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sexta-feira, 12 de abril de 2019

OS 100 DIAS DE BOLSONARO, BURACOS NEGROS E OUTROS ASSUNTOS


As duas imagens acima são de buracos negros. Escolha a que você acha que combina melhor com a definição desse fenômeno.

OBSERVAÇÃO: Devido à ausência do ministro Marcelo Ribeiro Dantas na sessão de ontem no STJ, o julgamento do REsp de Lula pela 5ª Turma ficou para depois da Páscoa (provavelmente para o dia 23). Veja mais detalhes sobre essa interminável novela na postagem anterior.

O atual governo completou 100 dias anteontem. O presidente comemorou e até pediu desculpas pelas “caneladas”. Disse que não nasceu para ser presidente, e sim militar (?!), mas não descartou a possibilidade de disputar a reeleição. É a prova provada de que o poder vicia, corrompe e é como um camaleão às avessas: todos tomam a sua cor: Num instante em que ostenta a pior avaliação já atribuída a um presidente em início de mandato desde a redemocratização, Bolsonaro já não defende o fim da reeleição, alegando que não cabe a ele, mas ao Congresso promover uma reforma que a elimine do ordenamento jurídico.

Em condições normais, seria apenas constrangedor assistir a um governante que acabou de se eleger com a promessa de ser o coveiro de velhos hábitos políticos comprometendo seu governo com uma disputa pelo Poder que, além de prematura, pode ser paralisante. Quando isso ocorre no aniversário de 100 dias de uma Presidência decepcionante, porém, o constrangimento descamba para a aberração. Como bem salientou Josias de Souza, político que não ambiciona o Poder vira alvo, mas político que só ambiciona o Poder erra o alvo. A única ambição que Bolsonaro deveria ter no momento é a ambição de trabalhar.

O ex-governador de São Paulo e eterno picolé de chuchu, Geraldo Alckmin, disse que o governo de Bolsonaro é improvisado, heterogêneo, com uma pauta equivocada, uma agenda antiquíssima. “Nós estamos discutindo se o nazismo é de esquerda ou de direita, se o golpe foi golpe ou não foi golpe. Uma agenda velhíssima. Não temos nova e velha política, temos boa política e má política. A boa política não envelhece”, afirmou o tucano, do alto da autoridade que lhe conferem os míseros cinco milhões de votos (4,79% do total) que obteve ao disputar a presidência no ano passado (1,3 milhão de votos a menos do que recebeu João Dória, que disputou — e ganhou — o governo de São Paulo). Alckmin também reiterou que o PSDB não fará parte da base do governo, e que o partido irá “votar os projetos que forem importantes ao país”. Segundo O Antagonista, sua vanguarda é o programa de Ronnie Von.

Pausa para o contraponto: O Ibope classificou os 100 primeiros dias do governo Bolsonaro como os piores primeiros 100 dias de todos os governos desde a redemocratização. Mas esse mesmo Ibope também sentenciou que, se chegasse ao segundo turno, o deputado-capitão seria fragorosamente derrotado, independentemente de quem fosse seu oponente. Demais disso, se todos os presidentes eleitos pelo voto popular desde 1989 se saíram melhor que o atual, é preciso não perder de vista que Collor e Dilma foram penabundados do cargo e que Lula está preso (e FHC está senil e, cá entre nós, não tem moral para criticar Bolsonaro, mas isso é outra conversa).

Mudando de pato para ganso: De sua cela VIP em Curitiba, Lula mandou avisara à tigrada que “Gleisi Hoffmann é sua candidata à reeleição para a presidência nacional do partido” (a informação é praticamente oficial, já que vem da colunista social da Folha de S. Paulo). Aproveitando o embalo, presidiário ordenou também “que a oposição interna a ela baixe a bola” (Lula não admite discordâncias; o partido, afinal, é dele). 

Pensando bem, ninguém melhor que a “amante” para chefiar a ORCRIM: a loirinha apoia incondicionalmente a ditadura genocida de Maduro, lambe as botas dos mandatários cubanos e silencia diante da misoginia, da homofobia, da perseguição às minorias étnicas e religiosas (inclusive aos cristãos) perpetradas por seus aliados islamofascistas do Irã, do Hamas, etc. E ainda diz que "Jesus Cristo sempre foi a referência dos petistas", e que se for preciso abandonar Lula para fazer alianças, o PT não fará alianças. 

A questão é que ninguém mais — nem na esquerda — quer fazer aliança com o PT.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

PRIMEIRO TURNO DAS ELEIÇÕES 2018 — THE DAY AFTER



Rabisquei estas linhas quando faltavam duas horas para o encerramento da votação e sabe Deus quanto tempo mais para o final das apurações. Àquela altura seria temerário — sem poderes mediúnicos ou uma bola de cristal confiável — arriscar um palpite sobre se haveria um segundo turno e, caso afirmativo, quem disputaria com quem o gabinete mais cobiçado do Palácio do Planalto.

O que se podia dizer sem medo de errar é que nunca antes na história deste país houve uma eleição para presidente em que um dublê de fanático religioso e bombeiro terminou a campanha empatado com um banqueiro milionário e ex-ministro de Estado (tanto de Lula quanto de Temer) — detalhe: o primeiro investiu menos de R$ 1 mil em sua campanha, ao passo que o segundo torrou mais de R$ 40 milhões.

Naquele cenário surreal, os postulantes mais bem colocados nas pesquisas eram justamente os que apresentavam as maiores taxas de rejeição, e o percentual de intenções de voto do candidato da maior coligação de partidos não superava sequer o dos votos brancos e nulos.

Isso sem mencionar a aberração das aberrações, qual seja o virtual pré-candidato que mais se destacou nas pesquisas ter seu registro negado por ser ficha-suja (mais exatamente por ter sido denunciado, julgado e condenado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro e estar cumprindo a pena de 12 anos e 1 mês que lhe foi imposta em segunda instância), transformar sua cela em comitê de campanha e, qual zumbi mal despachado, "encarnar" num almofadinha metido a intelectual que não só não se reelegeu prefeito de Sampa como foi fragorosamente derrotado no primeiro turno por um outsider (fato inédito desde que as eleições municipais passaram a ter dois turnos). 

Coisas do Brasil.

ATUALIZAÇÃO:

Deu-se o esperado, conquanto eu alimentasse esperanças de a fatura ser quitada ainda no primeiro turno, o que nos pouparia de mais três semanas de agonia, com direito à volta do horário político obrigatório e o receito de uma eventual reviravolta — possibilidade remota, mas existente e, portanto, preocupante.

Torno a dizer que, da minha ótica, Bolsonaro representa a antítese do candidato ideal, mas o fato é que ele se tornou a única alternativa à volta do lulopetismo, e situações desesperadoras requerem medidas desesperadas. Retomarei esse assunto oportunamente (afinal, 20 dias nos separam do segundo turno), mas não posso encerrar este breve aditamento sem comemorar a derrota acachapante dos petistas DILMA VANA ROUSSEFF em Minas Gerais e EDUARDO MATARAZZO SUPLICY aqui em São Paulo, que já contavam com seus rabos sujos no Senado Federal. Aliás, falando nesse covil, o emedebista cearense e atual presidente do Congresso EUNÍCIO OLIVEIRA e seus correligionários ROMERO JUCÁ, ROBERTO REQUIÃO, SARNEY FILHO, JORGE VIANA e EDISON LOBÃO não conseguiram se reeleger senadores (por Roraima, Paraná, Maranhão, Acre e Ceará, respectivamente), a exemplo do petista paraibano LINDBERGH FARIAS e da pecedebista amazonense VANESSA GRAZZIOTIN

Igualmente digna de comemoração foram as derrotas dos petistas MIGUEL ROSSETTO e FERNANDO PIMENTEL e da emedebista ROSEANA SARNEY, que postulavam o governo dos estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Maranhão, respectivamente. Lamentavelmente, o palhaço Tiririca se reelegeu (pela segunda vez) deputado federal por São Paulo — ele havia desistido da candidatura no fim de 2017 por se dizer decepcionado com a Câmara, mas desistiu da desistência, laçou-se oficialmente na disputa e conseguiu quase meio milhão de votos (menos que os 1,5 milhão da primeira vez e do 1 milhão da reeleição anterior, mas ainda assim...). 

Para não ficar só nisso, segue um excerto da coluna de Dora Kramer desta semana:

[...] Se confirmada a hipótese levantada pelas pesquisas de intenção de voto, o país vai eleger um presidente que já assume rejeitado por um contingente enorme de brasileiros. Algo inédito. Por mais acirradas e polarizadas que tenham sido eleições como as de 1989 e 2014, os partidários de lado a lado fizeram majoritariamente suas escolhas “a favor” e não quase que totalmente sob a égide do repúdio como agora. Desde que começaram a ser medidos os índices de rejeição, em 1994, nunca os candidatos favoritos haviam registrado números tão altos no quesito “repúdio eleitoral”.

Mantido o quadro uma vez conferidas as urnas, a que essa situação nos levará? A bom termo certamente não será. Nenhuma das facções em embate tem perfil pacificador. Obviamente a vencedora gostaria de receber um refresco por parte dos adeptos da derrotada, mas, a julgar pelos meios e modos (na forma e no conteúdo) de ambas, espera que tal se dê pela via da rendição, pois adversários são vistos e tratados como inimigos nas duas searas. São muito mais afeitas a tripudiar que a conciliar.

Presidentes normalmente tomam posse cheios de força política, independentemente do porcentual de votos com que tenham sido eleitos. Pois não seria assim com Bolsonaro ou com Haddad. Maiorias habitualmente se formam por gravidade em torno do poder, por breve ou longo tempo, a depender da habilidade do eleito, bem como a tendência da parcela do eleitorado que votou no perdedor é render-se ao fato.

Não é o que se projeta na hipótese de vitória de candidatos amplamente rejeitados. Eles terão muita dificuldade na negociação com o Congresso não por resistência dos parlamentares, mas devido à temperatura alta dos ânimos na sociedade, que criaria obstáculos à aprovação das pautas consideradas prioritárias pelo novo governo e tornaria o ambiente permeável a crises. Ou melhor, ao aprofundamento daquelas já em curso.

Tanto um quanto outro têm agenda inexequível do ponto de vista da parte contrária e, por que não dizer, até na perspectiva da realidade. [...] Semeiam o devaneio, deixando aos que os apoiam a colheita da decepção. Um atalho para governos de curta duração. Nada disso, no entanto, parece entrar no radar dos eleitores dos favoritos. Nada contra, caso fossem os únicos a pagar o preço do prolongado e contínuo flerte de boa parte do Brasil com o erro, e que nos retira a chance de firmar um compromisso com o acerto semelhante às raríssimas vezes (1994 e 1998) em que se disse não aos engodos do populismo.

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domingo, 23 de setembro de 2018

ELEIÇÕES 2018 - O ABRAÇO DOS AFOGADOS




Para concluir o raciocínio que eu vinha desenvolvendo nas últimas postagens:

A exatos 14 dias do primeiro turno, o que se tem é uma “quase certeza” de que Jair Messias Bolsonaro está escalado para o segundo tempo, mas não se sabe se o jogo será contra Ciro, Haddad, Alckmin ou Marina.

Em tese, o tucano seria o adversário mais provável, mas na prática a teoria é outra. Tanto assim que FHC sugeriu uma união entre os partidos de centro em torno de Alckmin, para evitar uma vitória de Bolsonaro ou de Haddad. Mas foi em vão: ao contrário do que o grão-mestre do tucanato esperava (ou imaginava, ou achava que haveria uma chance, por menor que fosse), ninguém se mostrou minimamente interessado em abdicar da própria candidatura para apoiar a campanha moribunda de um candidato que foi derrotado por Lula em 2006 e a quem sobra vontade, mas faltam atitude, firmeza e competitividade.

No sábado 22, o ex-presidente usou o Twitter para dizer que sua carta foi direcionada “aos eleitores e eleitoras, não aos candidatos ou aos partidos”, e que há meses defende a criação do que chama de centro popular e progressista. “Anda há tempo para deter a marcha da insensatez; como nas Diretas-já, não é o partidarismo, nem muito menos o personalismo, que devolverá rumo ao desenvolvimento social e econômico”, ponderou o tucano dos tucanos — que, aos 87 anos, deveria vestir seu pijama de bolinhas e assistir às patacoadas de seu contemporâneo Sílvio Santos, que só continua à frente do programa homônimo porque é o dono da emissora.

Ciro, terceiro colocado nas pesquisas, disse ser mais fácil “boi voar de costas” do que o chamado centro se unir no primeiro turno. “O FHC não percebe que ele já passou. A minha sugestão para ele, que ele merece, é que troque aquele pijama de bolinhas que está meio estranho por um pijama de estrelinhas”. Marina afirmou que o PSDB passa pelos mesmos problemas do PT e que “fazer um discurso para que haja uma união e dizer que o figurino cabe no candidato do seu partido talvez não seja a melhor forma de falar em nome do Brasil”.

Devido à teimosia de Alckmin, os tucanos perderam a oportunidade de ter um candidato com postura mais combativa, como João Doria, ou mesmo Tasso Jereissati. Aécio, que teve mais de 51 milhões de votos em 2014 (quando perdeu para Dilma por uma diferença de míseros 3,28%), teria sido a escolha natural, mas se tornou personae non grata com a delação de Joesley Batista.

ObservaçãoÉ curioso que um heptarréu condenado e preso fosse campeão absoluto de intenções de voto até a farsa da sua candidatura ser desmontada pelo TSE, enquanto Aécio, que se tornou réu por corrupção passiva e obstrução da justiça em abril deste ano e sequer foi cassado (embora devesse tê-lo sido, mas isso já é outra conversa) se tornou personae no grata a tal ponto que resolveu desistir de disputar a reeleição para concorrer a uma vaga de deputado federal. Quando mais não seja, isso é a prova provada de como funciona a cabeça da militância petista (se é que petista tem cabeça).

Fato é que a famigerada propaganda eleitoral obrigatória vem sendo veiculada desde o início deste mês sem surtir o efeito esperado por Alckmin. Por ser o candidato com maior tempo de exposição no rádio e na TV, o tucano foi considerado o presidenciável mais vivo de 2018, mas revelou-se um vivo tão morto que o eleitorado cativo do PSDB lhe enviou coroas de flores, migrando maciçamente para Bolsonaro. E o grão-mestre do tucanato, com sua carta da última quinta-feira, como que jogou a derradeira pá de terra sobre o esquife do correligionário.

“Ante a dramaticidade do quadro atual”, ponderou FHC, “ou se busca a coesão política, com coragem para falar o que já se sabe e a sensatez para juntar os mais capazes para evitar que o barco naufrague, ou o remendo eleitoral da escolha de um salvador da Pátria ou de um demagogo, mesmo que bem intencionado, nos levará ao aprofundamento da crise econômica, social e política.” 

Na visão de Josias de Souza, tudo faria muito sentido não fosse um singelo detalhe: a raiva do eleitor. Em 2018, os caciques continuam fazendo política com os pés no mundo da Lua. Promovem os mesmos cambalachos de sempre. Em órbita, não se deram conta de que uma parcela considerável da população já não parece disposta a fazer o papel de gado. De repente, a grama da enfermaria do Einstein e da cadeia de Curitiba pareceram mais verdes.

Até o momento, as pesquisas apontam Bolsonaro como franco-favorito, mesmo sem ele ter participado de qualquer ato de campanha desde o dia 7 e de seu tempo na TV mal dar para um piscar de olhos. Paralelamente, o pau-mandado de Lula, que até recentemente não passava de um ilustre desconhecido, já domina as intenções de voto no nordeste. Mas aqui vale lembrar que as características culturais e socioeconômicas do povo nordestino dão mais peso à TV do que às redes sociais, sem falar que o dublê de pai dos pobres e criminoso condenado é tão cultuado por lá quanto o padim Ciço. Enfim, a cada minuto nasce um otário neste mundo, e os que nascem no Brasil vêm com título eleitoral e estrelinha do PT enfiada no rabo.  

Segundo O Globo, a campanha de ataques vai se acirrar na reta final, e a julgar pelo que se viu até aqui o capitão gancho pode sobreviver a novas críticas, embora os tucanos insistam em dizer que ele apenas está capitalizando o voto antipetista. A Alckmin resta concentrar seu poder de fogo contra Bolsonaro e Haddad e rezar para ganhar uns votos e roubar outros. 

Mas esse nunca foi o estilo do picolé de chuchu. E cães velhos não aprendem truques novos.

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sábado, 22 de setembro de 2018

FHC PEDE UNIÃO CONTRA EXTREMISTAS (ou: DESGRAÇA POUCA É BOBAGEM)



Enquanto o circo eleitoral avança a pleno vapor, a crise política se agrava e o sistema político-jurídico edificado pela Constituição de 1988 agoniza. À corrupção, somam-se a desorganização da estrutura estatal, seu controle por inimigos da sociedade de bem e uma elite absolutamente descolada das necessidades nacionais. Por conta de uma irresponsabilidade nunca antes vista na história deste país, as instituições se esfacelam, e ao invés de se buscar o caminho da serenidade, do equilíbrio, da solução das contradições por meio do debate franco, aberto e democrático, aposta-se no quanto pior melhor. Assim, a duas semanas do primeiro turno das eleições, a impressão que se tem é a de estarmos diante do embate final entre o Bem e o Mal. Quem é quem nesse “nós contra eles”, no entanto, varia conforme as convicções e as preferências de cada um. 

Seguidores fanáticos desse ou daquele candidato, partido ou ideologia trocam acusações e impropérios (quando não socos e pontapés). O cidadão comum, que tem a vida por ganhar e mais com que se preocupar, é diuturnamente bombardeado com pesquisas que apontam algo diferente a cada instante, opiniões tendenciosas de analistas, jornalistas e outros palpiteiros de plantão e uma enxurrada de promessas eleitoreiras que os candidatos declamam em verso e prosa no horário eleitoral obrigatório, como se estivesse tratando com débeis mentais (às vezes estão, mesmo, mas isso já é outra conversa)  

Cansada da velha política, parte dos brasileiros passou a apoiar os extremistas extremados em detrimento dos candidatos “de centro”, como Amoedo, Meirelles e Álvaro Dias. O Capitão Caverna parece ter lugar garantido no segundo turno, mas ainda não se sabe quem irá enfrentá-lo — os oponentes mais prováveis são Ciro e Haddad, mas estamos no Brasil, onde até o passado é imprevisível.

O PSDB, tradicional arquirrival do PT, é tão imprestável na oposição quanto uma bicicleta para um perneta. Depois que o sucesso do Plano Real garantiu a vitória de Fernando Henrique sobre Lula, em 1994 (no primeiro turno, com 34 314 961 de votos contra 17 122 127 do petista), o partido “criou fama e deitou na cama”. Mas a mediocridade da segunda gestão de FHC favoreceu tanto a vitória Lula sobre José Serra, em 2002, e Geraldo Alckmin, em 2006, quanto a eleição de Dilma em 2010 e sua reeleição em 2014 (com a derrota de Serra Aécio, respectivamente, para uma fraude, uma gerentona de araque que faliu as duas lojinhas tipo 1,99 em 1995, quando o câmbio favorecia enormemente a revenda de badulaques importados).

Observação: Os tucanos ficaram ainda mais desmoralizados quando Joesley Batista desmascarou Temer e Aécio. Com o espaço de manobra reduzido, eles optaram por permanecer no barco, mas sem forças para assumir o leme, dividiram-se entre “cabeças pretas” e “cabeças brancas”, viraram as costas para a opinião pública e deixaram que se fechasse a janela de oportunidade que lhes permitiria resgatar a imagem de alternativa lógica para quem não aguenta mais a corrupção do PT e do PMDB.

Em 2016, o PSDB contribuiu para o impeachment da anta vermelha e apoiou a ideia de se ter um governo de transição que, mantendo de pé uma “pinguela” reformista, atravessasse a pior fase da crise e entregasse o país em melhores condições a quem assumisse o poder em 2018. Mas não moveu uma palha sequer para influenciar ou direcionar esse governo, que se deixou impregnar pelos interesses escusos do Congresso e pela preocupação em esvaziar a Lava-Jato e recompor oligarquias e práticas clientelistas, trocando a grande política pela pequena política. Um governo de perfil “parlamentar”, mas com uma base pouco confiável, sem grandeza e sem projeto, que se refletiu na composição ministerial, gerou turbulências e explodiu com as delações da JBS.

Ao longo do tempo, a incompetência do tucanato cresceu exponencialmente, como comprova a escolha (infeliz) de Geraldo Alckmin para disputar (novamente) a presidência. Na trilogia “O PODEROSO CHEFÃO”, Michel Corleone afastou Tom Hagen do cargo de consiglieri porque Hagen não era talhado para exercer tais funções em tempo de guerra. Mutatis mutandis, a analogia se aplica ao picolé de chuchu, que seria uma escolha até aceitável se o eleitorado não estivesse tão polarizado. E com a notória indecisão que os leva a mijar no corredor quando a casa tem mais de um banheiro, os tucanos perderam a oportunidade de substituir o azarão por Tasso Jereissati, João Doria ou alguém com mais chances de vitória. Agora é tarde, Inês é morta e não adianta chorar sobre o leite derramado.

Com uma campanha morna, um discurso pusilânime, e sem saber explorar sua galáxia de tempo no rádio e na TV, Alckmin não decolou — e dificilmente decolará, considerando que faltam duas para o primeiro turno. Para piorar, os caciques do “centrão” desconhecem o significado da palavra ideologia e farejam derrota a léguas. Muitos já se mostram mais preocupados com a eleição de governadores e congressistas em seus estados — de olho em sua própria sobrevivência política — do que em apoiar um presidenciável eleitoralmente moribundo (alguns já nem se dão ao trabalho de esconder a possibilidade de virar a casaca e apoiar o Capitão Gancho ou o pau-mandado do presidiário de Curitiba).

Não há, entre as 35 agremiações política regularmente inscritas na Justiça Eleitoral, um partido mais covarde e vaidoso que o PSDB. Que o diga o PT. Ao longo do período em que a ORCRIM ficou encastelada no poder, saqueando os cofres públicos e aparelhando o sistema para perpetuar uma perversa dinastia, o país não pôde contar com os tucanos. Em seus melhores momentos, a oposição foi tímida; nos piores — e esses se repetiram durante a maior parte do tempo —, ela simplesmente inexistiu. 

Agora, quando faltam 15 dias para o apito final, FHC, em carta, pede união contra candidatos radicais para evitar agravamento da crise. Mas isso já é assunto para a próxima postagem.

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sexta-feira, 21 de setembro de 2018

ELEIÇÕES — O DEUS NOS ACUDA DAS DERRADEIRAS SEMANAS



Quarta-feira, 19 de setembro. A 18 dias do primeiro turno das eleições mais conturbadas da nossa história, analistas, jornalistas e outros “istas”, baseados em recente pesquisa do Ibope, profetizam que o pleito terá dois turnos (palpite que qualquer cartomante de botequim daria sem pestanejar, mesmo num país onde até passado é imprevisível), que o Capitão Caverna enfrentará, no segundo tempo, o preposto do Criminoso de Garanhuns e que os demais postulantes podem ir fazendo as malas, pois logo voltarão para o buraco de onde jamais deveriam ter saído.

Quinta-feira, 20 de setembro. A 17 dias do primeiro turno das eleições mais conturbadas da nossa história, o Datafolha anuncia que Bolsonaro puxa a fila dos presidenciáveis, com confortáveis 28% das intenções de voto (mesmo hospitalizado e sem participar de nenhuma atividade de campanha desde o último dia 6, quando foi esfaqueado em Juiz de Fora). Em segundo vem Haddad, com 16%, mas o cangaceiro de festim (Ciro Gomes é paulista de Pindamonhangaba) é o único com cacife para derrotar todos os rivais no segundo turno, e vencerá Bolsonaro por 6 pontos percentuais (nos demais cenários, o Capitão Gancho empataria com Haddad, Alckmin e Marina).

Observação: O Datafolha entrevistou 8.601 eleitores de 323 municípios. O Brasil tem 147,3 milhões de eleitores espalhados por cerca de 5600 municípios, mas a margem de erro, segundo o instituto, é de míseros dois pontos.

Ainda segundo a pesquisa, 40 % do eleitores podem mudar o voto. Desses, 15% indicam Ciro como segunda opção, 13% apontam Marina, 12% optam por Haddad, 12% por Alckmin e 11% por Bolsonaro. Os eleitores de Ciro, Alckmin e Marina são os menos decididos — mais da metade admite escolher outro candidato e muitos têm trocado de camisa nas últimas semanas. Aliás, perguntados se sabem o número de seu candidato, 42% desses representantes do esclarecidíssmo eleitorado tupiniquim não souberam dizer o número certo.

O crescimento significativo do lambe-botas do criminoso de Garanhuns, cujas intenções de voto mais que dobraram depois de sua unção, leva-nos a antever (e temer) o pior dos cenários. Mas se o esbirro lulista representa a volta do presidiário ao Planalto, seu oposto também é uma aposta de risco, não só por seu inescondível despreparo (embora seja Paulo Guedes quem ditará as regras se Bolsonaro for eleito), mas também porque seu vice representa uma ameaça real à democracia.

Os números não mentem, mas podem estar errados ou ser manipulados — ou mesmo apontar um resultado baseado em respostas inverídicas. A esta altura do campeonato, tudo é possível, até mesmo a fatura ser quitada já no próximo dia 7, embora eu tenha cá minhas dúvidas. Bolsonaro sonha com essa benção, pois abreviaria uma campanha da qual sua saúde o impede de participar. Demais disso, o segundo turno é uma eleição à parte, e não se sabe até que ponto os acordos costurados entre os candidatos remanescentes e os defenestrados no primeiro escrutínio teriam serventia, pois entendimentos entre cúpulas partidárias não necessariamente influenciam eleitores indecisos ou propensos a votar em branco ou anular o voto.

O que há de claro em tudo isso é que nada está claro. O que se vê é o capacho vermelho posar de “candidato da civilidade” (embora preste contas a um criminoso condenado), visando se contrapor ao “barbarismo” de Bolsonaro, enquanto os partidos do centrão — integrados por políticos sem ideologia nem vergonha na cara, que se vendem como putas nas zonas do mais baixo meretrício, mas capazes de farejar derrota como tubarões farejam sangue a milhas de distância — se mostram mais preocupados com as eleições em seus próprios estados do que em apoiar o picolé de chuchu tucano.

O acordo com o centrão garantiu a Alckmin um latifúndio de tempo na propaganda eleitoral obrigatória, mas não lhe ensinou a explorar essa vantagem. O tucano acreditava que, como por milagre, sua insípida campanha decolaria a partir do último dia primeiro. Mas não decolou. Lamentavelmente, o PSDB é um cemitério de egos, e ainda que Alckmin seja a pior escolha, pelo menos neste momento, já não há tempo de substituí-lo por Doria, que certamente seria mais competitivo.

Alckmin aposta agora em uma “última onda” para voltar a crescer e chegar ao segundo turno. “Nós temos 30% de indecisos na pesquisa espontânea (quando os candidatos não são apresentados ao eleitor). A campanha está em aberta e está por onda. Já tivemos a onda Marina, a onda Ciro, a onda Haddad. Ela pode vir por ondas, mas é a última onda que vai valer”. Da sua ótica, Haddad, e não Bolsonaro, quem está garantido no segundo turno, já parte dos 28% de intenções de voto contabilizadas pelo extremista de direita não são de eleitores que querem vê-lo na Presidência, mas sim de votantes que querem impedir o retorno do PT. E é esse o eleitor que o tucano pretende reconquistar. Resta-lhe explicar como irá fazê-lo, já que tem pouco mais de duas semanas para realizar esse prodígio de magia.

Se nada mudar até amanhã, falaremos mais um pouco de Alckmin e seu imprestável partido.

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quarta-feira, 19 de setembro de 2018

A 20 DIAS DO PRIMEIRO TURNO O CENÁRIO É DESOLADOR



O cenário é desolador: de um lado, o testa-de-ferro do presidiário de Garanhuns se metamorfoseia no próprio para beber de sua escandalosa popularidade; do outro, um extremado de direita, campeão tanto em intenções de voto quanto em rejeição, parece ter garantido um lugar no segundo turno (sabe Deus contra que ele disputará então). É nesse clima de amor e ódio que as eleições batem à porta — faltam menos de 20 dias para o primeiro turno.

O atentado contra a vida do Capitão Caverna demonstra claramente a que ponto chegou a intolerância dos brasileiros, que parecem achar a violência uma alternativa “natural” na solução dos conflitos políticos. O candidato do PSL, por sua vez, bota mais lenha na fogueira, dizendo, dentre outras bobagens, que “é necessário metralhar a petralhada, fuzilar uns 30 mil, a começar pelo ex-presidente FHC”. Não vou fazer aqui um juízo de valor, mas apenas ponderar que tanta truculência pega mal, sobretudo vinda de alguém que postula a presidência desta Banânia.

Haddad e o PT apostam na memória curta do povão, requentando, em seus discursos de campanha, os “bons tempos do governo Lula”, mas se esquecendo, muito convenientemente, que Dilma quase quebrou o Brasil — e só não quebrou porque foi apeada do cargo antes de terminar sua obra. Curiosamente, numa entrevista concedida ontem ao G1, o "laranjão" passou a negar que, se eleito, concederia um indulto presidencial ao comandante da ORCRIM (veja aqui).

Dos demais postulantes ao Planalto, Ciro, Marina e Alckmin fazem de tudo para granjear votos entre os indecisos. O tucano, insípido a mais não poder (daí seu apelido de “picolé de chuchu”), acreditava — ou dizia acreditar — que sua campanha decolaria com a propaganda eleitoral obrigatória no rádio e na TV. Não foi o que aconteceu, e agora, bombardeado até mesmo por colegas de partido, trabalha com uma nova data para o “arranque”: 20 de setembro. E, dizem, torce para que Haddad cresça ainda mais nas pesquisas, apostando que o medo do PT (e de Bolsonaro não ser capaz de vencer o laranja do presidiário) levará o levará [Alckmin] ao segundo turno. Resta combinar com os eleitores.

Voltando aos líderes das pesquisas: Merval Pereira lembrou em sua coluna da última terça-feira que os fantasmas de Lula e Bolsonaro assombram o segmento razoavelmente esclarecido da população. Fantasmas, diz ele, porque, ainda que por razões diferentes, ambos estão afastados da campanha; o primeiro por estar cumprindo pena, o segundo por estar num leito da unidade de tratamento semi-intensivo do Hospital Albert Einstein, sem previsão de alta e muito menos de voltar às atividades de campanha. Pondera ainda o jornalista que um fantasma da história recente deste país, que foi a escolha dos vices, aterroriza ainda mais os cidadãos de bem: supondo Bolsonaro fosse eleito e não estivesse em condições de assumir a presidência em janeiro, quem governaria seria o polêmico General Mourão, que fala de autogolpe como se falasse que vai ali na esquina e já volta.

Seria uma repetição como farsa da tragédia de Tancredo. E o que dizer de Haddad, que tem como vice a Manuela d’Ávila, política inexperiente do radical PCdoB? Outros fantasmas assombram, como a possibilidade de um autogolpe, seja por parte de Bolsonaro, que já tem militares da reserva defendendo abertamente a intervenção “em caso de caos”, seja por parte do PT, cujos dirigentes já anunciam que a prioridade é inocentar Lula, mas não através de recursos ao Judiciário, e sim pela iniciativa do novo presidente de indultá-lo, o que seria um golpe contra o Estado de Direito. Não à toa os dois falam em golpe. Primeiro foi o PT, que dizia que “eleição sem Lula é golpe”. Agora é Bolsonaro, que põe em dúvida a lisura do pleito, sugerindo que as urnas eletrônicas não são confiáveis. Triste Brasil!

Para concluir, segue um texto (brilhante como sempre) do jornalista J.R. Guzzo:

O cidadão é alarmado, de cinco em cinco minutos, por bulas de advertência que afirmam que a eleição, a democracia e a Constituição estão sendo ameaçadas. Mas, por trás das notas oficiais e das outras mentiras prontas que são normalmente utilizadas para enganar o brasileiro comum, quem está realmente querendo destruir as eleições de outubro? Uma coisa é certa, segundo se pode verificar pelos fatos à vista do público: não são os generais do Exército, sejam eles da reserva ou da ativa, ou os oficiais de quaisquer das três Armas. A turma que quer virar a mesa, hoje, está exatamente do outro lado. Eles gritam “cuidado com o golpe”, com a “pregação do ódio”, com o “discurso totalitário” etc. etc. Mas parecem cada vez mais com o batedor de carteira que, para disfarçar o que fez, sai gritando “pega ladrão”.

É impossível cometer uma violência tão espetacular numa campanha eleitoral quanto a tentativa de assassinato praticada contra o candidato Bolsonaro — mais que isso, só matando. O homem perdeu quase metade do sangue depois que a faca do criminoso rasgou seus intestinos, o cólon e artérias vitais. Sofreu cirurgia extensa, demorada e altamente arriscada — e passará por outras. Só está vivo por um capricho da fortuna, mas foi posto para fora da campanha eleitoral justamente no momento mais decisivo. Poderia haver alguma agressão maior ou pior do que essa contra um candidato? É claro que não.

O fato é que a tentativa de homicídio, cometida por um cidadão que foi militante durante sete anos da extrema esquerda, como membro do PSOL, desarrumou todo o programa contra a boa ordem da eleição presidencial. O roteiro, desde sempre, prevê que a esquerda fique no papel de vítima e Lula no de mártir, “proibido” de se candidatar e “perseguido” pela Justiça. Deu o contrário: a vítima acabou sendo justamente quem estava escalado para o papel de carrasco.

A opção da esquerda para enfrentar a nova realidade parece estar sendo “dobrar a meta”. Nada representa com tanta clareza essa radicalização quanto o esforço para fazer com que as pessoas acreditem que a tentativa de matar Bolsonaro foi apenas um incidente de campanha, “um atentado a mais”, coisa de um doidão que podia fazer o mesmo com “qualquer um” — na verdade uma coisa até natural, diante da “pregação da violência” na campanha. Ninguém foi tão longe nessa trilha quanto a responsável por uma “Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão”, repartição pública que você sustenta na Procuradoria-Geral da República. Depois de demorar quatro dias inteiros para abrir a boca sobre o crime, a procuradora Deborah Duprat soltou uma nota encampando a história de que houve “mais um ataque”. E quais foram os outros? Segundo a procuradora, o “tiro” que teria sido disparado meses atrás na lataria inferior de um ônibus no qual Lula circulava tentando fazer campanha no Paraná, escorraçado de um lado para outro pelos paranaenses.

Que tiro foi esse? Tudo o que se tem até agora a respeito, em termos de provas materiais, é um buraco na carroceria do ônibus — não há arma, não há autor, não há testemunha, não há nada. Mas a procuradora acha que isso é a mesma coisa que a agressão que quase matou Jair Bolsonaro. Acha também que a história se “conecta” com o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco — vítima, possivelmente, de um acerto de contas entre criminosos. Enfim, joga a culpa da facada no próprio Bolsonaro, por elogiar “o passado ditatorial” do Brasil e ser contra as “políticas de direitos humanos”. Não chega nem a ser uma boa mentira — é apenas má-fé, como a “ordem da ONU” para o Brasil deixar Lula ser candidato, ressuscitada mais uma vez.

Se há um país que está em dia com as suas obrigações junto à ONU, esse país é o Brasil. Acaba de cumprir, entre 2004 e 2017, treze anos de missão de paz no Haiti, em que participaram 38 000 militares brasileiros — dos quais 25 morreram. Seu desempenho foi aplaudido como exemplar; não houve um único caso de violência ou desrespeito aos direitos humanos de ninguém, do começo ao fim da operação. Mas o Complexo Lula-PT-esquerda prega que o Brasil é um país “fora da lei” internacional, por não obedecer a dois consultores de um comitê da ONU que decidiram anular a Lei da Ficha-Limpa. Estão, realmente, apostando tudo na desordem.

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terça-feira, 18 de setembro de 2018

ELEIÇÕES 2018 — TEMPESTADE PERFEITA?



De acordo com o instituto MDA, Jair Bolsonaro lidara as pesquisas de intenção de voto com 28,2%, seguido pelo beleguim de Lula com 17,6%. Nos 5 cenários testados para um eventual segundo turno, o Capitão Caverna empataria com Ciro (na casa dos 37%) e derrotaria Haddad (por 39% a 35,7%), Meirelles (38,6% a 25,7%), Alckmin (38,2% a 27,7%) e Marina (39,4% a 28,2%). Pejo jeito o eleitor consciente ficará entre a cruz e a caldeirinha no próximo dia 7, o que é lamentável, sobretudo se consideramos quão desinformada é a grande maioria dos brasileiros votantes.

Corta para Haddad: Uma semana depois de ser confirmado como presidenciável, o pau-mandado vermelho foi (mais uma vez) exercer sua lulodependência em mais uma visita ao mentor — nos últimos 40 dias, foram nada menos que seis —, de quem recebe instruções para sua campanha. Parece que ninguém dá a mínima para o fato de o presidiário de Garanhuns traçar toda a estratégia da campanha de Haddad de dentro da cadeia, indicando homens de sua confiança para assessorá-lo e orientando-o sobre os lugares aonde ir, qual a postura nos debates a adotar e quem atacar para alavancar sua candidatura. Graças à complacência das autoridades judiciárias, o sumo pontífice da petralhada transformou sua cela em central de comando da campanha do PT, a exemplo do que fazem outros líderes notórios de facções criminosas nesta terra de ninguém.

Corta de novo para Bolsonaro: Enquanto seus adversários se engalfinham no pelotão intermediário das pesquisas, o extremista de direita aposta na polarização com o laranja de Lula e age como se tentasse desenvolver uma vacina capaz de imunizá-lo contra o veneno de Alckmin, que tem se referindo a ele como “um passaporte para a volta do PT” ao Planalto. Talvez o cenário fosse outro se a candidatura do picolé de chuchu decolasse, mas enfim...

Perguntado sobre seus altos índices de rejeição, Bolsonaro questiona as estatísticas que o classificam como o favorito a fazer do seu adversário no segundo round o próximo presidente da República. Sem mencionar expressamente o nome de Alckmin, ele associa a pregação do tucano à ideia de fraude: “A narrativa agora é que eu perderia para qualquer um no segundo turno. Não é perder no voto, é perder na fraude. Então, essa possibilidade de fraude no segundo turno, talvez no primeiro, é concreta.” Parece que, do seu leito na unidade de tratamento semi-intensivo do Hospital Albert Einstein, o capitão não tem acesso aos resultados das pesquisas mais recentes.

Bolsonaro voltou a criticar o Supremo por ter barrado o projeto sobre o voto impresso, de sua autoria, e reforçou a intenção de Haddad tirar Lula da cadeia: “O Haddad, eleito presidente — ele já falou isso, e, se não falou, vocês sabem —, assina no mesmo momento da posse o indulto de Lula. E, no segundo seguinte, o nomeia chefe da Casa Civil.” Também insinuou que Lula só não buscou refúgio numa embaixada companheira porque dispunha de alternativa melhor: “Se coloquem no lugar do presidiário que está lá em Curitiba, com toda a sua popularidade, toda a sua possível riqueza. Com todo seu tráfego junto às ditaduras do mundo inteiro, que se autoapoiam, especialmente em Cuba, você aceitaria passivamente, bovinamente ir para a cadeia? Você não tentaria uma fuga? Se você não tentou fugir, obviamente, é porque você tem um plano B.”

A internação parece ter feito bem a Bolsonaro. Há 11 dias, antes do atentado em Juiz de Fora, ele soava tão soberbo que passava a impressão de só ter virtudes generais. Agora, o sofrimento suavizou sua imagem — o que não deixa de ser problema para a campanha de Alckmin, que voltou a bater no rival com a mesma intensidade de antes da facada.

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sexta-feira, 14 de setembro de 2018

A BOLA DE CRISTAL DAS PESQUISAS ELEITORAIS



A pouco mais de 20 dias das eleições, não há nada de novo no front senão o fato de a propaganda política obrigatória dos presidenciáveis estar apinhada de acusações de parte a parte. Infelizmente, isso nada acrescenta de produtivo. Claro que os eleitores “mais esclarecidos” não dão bola para esse famigerado horário político, mas o grosso da população depende dele para se informar, e é aí que a porca torce o rabo.

Depois que o PT finalmente exorcizou o egun mal despachado — ao menos oficialmente, já que Haddad, o poste, não passa do alter ego, da marionete, do títere, do pau mandado, do esbirro, do capacho do cafetão da hipocrisia preso em Curitiba, como o ex-prefeito deixou bem claro em seu primeiro pronunciamento como candidato, as pesquisas de continuam apontando Bolsonaro como o franco favorito. Mas quem ele enfrentará no segundo turno é uma incógnita, e aí é que são elas.

Observação: Tenho cá minhas reservas em relação a pesquisas feitas por amostragem, sobretudo num país de dimensões continentais e realidades socioeconômicas muito distintas. Digam o que disserem os institutos responsáveis, não há como comparar suas abordagens a um exame de sangue, onde alguns decilitros permitem avaliar a saúde do paciente. Não vejo como as respostas fornecidas por dois ou três mil entrevistados em algumas centenas de localidades possam ser tomadas como um indicativo seguro do que farão 147 milhões de eleitores espalhados por 5.600 municípios. Basta lembrar que João Doria, ora candidato a governador de São Paulo, era apontado como inviável pelas pesquisas eleitorais de 2016 e derrotou Fernando Haddad logo no primeiro turno das eleições municipais daquele ano.  

A última pesquisa Datafolha favoreceu Ciro Gomes e foi cruel com Marina Silva. Mas ambos colheram frutos políticos da prisão do ex-governador tucano Beto Richa (e esposa) e do depoimento Antonio Palocci. Bolsonaro tem votos consolidados, embora sua imagem ainda possa ser desconstruída, sobretudo porque ele está temporariamente impedido de participar de atos de campanha. Alckmin voltou a crescer em São Paulo, mas sua notória sensaborice não ajuda em nada, sem falar que a imagem do PSDB não é muito melhor do que a do PT e outros partidos mergulhados até os beiços no lamaçal da corrupção. Dos demais candidatos que aparecem entre os mais cotados não há muito o que dizer (uma pena, pois Amoedo seria uma alternativa interessante). Já dentre os que arrastam a lanterninha, o cabo Daciolo e Vera Lúcia... bem, seria mais apropriado falar deles na seção de humor negro, caso este Blog tivesse uma.

Voltando a Haddad, que tem vinte e poucos dias para mostrar que não é o “Andrade”, é curioso notar que ele vale do jogo de palavras “Lula é Haddad e Haddad é Lula”. Resta saber quem é o sujeito da frase, ou por outra, se um é o outro e o outro é o um, quem mandará no país se o partido vencer a disputa eleitoral? Indagado sobre o tema, Haddad sai pela tangente dizendo ser o candidato de um "projeto coletivo”. Ciro Gomes diz que, se eleito fosse, o petista seria um “presidente por procuração”. Em carta ao ex-prefeito, o próprio Lula disse a mesma coisa, ainda que com outras palavras: “Você vai me representar nessa caminhada de volta à presidência da República, para realizar novamente o governo do povo e da esperança”. Traduzindo: Lula deixa claro que Haddad o representa, mas quando fala “na caminhada de volta à presidência” está se referindo a ele mesmo, não ao candidato formal do partido.

Observação: Ciro foi além nos ataques. Sobre o general Mourão, vice na chapa do PSL, disse várias vezes que o militar da reserva é um jumento de carga, e que o “Exército de Caxias deve estar com vergonha”. Não satisfeito, disse ainda que os filhos de Bolsonaro são “estranhíssimos”, e que o candidato do PSL não aprendeu nada com o atentado que sofreu (referindo-se à foto do ex-capitão no hospital, fazendo seu gesto de imitar com as mãos armas em punho).

Na avaliação de Helio Gaspari, o PT perdeu pelo menos uma semana de propaganda ao esticar desnecessariamente a corda e levar seu ora candidato a entrar no jogo com o patrimônio dos bons tempos de Lula e com a bola de ferro das malfeitorias do petismo. O próprio Haddad também perde tempo embrulhando o mensalão e as petrorroubalheiras numa delirante teoria da conspiração. PT e Bolsonaro sonham em chegar ao segundo turno tendo o outro como adversário. Mas todas as projeções feitas com base nas famigeradas pesquisas nos levam à mesma pergunta: qual será a capacidade de transferência de Lula? Bolsonaro tem 24%; Ciro, Marina e Alckmin, somados, 34%. Haddad tira o tom de fantasia em que o PT envolveu sua participação na disputa. É tão pesado quanto o foi Dilma na sua primeira campanha, mas enquanto o poste de 2010 tinha a alavanca do poder e do sucesso lulista, o ex-prefeito de São Paulo depende do prédio da carceragem de Curitiba.

Para Ascânio Seleme, o quadro atual aponta que Ciro, Alckmin e Haddad são os candidatos a derrotar Bolsonaro. Marina muito provavelmente estará fora do segundo turno, e o capitão do PSL deverá chegar lá, mas apenas para perder no dia 28 de outubro — apesar de ser líder em todas as pesquisas de intenção de votos, ele não é o favorito desta eleição. Ciro cresceu nas pesquisas, chegando a se isolar no segundo lugar (segundo o Datafolha). Alckmin e Haddad só o alcançam no limite da margem de erro. Mas isso não garante que que ele passe para o segundo turno, mesmo tendo a mais baixa rejeição entre os concorrentes. Até porque sua coligação é ridícula em tamanho, tendo apenas o Avante ao seu lado, e com pouco tempo de TV terá de se valer do noticiário e dos debates para se manter bem posicionado na disputa.

Dentre os três contendores de Bolsonaro, Alckmin é o mais pesado, o mais difícil de ser carregado, mas também o que tem mais tempo de exposição na propaganda obrigatória. Resta saber como ele irá administrar essa vantagem, se retomará os ataques a Bolsonaro levando ao eleitor o caráter homofóbico e misógino do candidato do PSL e a ideia de que armar a população resolve o problema da segurança. Trata-se de um trunfo arriscado, poi o menor deslize pode parecer contraditório, já que, no aspecto econômico, Bolsonaro (leia-se Paulo Guedes) e Alckmin são parecidos. Demais disso, o inimigo em quem Alckmin deve bater é o PT, já que Haddad vem crescendo na sombra de Lula — ainda que precise comer muito feijão para superar Alckmin, Marina e, sobretudo, Ciro, seu principal adversário e com quem divide os votos da esquerda, dos órfãos de Lula (*). Haddad só voltará a ser Haddad se for eleito. Antes disso, será o estepe do ex-presidente preso. Detalhe: o discurso de sua candidatura vai centrar mirar no governo Temer, a quem culpará por todos os problemas criados pela gestão de Dilma. Aliás, PT e Haddad vão fingir que Dilma nunca existiu — um discurso tão fácil quanto falso, mas que, sem desmentidos dos demais candidatos, poderá até colar.

(*) Estima-se que, com Lula fora do páreo, quatro de cada 10 eleitores terão de escolher outro candidato, e para evitar que Haddad leve todos esses votos, Ciro precisa precisa desgastá-lo sem melindrar os órfãos do lulismo. O cangaceiro de Pindamonhangaba já tentou fazer isso em recente sabatina promovida por O GLOBO, batendo no candidato do PT mas poupando quem o escolheu: “O Brasil não precisa de um presidente por procuração. O Brasil não aguenta uma outra Dilma”, disse, ao mesmo tempo em que enaltecia Lula, a quem chamou de “amigo de longa data” e a quem teria apoiado em todos os momentos nos últimos 16 anos. Disse ainda que “é preciso ‘relativizar” os erros do ex-presidente, que estaria isolado na cadeia e cercado de puxa-sacos. Marina, por seu turno, defendeu a condenação do ex-presidente que a nomeou ministra do Meio Ambiente em 2003. “Ele está sendo punido por graves crimes de corrupção”, ponderou, além de afirmar que apoiou o impeachment por convicção: “Houve crime de responsabilidade”. Ela repetiu o discurso de que a reeleição de Dilma teria sido uma fraude devido ao uso de caixa dois, mas não mencionou as delações da Odebrecht que também ligaram a prática à campanha de Eduardo Campos, de quem foi vice até o acidente aéreo que o matou, a menos de 3 meses do primeiro turno das eleições de 2014. Em queda nas pesquisas, a sonhática indicou que não está disposta a cortejar o eleitorado lulista para permanecer viva na disputa. Ninguém pode alegar surpresa. Ela já havia escolhido este caminho há quatro anos, quando apoiou Aécio Neves no segundo turno da eleição.

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sexta-feira, 31 de agosto de 2018

O PROGRAMA POLÍTICO OBRIGATÓRIO, O DÓLAR E A CANDIDATURA DE LULA



O dólar acumulou alta de 25% nos últimos 8 meses, impulsionado pelas turbulências do cenário eleitoral e pelos atritos comerciais no ambiente externo. As oscilações devem continuar enquanto não se souber quem presidirá o Brasil pelos próximos quatro anos ou até o próximo impeachment — desde a redemocratização, dos quatro presidentes eleitos pelo voto popular, somente FHC e Lula concluíram seus mandatos. O primeiro, que foi responsável pela emenda constitucional que instituiu essa maldita reeleição, está senil, e o segundo, que foi responsável pela maior roubalheira da história deste país, está na cadeia.

Segundo os especialistas, há dois cenários possíveis: Com a vitória de um candidato reformista, o dólar ficaria em R$ 3,40 e a inflação, em 4,5% ao ano, com juros estáveis e a dívida na casa dos 75% em 2019; caso vença um populista, a moeda americana ficará em R$ 4,60 e a inflação em 8% ao ano, com alta dos juros e dívida em 85% no ano que vem. O certo é que o próximo presidente, seja ele quem for, será refém de um Congresso com pouca representatividade, embora os parlamentares também serão reféns do presidente, que pode governar por decreto. Mas isso já é outra conversa.

Terminou ontem o prazo para a defesa de Lula contestar as 16 impugnações contra sua candidatura (na verdade, são 8 impugnações e 8 notícias de inelegibilidade, mas isso também é outra conversa). O TSE marcou uma sessão extraordinária para esta sexta-feira, quando deverá definir se o petralha poderá aparecer na propaganda eleitoral obrigatória. Na sessão devem ser julgados todos registros pendentes de candidatos a presidente, inclusive o de Lula, além do pedido para barrá-lo de aparecer no horário eleitoral. A definição da pauta, no entanto, cabe à presidente da corte, ministra Rosa Weber, e fala-se que a decisão sobre a inelegibilidade do petralha saia somente na semana que vem (além de sua candidatura, também estão pendentes os pedidos de registro de Alckmin, Bolsonaro e Eymael).

Como se sabe, a estratégia do PT é alongar ao máximo a indefinição, pois manter Lula em evidência aumenta suas chances de transferir votos para Haddad — que está em campanha, na condição de vice e porta-voz do presidiário, com a “trice” Manoela d’Ávila a tiracolo. Para o partido, o ideal seria que a cassação da chapa se desse somente quando já não fosse possível alterar o nome e a foto nas urnas, o que induziria os eleitores a votar em Haddad achando que estariam votando em Lula. Por outro lado, existe uma resolução do TSE segundo a qual pleito pode ser anulado se um candidato impugnado obtiver mais de 50% dos votos, ou, caso fique aquém disso, o segundo e o terceiro colocados podem passar para o segundo turno (volto a esse assunto mais adiante).

Tudo somado e subtraído, o que tem é o seguinte: o TSE pode entender que precisa ouvir testemunhas (do que eu não sei, já que a condenação do impugnado em segunda instância é um fato público e notório e sua inelegibilidade é chapada). De qualquer modo, o prazo para a apresentação das testemunhas é de 4 dias e para coleta de provas, de 5 dias (em nota, a defesa afirmou que não deverá pedir produção de provas). Ao final, será aberto um novo prazo (5 dias) para as alegações finais.

No melhor cenário, a decisão deve sair em meados da semana que vem, mas, uma vez rejeitada a candidatura, a defesa poderá apresentar embargos declaratórios. Negados os embargos, ainda caberia recurso ao STF, mas aí o condenado já não seria mais candidato. Também existe a possibilidade de recurso ao STJ (pleiteando a suspensão da inelegibilidade do condenado), mas as chances de êxito são bastante remotas. 

O mais provável é que o PT se resigne a ungir Haddad e Manoela como candidato e vice, respectivamente, pondo fim na estapafúrdia chapa tríplex. Fala-se que o partido avalia fazê-lo assim que sair a decisão da Justiça Eleitoral, mas isso ainda depende do aval do presidiário. O prazo para a troca de candidatos expira 20 dias antes do primeiro turno, ou seja, em 17 de setembro. Caso o PT não substitua Lula até lá, ficará sem candidato no pleito presidencial.

Na última segunda-feira, o ministro Edson Fachin liberou para julgamento virtual o recurso contra a decisão que negou o pedido de liberdade preventiva de Lula (em abril). Pela pauta do STF, os 11 ministros poderão votar entre os dias 7 a 13 de setembro. Ressalte-se que esse pedido nada tem a ver como a inelegibilidade de Lula, mas com sua liberdade. E ainda que ele fosse solto, continuaria impedido de disputar a eleição (pela Lei da Ficha-Limpa), já que foi condenado por um juízo colegiado (o TRF-4).

O absurdo dessa história chega a tal ponto que a situação de Lula é como a da piada segundo a qual sogro rico é igual a cerveja: só presta gelado, em cima do balcão. Para o PT, que precisa desesperadamente eleger e reeleger deputados, senadores e governadores, é primordial que Lula continue preso, pelo menos até depois do segundo turno da eleição — soltá-lo agora, sem que ele pudesse concorrer, seria um desastre eleitoral para o partido.

Para Lula, a vitória de Haddad seria o passaporte para a liberdade, já que poderia ser beneficiado por um indulto presidencial e compartilhar o governo com seu poste (ou, no limite, para que Haddad e a vice Manuela d’Ávila renunciassem, forçando a convocação de nova eleição). Haddad parece estar resignado a servir a Lula na campanha como boca de aluguel. Talvez porque, quanto mais tempo levar para ele ser promovido a titular, maiores as chances de transferência de votos — no mundo da fantasia do partido, os eleitores enxergarão Lula em Haddad; enganá-los, portanto, é o objetivo, sem mencionar que essa demora também favorece um PT sem votos e totalmente dependente de Lula

Para encerrar: Gilmar Mendes disse na última quarta-feira que a imprensa e o Judiciário têm contribuído para a vitimização de Lula. Segundo Mendes, o petralha, quando estava solto, aparecia com cerca de 25% das intenções de voto nas pesquisas eleitorais. Agora, cumprindo pena Curitiba, ele aparece com quase 40%. O ministro levantou a discussão ao ser questionado sobre a possibilidade de um réu em ação penal assumir a Presidência da República. Ele disse não haver impedimento constitucional para isso e que qualquer entendimento diferente “é devaneio”: “Nós criamos um mártir aqui [referindo-se a Lula] e agora estamos querendo produzir mais. Tem o Bolsonaro, tem mais o Alckmin, daqui a pouco o Amoedo”, argumentou. 

Em 2016, o STF afastou o senador Renan Calheiros da linha sucessória presidencial depois que ele se tornou réu por peculato, mas permitiu que preservasse o mandato e continuasse presidindo o Senado e o Congresso Nacional. Aí fica a pergunta: se eleito, um réu pode tomar posse se o presidente da República, quando recebida denúncia pelo Supremo ou impedimento na Câmara, é afastado? Vale lembrar que Bolsonaro e Haddad são réus (mas note o leitor que essa discussão não tem qualquer relação com a Lei da Ficha-Limpa nem com Lula — que é inelegível porque foi condenado em segunda instância).

Atualização: O TSE divulgou no final da tarde de ontem a pauta da sessão extraordinária desta sexta-feira, que trata apenas dos processos referentes aos registros das candidaturas de Alckmin e Eymael. Alterações podem ser feitas até 1 hora antes do horário previsto para o início a sessão, que está marcada para as 14h30, mas tudo leva a crer que tanto a discussão sobre a participação de Lula na propaganda eleitoral quanto a definição sobre o registro de sua candidatura ficarão mesmo para a próxima semana. Talvez porque julgar a ação no dia seguinte ao prazo de apresentação da defesa passaria a impressão de açodamento e daria munição para o PT vitimizar (ainda mais) o petralha com sua cantilena de perseguição política e outras bobagens que tais. Quem perde é o Brasil, já que essa indefinição tem tumultuado o mercado financeiro e levado a cotação do dólar às alturas. 

Vamos acompanhar para ver aonde tudo isso vai levar.

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terça-feira, 28 de agosto de 2018

AINDA AS ELEIÇÕES — ENTRE A CRUZ E A CALDEIRINHA



Já estou farto de falar sobre a inelegibilidade chapada de Lula, que boa parte da imprensa vem tratando como preso político, quando ele é na verdade um político preso. Aliás, vale abrir um parêntese para dizer que até nas formas de tratamento o Brasil é um país sui generis: treinador de futebol é “professor”, professor é “tio”, e falar em mãe é xingamento. Juiz é “meritíssimo”, mesmo que não tenha mérito algum; reitores são tratado por “vossa magnificência” e prefeitos, governadores e presidente, por “excelências”, independentemente da excelência de sua administração (vejam o caso de Sérgio Cabral). E tanto é excelentíssimo um presidente ilibado (fico devendo o exemplo, pois não me ocorre nenhum) quanto os que deixaram o cargo pela porta dos fundos (oi, Collor, olá, Dilma) ou migrado para uma cela na carceragem da PF em Curitiba (hello, Lula!).

Chega a ser engraçado ver os membros da nossa mais alta corte de digladiando como galos de rinha, mas (quase) sempre sem perder a pose (o eminente colega falta com a verdade; o douto ministro fulano tem interesses escusos, vossa excelência é um ladrão, e por aí vai). Ou os debates no Senado, na Câmara, nas Assembleias Legislativas — há ótimos exemplos no Congresso: Carlos Lacerda, um dos maiores oradores do País, teve certa vez o discurso interrompido por um adversário, aos berros de “Vossa Excelência é um purgante”. Respondeu na lata: “E Vossa Excelência é o efeito”. Fecho o parêntese.

Voltando às eleições, as esperanças e ilusões do povo brasileiro se perderam pelo caminho, e o que a esquerda propõe é renová-las com um projeto fracassado. Juscelino propôs avançar 50 anos em 5 — aí construiu Brasilha da Fantasia, e deu no que deu. Os atuais candidatos já não conseguem cativar o eleitorado com suas propostas vazias, palavras jogadas ao vento do alto dos palanques, das mídias eletrônicas e, a partir do final desta semana, do programa eleitoral obrigatório. Alguns não conseguem sequer disfarçar seu total despreparo — caso do Cabo Daciolo e, por que não dizer, de Jair Bolsonaro; este, após levar uma invertida da sonhática Marina, disse que deixaria de participar dos debates, mas depois voltou atrás. Mas isso não é de estranhar vindo de um admirador confesso da ditadura... Que ditadura? Talvez nem tenha havido uma ditadura na história recente do Brasil, nem mesmo o golpe militar que lhe daria origem, mas tão somente uma saudável interrupção democrática destinada a pôr ordem onde antes havia somente desordem.

O extremado de direita também desdisse tudo que seu pretenso superministro dissera dias antes, numa entrevista à Globo News. Dono de uma proposta que defende a privatização das estatais (verdadeiros cabides de emprego sustentados pelo dinheiro público que não raro servem apenas como moeda de troca na compra de apoio partidário ou de parlamentares venais), uma aliança de centro-direita conservadora nos costumes e liberal na economia, o fim da reeleição e por aí vai, Paulo Guedes teria o voto de muita gente se fosse ele o candidato.

Alckmin, o eterno baluarte da insipidez, apoia-se em experiências do passado que ninguém sabe se funcionarão no presente, repetindo que sua campanha irá decolar após a estreia das propagandas no rádio e na TV (apostando no tempo de exposição que as coligações lhe garantem), mas não consegue convencer os representantes do mercado financeiro — boa parte do qual se identifica com o tucano. Prova disso é a disparada do dólar, que fechou a semana passada acima dos R$ 4, refletindo o temor de um segundo turno entre Haddad e Bolsonaro.

Quanto ao PT, o entusiasmo diante dos números ostentados pelo criminoso de Garanhuns pode durar pouco. Haddad tem 4% das intenções de voto e, ao contrário de Lula, é um ilustre desconhecido no Nordeste — onde há até quem se refira a ele como Andrade — e nada garante que a transferência de votos acontecerá com a expressividade almejada pelo partido. Talvez até o bando vermelho se saísse melhor se quem subisse de vice para cabeça de chapa, quando Lula finalmente sair de cena, fosse o ex-governador baiano Jaques Wagner, mas a velha raposa não quer se arriscar a enfrentar as acusações da Lava-Jato numa disputa nacional, preferindo, muito sabiamente, disputar uma cadeira no Senado, que lhe garantirá mais 8 anos de foro privilegiado.

No TSE, a ideia dos ministros era julgar o pedido de registro do molusco até o dia 31, mas o mais provável é que a decisão seja tomada na primeira semana de setembro, e que ele perca por 7 a zero (ainda que a decisão seja unânime, o petralha terá 3 dias para recorrer, mas o apelo será julgado pelos mesmos ministros, e a derrota se repetir. Um possível recurso ao STF servirá apenas para manter o nome de Lula em evidência, já que a corte tem posição consolidada pela proibição de candidaturas por órgãos colegiados da Justiça.

Enfim, o objetivo do PT, que é tão público e notório quanto a inelegibilidade de seu eterno presidente de honra, é arrastar o julgamento até 17 de setembro, a partir de quando não haverá mais tempo para substituir, nas urnas eletrônicas, a foto de Lula pela de Haddad, induzindo o “esclarecidíssmo” eleitorado a erro, já que muitos apertariam o botão pensando estar votando no demiurgo de Garanhuns, quando na verdade estariam escolhendo seu “poste”.

Enquanto isso, dedicamos pouca ou nenhuma atenção ao Congresso, onde 440 deputados e senadores de um total de 594 parlamentares serão candidatos à reeleição. Nesse caso, não precisamos de um "salvador da pátria", mas de centenas deles. E não estou falando apenas de renovar os quadros, colocar gente nova no lugar das excelências pegas com a boca na botija. Dilma Rousseff era uma tremenda novidade e resultou no desastre por todos visto e por nosso bolso sentido. Jânio Quadros, embora vereador, deputado, prefeito e governador, em 1960 simbolizava "o novo", sem falar em Collor, o desperdício-mor da primeira eleição direta pós-ditadura. 

Era isso, pessoal. Vamos acompanhar e ver que bicho dá.

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