento quanto nas cédulas. A PF precisou de duas camionetes para transportar a dinheirama, que 11 funcionárias levaram 14 horas para contar, mesmo com a ajuda de 7 máquinas de contar dinheiro.
O cara-de-suíno foi reconduzido ao presídio da Papuda ― onde já havia sido hospedado durante alguns dias, em julho, até que alguém mexeu os pauzinhos e ele passou a cumprir prisão domiciliar no conforto de seu luxuoso apartamento ― e sem tornozeleira eletrônica, que esse dispositivo está em falta na Bahia. O leitor quer saber quem teria mexido os pauzinhos? Ora, quem tinha mais a temer diante da possibilidade de, se mantido preso, Geddel abrir o bico. Deu para entender ou quer que eu desenhe?

Observação: Para que o leitor tenha uma ideia do que representam R$ 51 milhões, um brasileiro que ganhasse salário mínimo precisaria trabalhar durante 35 anos por 129 vidas para acumular essa bufunfa, e isso se não gastasse um único centavo. Com essa quantia é possível comprar, por exemplo, 12.442 smartphones top de linha. Ou dois apartamentos no edifício L’Essence, no bairro paulistano dos Jardins. Ou 1.105 veículos Onix, da GM. Ou 22 helicópteros Robinson R44.

Temer, fleumático como um lorde inglês, faz cara de paisagem, trombeteia as conquistas do seu governo e se diz empenhado na aprovação das urgentes reformas de que o país tanto precisa, enquanto seu advogado pede ao ministro Fachin a suspensão de “qualquer nova medida de Rodrigo Janot” ― o plenário do Supremo deve decidir nesta tarde sobre o pedido.

Também na tarde desta quarta-feira, 13, o molusco abjeto deverá depor pela segunda vez ao juiz Sergio Moro, desta feita nos autos do processo que envolve a compra de um terreno para abrigar o “Instituto Lula” e do apartamento vizinho àquele onde o petralha reside em São Bernardo do Campo, além de outros benefícios espúrios ― como uma série de “palestras” a R$ 200 mil cada ― tudo bancado pelo Grupo Odebrecht em troca benesses nas gestões petistas.

Nunca é demais lembrar que o Demiurgo de Garanhuns já foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão e regime fechado, responde a mais cinco processos, é alvo de pelo menos mais duas denúncias e de inúmeras outras investigações. Mesmo assim, o sacripanta tem viajado pelo Nordeste em campanha antecipada à presidência ― sem que o TSE mova uma palha para impedir.

Depois do depoimento bombástico do cumpanhêro Palocci ― coordenador da campanha de Lula em 2002, ministro de Estado em nos governos de Lula e de Dilma ― e do conteúdo de sua delação premiada (que ainda está em fase de negociação), falta pouco para as aspirações políticas do molusco eneadáctilo naufragarem no mar de corrupção criado pelo projeto de poder do próprio Lula e de seu espúrio partido. E quanto antes, melhor.

Volto com mais detalhes amanhã ou a qualquer momento, em edição extraordinária. Enquanto isso, assista ao clipe de vídeo abaixo:   



Um ótimo dia a todos.

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segunda-feira, 11 de setembro de 2017

MAIS MOTIVOS PARA SE TER ORGULHO DESTA REPÚBLICA DE BANANAS


O mais recente imbróglio envolvendo a delação da JBS foi causado pela conversa nada edificante que Joesley Batista e seu assecla Ricardo Saud mantiveram e gravaram “inadvertidamente”, e que acabou indo parar “acidentalmente” nas mãos do MPF.

O bate-papo descontraído, regado a uísque e ao som de Axé Music, durou longas quatro horas e suscitou quatro ministros do Supremo, dois governadores de Estado, dois senadores e dois ex-ministros. Sobrou até para a ex-presidanta e seu esbirro, José Eduardo Cardozo, entre outros que, como de praxe, negam qualquer participação e juram de pés juntos que são honestos, probos e acima de qualquer suspeita, ontem, hoje, amanhã e até o fim dos dias.

Na primeira parte do áudio, Joesley e Saud falam sobre como se aproximar de Rodrigo Janot por meio do então procurador Marcelo Miller e sobre a condição de não serem presos após fecharem os acordos de delação. Mas o “x” da questão ― que pode levar à revisão dos benefícios concedidos por Janot e avalizados pelo ministro Fachin a essa dupla de escroques ― foram os momentos em que os interlocutores sugerem que Miller ― que deixou a assessoria de Janot para atuar em escritório de advocacia que defende a JBS ― favorecia o grupo quando ainda integrava o MPF.

Em nota, os delatores boquirrotos pediram “sinceras desculpas” aos ministros do STF e ao PGR pelas citações indevidas, mas só depois que Janot determinou a abertura de investigação para apurar a omissão de informações nas negociações do acordo de colaboração.

A suspensão do acordo para apurar os fatos era de se espera, mas é lamentável que oportunistas de plantão se aproveitem do episódio para tentar (mais uma vez) barrar a Lava-Jato em seu esforço de reprimir e punir os esquemas de corrupção que conspurcam a política brasileira.

A defesa de Temer, por exemplo, tem se valido do ocorrido para desqualificar as acusações da PGR contra o presidente. A anulação de provas consistentes, se ocorrer, será um desserviço ao combate à corrupção, até porque o próprio acordo de colaboração tem cláusulas específicas para o caso: as de números 26 e 27 enquadram o que houve entre os motivos para a rescisão do acordo pela PGR, mas com a manutenção de todas as provas e depoimentos, além do pagamento de multas.

O senador Romero Jucá, integrante do grupo palaciano e alvo de inquéritos e processos no STF, diz que o ocorrido “projeta dúvidas sobre várias delações” ― notadamente a de Sérgio Machado, da Transpetro, em que ele, Jucá, é um dos protagonistas. E a maracutaia assume proporções pluripartidárias, já que, no Congresso, se alguém gritar “pega ladrão”, não ficam nem os faxineiros.

Omissões e manobras de Joesley podem ― e devem ― levar Janot a rever o acordo e estabelecer algum tipo de punição, mas contraria a sensatez e a própria lógica que os termos da delação ― que fazem dela um ato jurídico perfeito, assinado por meio de um rito sancionado pelo Supremo ― sejam descumpridos e que provas concretas desapareçam, como as cenas de Rodrigo Loures ― “homem da mala” de Temer e pessoa de sua mais estrita confiança, segundo o próprio Temer ― arrastando pela Rua Pamplona, em São Paulo, uma mala com R$ 500 mil de propina entregues pela JBS (mala essa que, depois da apreensão feita pela PF no “bunker” dos ex-ministro Geddel Vieira Lima, passou a ser considerada simples necessaire).

A conferir o resultado dessa merdeira toda.

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quinta-feira, 7 de setembro de 2017

7 DE SETEMBRO - DIA DA VERGONHA DE SER BRASILEIRO


Tempos atrás, durante o segundo reinado de Lula, eu disse que tinha vergonha de ser brasileiro. Mais adiante, já sob a égide da anta vermelha, disse que já não tinha mais vergonha, mas nojo. Agora, diante de mais esse imbróglio envolvendo a JBS, o presidente desta Banânia, a PGR e até ministros do Supremo, já nem sei o que dizer. São tantas informações contraditórias que fica difícil saber quem é quem e o quem fez o quê nesta merdeira toda. Mas parece inverossímil, para dizer o mínimo, que Joesley Batista e seu comparsa Ricardo Saud gravassem “acidentalmente” uma conversa tão comprometedora e entregassem o arquivo de mão-beijada à MPF, arriscando-se a perder as benesses obtidas com seu controverso acordo de colaboração, dentre as quais a própria liberdade.

Paralelamente, enquanto Geddel Vieira Lima ― ex-ministro e amigão do peito do vampiro do Planalto ― cumpre prisão domiciliar em seu luxuoso apartamento (sem tornozeleira eletrônica, que esse dispositivo está momentaneamente em falta), a PF apreende a bagatela de R$ 51 milhões, em dinheiro vivo, em outro apartamento do ex-ministro porcino, diante do que a famosa mala de Rocha Loures ― homem da mais estrita confiança do presidente, segundo o próprio presidente ― está mais para um reles porta-níqueis.
     
Enquanto isso, Lula ― réu em seis processos e sentenciado num deles a 9 anos e 6 meses de prisão em regime fechado ― continua escarnecendo da sociedade, posando de candidato a candidato a presidente da Banânia. Claro que somente petistas e alienados que lhes dão ouvidos ignoram que o projeto político desse sujeito é evitar ― ou procrastinar ao máximo ― seu acerto de contas com a Justiça Penal. Mas isso deve mudar com a confirmação da sentença do juiz Moro pelo TRF-4 ― dependendo, naturalmente, da decisão final do STF quanto ao início do cumprimento da pena por réus condenados. Vale lembrar que a Corte já interrompeu a votação por duas duas vezes; na última, o placar era a favor da prisão depois da condenação em segunda instância. Na próxima, Gilmar Mendes, o divino, deve rever sua posição, mas Rosa Weber parece propensa a votar pela manutenção da jurisprudência, de modo que se perde na foice e ganha-se no machado ― quanto aos demais ministros, melhor esperar para ver, porque até o passado é imprevisível neste país.

Mudando o foco para Dilma, a alienada, parece que o PT não sabe o que fazer com ela ― aliás, em entrevista a uma rádio de Salvador, Lula, num mea-culpa tardio, reconheceu que a calamidade em forma de gente cometeu erros (?!) na condução da política e da economia, e que ela “poderia ter tomado a decisão de não se candidatar à reeleição”. Pelo visto, ninguém ensinou ao sapo barbudo que de nada adianta chorar sobre leite derramado.

O impeachment da sacripanta encerrou um dos capítulos mais estapafúrdios da história deste país, protagonizado por incompetente se julgava exímia administradora, e que condenou o Brasil a um retrocesso econômico de duas décadas ― e serão necessárias outras duas para a plena recuperação, e que, como ressalta o jornalista Augusto Nunes, o eleitor tenha aprendido a lição e não se deixe levar por discursos irresponsáveis como os que elegeram e reelegeram a nefelibata da mandioca. Mas se o Brasil se livrou de Dilma antes que ela pudesse completar sua grande obra, o mesmo não se pode dizer de seu partido, o PT. Como se sabe, uma aberração legal urdida pelo então presidente do Senado, Renan Calheiros (investigado em 17 inquéritos no Supremo e réu em uma ação penal por crime de peculato), em dobradinha com os petistas e com o aval de Lula, permitiu ao então presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, manter os direitos políticos da impichada ao mesmo tempo em que a apeava da presidência. Isso permite que a estocadora de vento se candidate a qualquer cargo eletivo, mas sua obra a torna um ativo tóxico em qualquer palanque.

Os petistas nunca gostaram de Dilma, mas só porque, para eles, ela deveria ter se empenhado em obstruir a Lava-Jato e evitar que os escândalos de corrupção derivados das investigações atingissem em cheio o partido e seus principais dirigentes. Isso faz da criatura um problemão para a candidatura de seu criador: segundo o raciocínio da patuleia, como se não bastasse ter de provar que é a “viva alma mais honesta deste país”, o petralha ainda precisa convencer os brasileiros de que a profunda crise econômica legada pelo governo passado não é fruto da enorme incompetência de sua pupila ― uma tarefa hercúlea até mesmo para o inegável talento demagógico do repulsivo demiurgo de Garanhuns, especialmente depois do que seu ex-ministro Antonio Palocci trouxe a lume na tarde de ontem (6), em depoimento ao juiz Sérgio Moro.

Especulou-se que Dilma poderia se candidatar ao Senado pelo Rio Grande do Sul ou pelo Rio de Janeiro, mas uma ala do PT acha que isso seria prejudicial ao partido, não apenas porque as chances da alienada seriam remotas e atrapalhariam candidatos mais fortes, mas principalmente porque sua candidatura colocaria em evidência aquilo que o PT quer esconder, que é justamente o legado maldito da gestão a anta incompetenta.

Oficialmente, o partido mantém o discurso de apoio a mulher sapiens ― Gleisi Hoffmann, também ré na Lava-Jato e recém-empossada presidente da agremiação criminosa, diz que “Dilma é a grande liderança que encarna a injustiça contra o PT” e que, se decidir se candidatar em 2018, “vai ter muito voto”. Mas o próprio Lula tem dificuldades em lidar com sua criação. Na tal “caravana” que está empreendendo pelo Nordeste, em escancarada campanha eleitoral antecipada, o ele já teve de admitir que ela cometeu erros na condução da política econômica, ainda que atribua a crise a sabotagens do ex-presidente da Câmara e ora hóspede do complexo médico penal de Pinhais, em Curitiba.

Conforme reportagem do Estado, Dilma já disse a amigos que, no momento, está inclinada a não se candidatar a nada, pois prefere as viagens internacionais ― para denunciar o tal “golpe” de que se diz vítima ― e a convivência com artistas e intelectuais. Decerto Lula está torcendo para que ela se aposente de vez da política e se limite a andar de bicicleta. Afinal, se a sujeita resolver subir no palanque, os eleitores haverão de se lembrar do que ela fez ao País ― e seu criador e mentor terá dificuldade para esconder o fato, incontestável, de que pariu um monstro.

Bom feriadão a todos.

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quarta-feira, 5 de julho de 2017

VOCÊ CONHECE SEU PC? ― Parte V

O ANALFABETISMO POLÍTICO SE VENCE COM A INFORMAÇÃO.

Explicar como um PC funciona transcende o escopo e as possibilidades desta sequência de postagens, mas sempre se pode trocar em miúdos as funções dos principais componentes que integram essas máquinas maravilhosas. Acompanhe.

Todo computador depende de energia elétrica para funcionar, daí haver uma “fonte de alimentação”, que é o dispositivo responsável por converter a corrente alternada em contínua e fornecer as tensões necessárias aos demais elementos do sistema computacional (não confundir com sistema operacional). Além de potência adequada, a fonte deve disponibilizar os conectores apropriados e integrar uma ventoinha poderosa, mas silenciosa e durável.

Máquinas de grife costumam oferecer fontes de boa qualidade, de modo que só é preciso se preocupar com esse componente se e quando ele deixar de funcionar. Ainda assim, substituí-lo é bem simples: nos desktops, basta abrir o gabinete, desaparafusar a fonte defeituosa, colocar outra em seu lugar, fixá-la e reconectar os cabos. 

Nos portáteis (laptops ou notebooks), a fonte é o próprio “carregador”, que é um componente externo e, portanto, facílimo de substituir ― isso não significa que custe barato, mas aí já é outra história. Aliás, a própria bateria dos portáteis também pode ser trocada pelo próprio usuário, já que a maioria dos aparelhos apresenta uma portinhola de encaixe ― ou uma tampinha aparafusada, conforme o caso ― que dá acesso à bateria. A exceção fica por conta dos portáteis da Apple, nos quais esse serviço deve ser feito numa assistência técnica autorizada ou por um Computer Gay de confiança.

A CPU (ou processador) é o “cérebro” do computador, e daí a razão de muitos usuários tomarem sua velocidade (ou frequência de operação) como parâmetro de desempenho do aparelho. Isso até fazia sentido nos primórdios da era PC ― quando Gordon Moore, então presidente da Intel, previu que a capacidade de processamento dos microchips dobraria a cada 18 meses, e coisa e tal. Só que muita água rolou por debaixo da ponte desde então, e a performance das máquinas passou a depender de outras variáveis ― algumas até mais importantes do que o clock, que, em última análise, indica apenas o número de operações que a CPU executa a cada segundo; o que ela é capaz de fazer em cada ciclo já é outra história (mais detalhes nesta postagem).

Para resumir essa novela, quando a frequência de operação dos processadores bateu na casa dos 3 GHz, os fabricantes se deram conta de que seria  impraticável aumentar ainda mais o número de transistores e a velocidade de operação sem que o custo de produção se elevasse a ponto de inviabilizar a comercialização dos microchips. Para contornar o problema, eles recorreram, inicialmente, ao multiprocessamento lógico ― tecnologia mediante a qual uma única CPU física funciona como duas ou mais CPUs virtuais ― e, mais adiante, às CPUs multicore ― com dois ou mais núcleos.

Depois de desbancar os demais fabricantes de processadores para PCs, a Intel e a AMD passaram a disputar focinho a focinho (ou ciclo de clock a ciclo de clock) a preferência dos usuários. A gigante dos microchips levou a melhor, embora a AMD ofereça excelentes produtos a preços mais palatáveis que os da concorrente. Assim, a maioria dos PCs atuais integra chips da família Intel Core X-series (i3, i5, i7). 

Core i9 deve ser lançado em breve, com modelos de até 18 núcleos físicos e 36 threads e 3,3 GHz (expansível a 4,5 GHz com a tecnologia Turbo Boost Max 3.0) ao preço de US$ 2 000 ― e isso lá nos EUA ―, para concorrer com o AMD Ryzen Threaddripper, de 16 núcleos e 32 threads. Mas isso já é conversa para uma outra vez.

Continuamos no próximo capítulo. Até lá.

TEMER E A PRISÃO DO AMIGO GEDDEL 

Postagens atrás, eu escrevi que o presidente se apequenava mais a cada dia. Pensando melhor, na verdade ele só está mostrando seu real tamanho.

Se esperava calmaria nesta semana, Temer deu com os burros n’água, agora por conta da prisão de Geddel Vieira Lima ― mais um integrante de seu folclórico “time de notáveis. 

Geddel era ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República até novembro do ano passado, quando se demitiu, devido a desentendimentos com o então ministro da CulturaMarcelo Calero (que também se demitiu). Era amigo de Temer de longa data, talvez não tão íntimo quanto Eliseu Padilha ou Moreira Franco, mas próximo o bastante para sua prisão e a perspectiva de um acordo de delação deixarem em pé os sempre bem penteados cabelos grisalhos do amigo Michel

Foi a delação de Lucio Funaro, doleiro e operador de Eduardo Cunha, que levou à prisão de Geddel, e a caca vai respingar por toda a cúpula do PMDB. Ainda que seja um político tarimbado, com vários processos na justiça, e que, assim como Cunha, tenha estrutura para resistir durante algum tempo na prisão, mais hora, menos ora ele vai acabar falando.

Seja como for, isso era “tudo o que Temer mais precisava” neste momento tão delicado. Vamos acompanhar as consequências e os fatos novos que certamente irão surgir. Para mal dos pecados de sua excelência, a possibilidade de esses fatos favorecerem o governo é bastante remota.

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sábado, 26 de novembro de 2016

CALERO, GEDDEL E A MULHER DE CÉSAR

Diante das declarações de Marcelo Calero, esperava-se que Geddel fosse devidamente defenestrado ― até por uma questão de coerência: em entrevista concedida em maio ao Fantástico, dias depois de assumir interinamente a Presidência da Banânia, Temer disse ter alertado seus ministros de que se algum deles não agisse "adequadamente" seria demitido. No entanto, contrariando as expectativas, Geddel não caiu ― pelo menos até o momento em que escrevo estas linhas.

Para Temer, a situação é, no mínimo, desconfortável. Interessa-lhe manter Geddel na Secretaria do Governo, onde o amigo é peça-chave na articulação de importantes medidas para tirar o país da crise ― dentre as quais a PEC dos gastos ―, sem mencionar que demití-lo seria reconhecer que um de seus principais assessores de confiança tramou para se beneficiar pessoalmente. Por outro lado, a saída de Calero do ministério não foi mera divergência interna, e ignorar suas denúncias ― de que Geddel tê-lo-ia pressionado para favorecer interesses pessoais ― o presidente se vê no velho dilema da mulher de César, que além de ser honesta precisa parecer honesta.

Calero foi o quinto ministro a deixar a Esplanada desde que Temer assumiu a presidência. Antes deles, saíram Romero Jucá (Planejamento), Fabiano Silveira (Transparência), Henrique Alves (Turismo) e Fábio Osório (Advocacia-Geral da União). Geddel será o sexto?
Segundo O GLOBO, o caso Geddel reproduz o dilema do caso Jucá, quando Temer se viu obrigado a escolher entre priorizar a amizade ou defender um padrão ético minimamente aceitável no poder. Aliás, ser ético e ter reputação ilibada é o mínimo que se espera de um ministro de Estado ― ou não? No entanto, sua excelência não deixou dúvidas sobre sua posição: mesmo sob pressão para afastar Geddel do cargo, ele escolheu manter o amigo.

Para entender melhor essa novela ― que parece estar longe de terminar ―, o empreendimento imobiliário La Vue Ladeira da Barra, do qual Geddel é proprietário de uma unidade e seus parentes são representantes legais do edifício, foi embargado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Apesar das tentativas via AGU, o órgão determinou que o prédio não tivesse mais do que 13 andares (o projeto original previa 31 pavimentos), contrariando os interesses da construtora Cosbat. Calero diz que Geddel tê-lo-ia pressionado a liberar o projeto, que as pressões continuaram mesmo depois do parecer contrário do Iphan, que Temer teria dito que a decisão do órgão criara “dificuldades operacionais” em seu gabinete, que “o ministro Geddel se encontrava bastante irritado”, e que “política tinha dessas coisas, esse tipo de pressão”. Além de Temer e de Geddel, o ex-ministro implica também Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil, que lhe teria recomendado “construir uma saída com a AGU”.

Temer disse que tratou duas vezes com Calero sobre a divergência com Geddel, mas negou que tenha feito pressão para modificar decisão do Iphan. Em nota pública, o presidente afirma que sugeriu uma avaliação jurídica da AGU sobre o tema, uma vez que “o órgão federal tem competência legal para solucionar eventuais dúvidas entre órgãos da administração pública”. Na última segunda-feira (21), a Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu abrir um processo para investigar a conduta de Geddel no episódio. Nos últimos dias, Geddel admitiu ser proprietário de um apartamento no empreendimento, confirmou que procurou o então ministro da Cultura para tratar do embargo à obra, mas negou que o  tivesse pressionado para liberar a obra.

Aguardem novas emoções.

ATUALIZAÇÃO:

Novas emoções que vieram logo em seguida, com o pedido de exoneração apresentado por Geddel, que continuará sendo investigado ― e agora, vale lembrar, sem a prerrogativa de foro.

Resta saber o que realmente contém a gravação que Calero diz ter feito durante sua conversa com Temer, mas a verdade é uma só: os dois envolvidos deixaram de ser ministros, e, restando comprovada a culpa deste ou daquele, a punição de perda do cargo já não faz mais sentido. Temer, todavia, continua à frente da Presidência ― e deverá continuar, a despeito do ridículo pedido de impeachment que o PSOL deverá protocolar na próxima segunda-feira.

Para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a saída de Geddel encerra a crise, e  agora o presidente deve se preocupar em colocar no lugar do (mui) amigo outro articulador que lhe faça as vezes. Até porque o país precisa seguir adiante, e a PEC dos gastos, a reforma da Previdência, o combate à corrupção (as famosas 10 medidas que já chegaram a 18) e outras tantas precisam ser votadas e aprovadas o quanto antes.  

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quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O NOVO JURUNA (Por Mario Sabino em O ANTAGONISTA)

Geddel Vieira Lima caiu porque pressionou Marcelo Calero, então ministro da Cultura, a derrubar o veto do Instituto do Patrimônio Histórico à construção de um prédio alto demais em Salvador, próximo a bens tombados. Geddel, que comprou um apartamento no tal prédio, colocou Michel Temer, Eliseu Padilha e Grace Mendonça para agir em seu benefício. Indignado com a pressão, Calero pediu demissão e saiu atirando. Deu entrevista, foi à PF e, sabe-se, gravou diálogos nos quais foi constrangido.

É um episódio de chanchada: o presidente da República, o ministro-chefe da Casa Civil e a advogada-geral da União preocupados em resolver, ao arrepio da lei e dos bons modos, uma questão imobiliária do, até horas atrás, secretário de Governo.

A chanchada ainda não teve fim. A ordem é tentar desmoralizar Marcelo Calero. “Não sei por que esse rapaz agiu dessa forma”, disse Michel Temer. “Isso é inaceitável, é inédito na história do Brasil”, afirmou Aécio Neves, sobre o fato de Calero ter gravado os diálogos indecorosos, em especial com o presidente da República. A esta altura, devem estar vasculhando a vida do moço, a fim de encontrar algo que possa ser vazado e, com isso, manchar a sua reputação.

Deixando de lado o direito que um cidadão tem de gravar conversas das quais ele participa, mesmo sem a anuência dos seus interlocutores, a atitude de Marcelo Calero só é inadmissível a quem parece achar um direito natural submeter a coisa pública a interesses privados.

Nos anos setenta, havia o cacique Juruna. Antes de se tornar o primeiro índio a eleger-se deputado federal no país, ele usava gravador na sua luta pela demarcação de terras das tribos. Registrava abertamente tudo o que as autoridades brancas lhe diziam. Agora podemos gravar tudo por meio de um smartphone no bolso. Marcelo Calero é o novo Juruna. Precisamos de mais índios nas nossas chanchadas.

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