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sábado, 17 de fevereiro de 2018

AINDA SOBRE O CIRCO DAS ELEIÇÕES 2018


A imagem acima é uma alusão à intervenção federal na Segurança do Estado do Rio de Janeiro (assunto que será abordado oportunamente). Dito isso, vamos ao que interessa.

Dentre os quase 20 postulantes à presidência da Banânia (num universo surreal de 35 partidos oficialmente registrados e outros 73 aguardando a vez), são bem poucos os que têm chances reais de chegar ao segundo turno. Por ironia do destino ― ou pela ignorância atávica do nosso povo ―, os que mais se destacam são justamente aqueles que mais preocupam.

Lula, ao que tudo indica, ficará fora do páreo. Claro que estamos no Brasil, onde interpretar as leis ao sabor de conveniências e especificidades não é incomum. Mas é consenso entre os juristas ― aí incluídos ministros do TSE e do STF ― que a Lei da Ficha-Limpa sepulta as pretensões eleitorais do criminoso condenado (se o PT chegar a pedir o registro de sua candidatura, o TSE deverá negá-lo). Quando, porém, é que são elas. E enquanto dura essa agonia, Bolsonaro continua colhendo frutos de sua alardeada postura anti-Lula e antipetista (que a mim parece ser seu único predicado).

Alckmin empacou nos 5%, mas pode cair se e quando forem comprovadas as denúncias de corrupção feitas por delatores contra ele. No final do ano passado, a PGR pediu ao STJ (instância em que tramitam processos contra governadores, que também têm direito a foro especial por prerrogativa de função) a abertura de um inquérito (que corre em segredo de justiça). Seja como for, pelo que se pode inferir da história pregressa do PSDB, a candidatura do “picolé de chuchu” será mais um voo de galinha ― isso se ele chegar politicamente vivo às eleições. Uma pena, porque, a julgar pelos concorrentes, Alckmin ― se realmente não estiver envolvido nas maracutaias ―, é uma das poucas alternativas dignas de consideração.   

Observação: O governador tucano afirma que “nunca nossa vida pública precisou tanto de transparência e verdade; confio que a apuração das informações pela Justiça encerrará todas as dúvidas”. Mas foi isso mesmo que Temer disse quando sua conversa pecaminosa com Joesley Batista veio a público  e depois vendeu a alma ao Diabo para impedir que as investigações avançassem no STF). E Lula, que jura inocência a despeito de responder a 7 ações criminais (por enquanto), ter sido condenado em uma delas (em duas instâncias do Judiciário) e está com um pé no Complexo Médico-Penal de Pinhais, em Curitiba. Se alguma vez ― uma única vez ―, qualquer figurão da nossa política, investigado, indiciado ou processado, assumir publicamente sua culpa, vai chover merda no Ceará!

Luciano Huck nega ser candidato, mas vem se equilibrando nas pesquisas de opinião pública ― depois de Lula (que, como dito, deverá ser impedido de concorrer) e de Bolsonaro (cuja candidatura tende a se esvaziar sem Lula no páreo). O apresentador compartilha com outros pretendentes o honroso terceiro lugar, o que demonstra a vantagem do “novo” sobre os representantes da velha política tupiniquim. Aliás, quanto mais a candidatura de Alckmin patina, mais cresce entre os políticos de centro a vontade de lançar a candidatura de Huck, que já confirmou que desistiu de concorrer. Lembro que ele disse isso em novembro, mas pediu que seu nome não fosse retirado das pesquisas. Por essas e outras, podemos ter novidades até abril.

Joaquim Barbosa teria dado trabalho a Dilma e Aécio se tivesse concorrido em 2014, quando sua popularidade ― advinda do julgamento do mensalão ― estava nos píncaros, mas perdeu o bonde da história: mesmo empatado com Alckmin e Huck, o ex-ministro enfrenta resistência até mesmo dentro do PSB, onde velhas raposas como Aldo Rebelo e Beto Albuquerque também disputam o posto de candidato. Claro que Barbosa pode se filiar a outro partido até o dia 7 de abril, e já conversou com vários. Só acho estranho que seu “ponto forte” seja a suposta intolerância com a corrupção e, mesmo assim, ele não descarta uma aliança com o próprio PT, embora refute composições com PSDB, MDB e DEM.

Rodrigo Maia e Henrique Meirelles ora são e ora não são candidatos a candidato. Ambos gostariam de disputar, naturalmente, mas eu gostaria que chovesse champanhe francês, e até até hoje isso não aconteceu. Temer também sonha com a reeleição, mas isso é tão improvável que não merece sequer uma análise mais detalhada (até porque o medebista ocupa a "honrosa posição" de presidente mais impopular desde a redemocratização do Brasil).

Propostas excêntricas não faltam entre outros virtuais candidatos: repleto de menções a Deus, o deputado evangélico Cabo Daciolo, que pretende concorrer pelo Avante depois que foi expulso do PSOL, vê na intervenção militar a solução para o país. Ele já chegou a defender o fechamento do Congresso Nacional, onde “só tem corruptos”, e a anunciar que daria sete voltas no prédio da Câmara e do Senado paraexpulsar o demônio da corrupção”. De napoleões de hospício, já nos basta Collor, que se diz candidatíssimo (segundo as más-línguas, está de olho é no governo de Alagoas). Ou a ex-apresentadora Valéria Monteiro, que quer cativar o eleitorado prometendo ― dentre outras sandices ― licença-maternidade de três anos e isenção de Imposto de Renda para quem ganha menos de R$ 3.700.

Nessa bando de doidos destaca-se também cirurgião plástico Roberto Miguel Ray Júnior, mais conhecido como Dr. Hollywood, famoso por recauchutar estrelas de cinema e exibir seus prodígios pela TV. Dentre outras asnices, ele defende a execução do Hino Nacional todas as manhãs ― quando as pessoas deverão ficar em pé e colocar a mão direita no lado esquerdo do peito, como se faz nos EUA ―, diz que não precisa de coligações com outros partidos nem de tempo na TV, e que, se for eleito, reduzirá o número de ministérios a 15, dobrará o salário dos policiais e o efetivo da polícia, e por aí vai. Segundo o médico, “em 2018, o Brasil vai ter uma escolha: a mesma merda de sempre ou o Dr. Rey”.

Outra figura bizarra é Guilherme Boulos, líder do MTST, que estuda concorrer pelo PSOL. É certo que com Lula fora do páreo o chefe dos arruaceiros até pode dividir votos da patuleia com a deputada estadual gaúcha Manuela D’ávila, do PCdoB. Ou com Marina Silva, a eterna candidata, mas acho que não dá para o cheiro.

Junta-se a esse séquito de desvairados o pseudo cearense Ciro Gomes, que concorreu e perdeu em 1998 e 2002; Cristovam Buarque, que disputou em 2006; Eymael ― do jingle chiclete “Ey-Ey-Eymael, um democrata cristão” ― e Levy Fidelix ― do “aero trem”. Se fosse de internar todos esses napoleões de hospício, faltariam vagas nos manicômios como faltam celas nas penitenciárias para trancafiar todos os criminosos engravatados deste país

As eleições presidenciais de 2018 se assemelham às de 1989 na quantidade estapafúrdia de candidatos, mas as similaridades não vão além disso, pois a conjuntura atual é muito diferente. No final dos anos 1980, havia esperança; hoje, o que existe é um pessimismo generalizado das pessoas com com o sistema político. Isso foi comprovado pelo número de abstenções, votos nulos e em branco nas eleições de 2016, e tudo indica que em outubro a coisa será ainda pior (voltarei a esse assunto oportunamente).

Para Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, terá chances de se eleger quem conseguir transmitir soluções para as principais aflições da população (segurança pública, saúde e estabilidade econômica) e que melhor fizer frente ao ambiente de rejeição aos políticos em geral, cujo plano de fundo é a corrupção.

Resta-nos votar com consciência e ver que bicho dá.

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