quinta-feira, 2 de novembro de 2017

DELTAN DALLAGNOL ― MUITO ALÉM DO POWER POINT




O procurador da Lava-Jato Deltan Dallagnol ganhou notoriedade ao exibir para a imprensa, em setembro de 2016, uma apresentação em PowerPoint que colocava Lula no centro ― e no comando ― do esquema de corrupção da Petrobras. O slideshow viralizou na Internet, e a despeito de muita gente criticar as premissas usadas pelo procurador para respaldar suas considerações, o molusco eneadáctilo já réu em 7 processos, está prestes a conhecer sua segunda sentença e a ter a primeira condenação confirmada pelo TRF-4 pelo menos é o que se espera, já que até o passado é imprevisível nesta Banânia.

Enquanto o pulha vermelho viaja Brasil afora (ou seria adentro?) em caravana pré-candidatura, cuja finalidade precípua é ludibriar os desinformados e desvalidos com a estapafúrdia promessa de requentar sua primeira gestão num contexto totalmente diverso, como se sua divina vontade bastasse para fazer o tempo voltar a 2003 (vade retro, Mensalão!) e anular toda a desgraceira gerada pela incompetência de Dilma Anta Rousseff ―, o procurador Dallagnol publica “A LUTA CONTRA A CORRUPÇÃO” (Sextante, 2017, 320 páginas, R$40 ― mas você paga apenas R$ 23,90 na Saraiva.com, tanto pela edição em papel quanto digital).   

Para Dallagnol, o Brasil vive uma “cleptocracia”, seu sistema político favorece e produz práticas criminosas, e a Câmara dos Deputados “ultrapassou a linha e perdeu a vergonha” ao desfigurar, em votação, as dez medidas contra corrupção propostas pelo Ministério Público Federal ― ele revela, inclusive, que cogitou deixar a investigação quando as dez medidas foram derrotadas.

Narrado em primeira pessoa e de forma cronológica, do início da carreira de Dallagnol como procurador aos momentos mais recentes da Lava-Jato, o texto soa repetitivo a quem já conhece a operação, pelo excesso de dados, números e casos que enumera, mas a paixão do procurador pelo seu trabalho e pela operação que coordena justifica a leitura. Até porque, como bem salienta Helio Gurovitz, diretor de redação da revista Época, a rejeição da segunda denúncia contra Michel Temer e a suspensão do afastamento de Aécio Neves trouxeram de volta aquela velha sensação de que o combate à corrupção é inútil, pois sempre haverá um atalho legal, um drible jurídico ou uma manobra política capaz de salvar a pele dos mesmos suspeitos de sempre.

Continuamos amanhã, pessoal. Até lá.

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