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domingo, 3 de dezembro de 2017

O QUE ESPERAR DE 2018? (CONTINUAÇÃO)


Diante do que foi dito no post anterior, o leitor pode até argumentar que a situação não melhorou. E com razão, pois as coisas não vão bem. Afinal, o atual presidente é Michel Temer, e seu governo não passa de um melancólico terceiro tempo das gestões lulopetistas. Mas é inegável que o cenário mudou. Quando por mais não seja, 2016 valeu pelo funeral político dos que mandaram diretamente no Brasil durante mais de uma década, embora muita gente ― a começar pelas forças que deixaram o governo ― tente vender a ideia de que nada mudou, buscando levar os brasileiros a acreditar numa coleção cada vez maior de impossibilidades materiais. 

Faz parte desse múltiplo conto do vigário, por exemplo, a noção de que as pessoas sejam capazes de ficar, ao mesmo tempo, contra Renan e a favor de Lula. Ou de indignar-se com Sérgio Cabral e não levar em conta que ele foi um herói tanto para Lula quanto para Dilma ― homem de admirável coração, segundo um, ou o melhor governador do país, segundo a outra. Dentro da mesma sequência de fábulas, espera-se que levem a sério a informação de que o molusco eneadáctilo continua pobre, mesmo tendo embolsado dezenas de milhões de reais a título de remuneração por palestras a que ninguém assistiu.

Enquanto se mantém por aí, a contrafação das realidades não parece destinada a produzir efeito prático algum. O barulho vai continuar, é claro, até porque é comum as pessoas gritarem mais alto quando percebem que têm cada vez menos fatos a seu favor. Veja o esforço que fazem os advogados de Lula para destemperar o juiz Sérgio Moro nas audiências, usando de linguagem agressiva e sem cabimento, dada a ausência de argumentos realmente sérios para responder às denúncias feitas contra seu cliente (até porque é difícil defender o indefensável). Só que negar a verdade não altera os fatos.

Lula e o PT vivem uma situação surreal. A despeito de ser hepta-réu (e contando...) e de ter sido sentenciado a 9 anos e meio de prisão, o pulha vermelho continua insistindo na balela de que é a alma viva mais honesta do Brasil e que tudo que existe contra ele é fruto de uma descabida perseguição do juiz Sergio Moro. Seus seguidores, divorciados da realidade e estimulados pelas pesquisas de opinião pública, ignoram solenemente o fato de que, se houver justiça nesta Banânia, as condenações que serão impostas a seu amado líder torná-lo-ão inelegível não só em 2018, mas também nos pleitos subsequentes.

STF já se posicionou (numa votação apertada e ainda não concluída) no sentido de que réus em ação penal não podem ocupar cargos na linha sucessória presidencial (mais detalhes nesta postagem). Supondo que Lula chegue mesmo a disputar a concorrer em 2018 e, por absurdo, consiga se eleger ― com um eleitorado “esclarecido” como o nosso, nada é impossível ―, mais absurdo ainda seria ele ser empossado, uma vez que, além de colecionar processos, já foi sentenciado em um deles, e o TRF-4 deve confirmar a sentença de Moro no primeiro semestre de 2018 ― antes, portanto, das próximas eleições.

Até as pedras portuguesas da Praça dos Três Poderes sabiam que Lula estava envolvido até o último fio de barba no mensalão. No entanto, na época em que o escândalo veio à tona, ventos benfazejos soprados pelos mercados internacionais enfunavam as velas desta Nau dos Insensatos e inflavam a popularidade de seu comandante populista, movido a projetos assistencialistas que, mais adiante, cobrariam seu tributo. Por conta disso, o chefe da quadrilha foi poupado, embora seus cupinchas ― Dirceu, Genoino, Delúbio, Vaccari e outros mensaleiros petistas do primeiro escalão ― tenham sido processados, julgados, condenados e encarcerados.

Em 2010, ainda com a popularidade nas alturas, o Redentor dos Miseráveis escolheu a Estocadora de Vento para manter aquecida a poltrona presidencial até que ele pudesse voltar a ocupá-la. Para concorrer a um terceiro mandato consecutivo, seria preciso aprovar uma proposta de emenda constitucional a toque de caixa, de modo do que sua insolência preferiu comandar o espetáculo dos bastidores até poder voltar ao picadeiro e lá se aboletar por pelo menos mais 8 anos. Mas o imprevisto costuma ter voto decisivo na assembleia dos acontecimentos: a mulher sapiens pegou gosto pelo poder e, mediante o mais escandaloso estelionato eleitoral da nossa história, conquistou seu segundo mandato ― do qual foi afastada em maio de 2016 e expelida em definitivo 3 meses depois, quando então o vice decorativo passou de presidente interino a titular, e o resto é história recente (conforme vimos em detalhes na postagem anterior).

Nesse entretempo, o “o grande general do petrolão” (na definição do procurador da Lava-Jato Deltan Dallagnol) começou a colecionar processos. São sete até agora, cujo andamento o Picareta dos Picaretas tenta procrastinar através das recorrentes chicanas da sua defesa ― capitaneada por Roberto Teixeira, seu compadre e também réu na Lava-Jato, e Cristiano Zanin ― que vem travando uma verdadeira cruzada (inglória) nos quase 2 anos de recursos espalhados por todas as instâncias da Justiça. Foram nada menos de 10 pedidos de suspeição criminal e exceção de incompetência criminal para afastar o juiz Sérgio Moro ou tirar os processos da 13ª Vara Federal de Curitiba (detalhes nesta matéria).

Continua no próximo capítulo.

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sábado, 3 de dezembro de 2016

DILMA PARA O BEM DO BRASIL

Coisa que não falta no Brasil é palpiteiro. De futebol, então, todo mundo entende. Mas daí a aparecer alguém competente para treinar a seleção vai uma longa distância.

Na política, a coisa é ainda pior. Talvez porque o quadro político seja mais dramático que o futebolístico. Mas o que tem de gente que confunde alhos com bugalhos, defende quem não presta, presta vassalagem a quem não merece e polui as redes sociais com o que um amigo meu classifica como “bostagens” não está no gibi. 

No âmbito da economia, então, a coisa é gritante. Gente que está com a corda no pescoço, com o cheque especial estourado e o cartão de crédito bloqueado ousa ensinar o padre-nosso ao vigário. E como economia e política se fundiram (leia direito antes de pensar bobagem) numa crise sem precedentes, gerada e parida pela mulher sapiens -- também conhecida por “Janete”, como nossa cara ex-presidanta se identifica ao atender ligações de telemarketing ―, o que não falta é ex-ministro da Fazenda, do Planejamento, da Economia ― ou seja lá que nome tivesse a pasta quando o palpiteiro a comandou ― dando pitacos. Resolver os problemas do país, que é bom, nenhum deles resolveu (ou até resolveu, se pensarmos no Plano Real de FHC, mas isso é outra história).

Seja como for, alguns pitacos merecem cuidadosa reflexão, como o de Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda no governo Sarney. (Lembra do Plano Cruzado? Pois é! Só que o “pai” desse desatino foi Dilson Funaro; Maílson sucedeu a Bresser e sob seu comando amargamos o igualmente desditoso Plano Verão, que cortou três zeros da nossa moeda e a rebatizou de Cruzado Novo, mas isso também é outra história).

Em seu artigo na edição de Veja desta semana, Maílson pondera que, mesmo sem ter intenção, a ex-grande-chefa-toura-sentada-ora-impichada acabou prestando ― com enormes custos, ressalva o economista paraibano ― dois favores ao Brasil. Primeiro, ela provou que ideias fracassadas de política econômica não se tornaram virtuosas sob gestão petista. Segundo, ela acelerou o encontro com uma dura realidade fiscal, o que antecipou uma agenda da qual o país não escaparia, talvez quando as contas estivessem mais fragilizadas. Confira um excerto do texto:

Em seu tempo, Dilma ressuscitou ações cuja época havia passado ou que foram malsucedidas em outros momentos. Na verdade, a adoção de medidas ‘desenvolvimentistas’ equivocadas teve início com Lula. Foi ele quem degradou a autonomia e a qualidade profissional das agências reguladoras. A desastrosa lei sobre a exploração do petróleo do pré-sal foi obra essencialmente lulista. Isso nos fez perder tempo e oportunidades, e, ao obrigar a Petrobras a assumir as respectivas obrigações, impôs à estatal um insano endividamento. A corrupção institucionalizada na empresa começou no governo dele”.

Outro trecho lapidar: 

Dilma continuou a marcha da insensatez. Restabeleceu a regra de conteúdo nacional mínimo, em especial na exploração do pré-sal. Desprezou lições da história, as quais haviam provado que o protecionismo inconsequente inibe a adoção de tecnologias avançadas, o que prejudica a produtividade e o potencial do crescimento. Ela reintroduziu o controle de preços de combustíveis, causando enorme prejuízo à Petrobras e aos produtores de etanol (...) e desarticulou o setor elétrico, com efeitos negativos ainda não de todo absorvidos” (...) Em seu período, a economia teve o pior desempenho em mais de 100 anos. Doze milhões de brasileiros estão sem emprego (...) a renda per capita voltará ao nível de 2013 somente em 2024”.

E mais outro: 

A síntese dos equívocos de Dilma foi a Nova Matriz Econômica, fonte básica de enormes disfunções. Essa matriz abandonou uma política econômica sensata que nos havia assegurado estabilidade econômica e previsibilidade. (...) A gestão de Dilma acarretou uma combinação fatídica de queda do PIB, desemprego, redução de receitas tributárias, inflação e elevação da dívida pública. (...) Dilma levou o Brasil à beira do precipício, mas, como no velho ditado, há males que vêm para o bem (...) Ao levar ao extremo a insensatez de políticas fiscais suicidas, a ex-presidente retroagiu à irresponsabilidade inaugurada com a Constituição de 1988. Isso nos pôs diante da hora da verdade. Desse modo, ainda que por vias tortas, ela terminou por prestar favores ao país.

Como se vê, no fundo, beeeeeeeem no fundo, tudo sempre tem um lado bom. Mas daí a ter saudades dessa sacripanta vai uma boa distância. Vade retro, Satanás! 

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