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quarta-feira, 20 de setembro de 2017

O SONHO ACABOU

Ao detalhar o “pacto de sangue” entre Lula e a Odebrecht, o petralha arrependido Antonio Palocci jogou uma pá de cal sobre a retórica do ex-chefe ― que insiste em posar de inocente injustamente perseguido ― e bateu o penúltimo prego no caixão onde os projetos políticos do demiurgo parlapatão dormirão seu sono eterno.

Como toda ação provoca uma reação, Palocci foi rebaixado, pelo comparsa de crimes, de “uma das mentes mais brilhantes do Brasil” à condição de “pessoa dissimulada, fria, calculista e capaz de simular mentiras mais verdadeiras que a verdade”.

O mundo gira, a Lusitana roda, e Lula muda o discurso conforme suas conveniências. Mas já não sensibiliza mais ninguém, a não ser a militância atávica, que se extasia com cada flatulência verbalizada pelo parlapatão de nove dedos. 

Em recente excursão pelos currais do Nordeste, a caravana petralha reuniu apenas os áulicos seguidores de sempre, engrossados por uma caterva de boçais pagos para aplaudir até mesmo os delírios da senadora Gleisi Hoffmann, para quem a devastadora paulada de Palocci em seu amado líder foi orquestrada ― pasmem! ― pela CIA.

Lula e a escória vermelha que o apoia perderam o rumo e o senso de ridículo. Apegam-se a qualquer lorota em busca da candidatura como saída para livrar o molusco da prisão. Para eles, todos os delatores que acusam Lula mentem, só Lula fala a verdade, pois “prefere a morte a contar uma mentira ao povo brasileiro”.

Mesmo na republiqueta de bananas em que esse imprestável e sua deplorável sucessora transformaram o Brasil, uma chapa encabeçada por alguém com uma folha corrida de dar inveja a um chefe do tráfico não pode prosperar. E ainda que esse alguém concorresse e se elegesse (afinal, estamos falando do colégio eleitoral tupiniquim), não poderia ser empossado, pois a Constituição impede um candidato com pendências judiciais de assumir a presidência da República.

ObservaçãoNo final da tarde de ontem, o juiz Vallisney de Oliveira aceitou denúncia do MPF contra Lula e Gilberto Carvalho, por cobrança de propina (R$ 6 milhões) em troca da edição da MP 471/2009, que beneficiou as montadoras Caoa e Mitsubishi. Lula responderá por corrupção passiva, o que o promove a hepta-réu - além da ação em que já foi condenado a 9 anos e meio de prisão, ele responde a mais três na Lava Jato, uma na Zelotes e outra na Operação Janus.

Os petistas e seus esbirros podem dizer o que quiserem, mas Brasília fica mais longe do rebotalho vermelho a cada dia, a não ser que seu projeto eleitoral seja uma vaga na Papuda. Se você ainda tem dúvidas, acesse este link.

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quarta-feira, 26 de abril de 2017

APAGAR ARQUIVOS CONFIDENCIAIS ― OU: CAUTELA E CANJA DE GALINHA NÃO FAZEM MAL A NINGUÉM

ESCREVO POR AMOR À ARTE, MAS O AMOR NÃO PAGA AS CONTAS.

Todo arquivo digital é uma imensa sequência de bits. O bit é a menor unidade que um dispositivo computacional consegue manipular, e pode assumir somente dois valores ou estados (zero e um, aberto e fechado, ligado e desligado, etc.). Na notação binária ― que é utilizada pelos computadores ―, 1 bit corresponde a 8 bytes, e as grandezas não são expressas em múltiplos de 10, mas na base 2 elevada ao expoente “x”. Assim, 1 kB não são 1000 bytes, mas 1024 bytes (para mais detalhes, reveja esta postagem).

Computadores armazenam na memória física (RAM) os programas em execução e as informações em processamento (desde o próprio sistema operacional até um simples documento de texto). Nenhum dispositivo computacional atual, de um grande mainframe a uma simples calculadora de bolso, funciona sem uma quantidade mínima dessa memória. O problema é que a RAM é volátil, ou seja, incapaz de reter os dados quando o fornecimento de energia é cortado. Então, para que não tenhamos de realimentar toda vez com as informações de que precisa para funcionar (drivers, bibliotecas, sistema operacional, aplicativos, etc.), um HD (ou um SSD, nos modelos de topo de linha mais recentes) faz o papel de memória de massa, salvando as informações de maneira persistente ― não confundir com permanente.

Devido a uma série de fatores relacionados com segurança e privacidade, convém tomarmos muito cuidado com dados pessoais/confidenciais/comprometedores que salvamos no PC, no tablet, no smartphone, etc., pois, como sabemos ― ou deveríamos saber ―, arquivos digitais só são apagados definitivamente depois que são sobrescritos.

Quando deletamos uma foto que havíamos gravado no HDD do PC ou na memória do smartphone, por exemplo, o espaço que ela ocupava fica disponível para regravação, mas, até que isso aconteça, pode ser possível recuperá-la com o auxílio de ferramentas dedicadas ― como o Restoration. Isso nem sempre dá certo, mas há grandes chances de sucesso, especialmente se rodarmos o programinha logo depois que o arquivo que desejamos recuperar foi deletado.
O lado ruim da história e que, quando passamos adiante nosso PC, tablet ou smartphone, sempre existe a possibilidade de algum curioso se valer desse tipo de ferramenta para vasculhar o que foi apagado, mas ainda pode ser recuperado. E mesmo que formatemos o HDD, no caso do PC, ou revertamos os gadgets às configurações de fábrica ― procedimento que limpa a memória interna e desfaz as alterações aplicadas ao sistema operacional desses aparelhinhos, há grandes chances dos abelhudos lograrem êxito em seu intento.

Observação: No caso de tablets e smartphones baseados no Android, acesse Configurações, selecione Backup e reset e escolha redefinir dados de fábrica. Nas versões anteriores a 4.0, pressione Menu a partir da tela inicial, selecione Configurações > Privacidade > Restaurar configurações de fábrica, role a tela de aviso até o final e selecione Redefinir telefone. Nas versões mais recentes, acesse Configurações, selecione Backup e reset e, na tela seguinte, escolha redefinir dados de fábrica. No iOS, selecione Configurações > Geral > Redefinir > apagar todo conteúdo e configurações.

A boa notícia é que o Restoration também apaga definitivamente os dados (outras boas opções são o Advanced System Care, o Eraser e o DBAN). Talvez seja desnecessário você se dar a esse trabalho se está seguro de que não mantém arquivos comprometedores em seus aparelhos, mas até mesmo os nomes, telefones e endereços de email de seus contatos podem ser usados indevidamente por alguém mal-intencionado. Então, procure sempre armazenar esses dados no próprio cartão SIM ou configurar seu aparelho para que os salve no SD Card (caso ele ofereça suporte a cartões de memória). Assim, se você transferir o SIM e/ou o SD Card para o telefone, terá prontamente à disposição seus contatos, músicas, emails, fotos e outros arquivos pessoais, além da segurança de que eles não cairão em mãos erradas.

2.527 ANOS DE PRISÃO

Se a “alma viva mais honesta do planeta” fosse condenada pelo vasto leque de crimes de que é acusada, pegaria de 519 a 1.795 anos de cadeia. Pelo mesmo critério, o Cangaceiro das Alagoas e ex-presidente do Congresso poderia amargar 247 atrás das grades (sua pena mínima seria de 60 anos). E o líder do governo no Senado ― Caju, ou Jucá ―, de 39 e 170 anos. 

O levantamento feito pela reportagem de IstoÉ inclui o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Quadrilha, um dos principais auxiliares do presidente Michel Temer. Se implicado por todos os crimes, sua insolência correria o risco de pegar uma pena de 67 anos. O mesmo cálculo se aplica ao presidente da Câmara, Rodrigo Mamata. Já a pena para o presidente do Senado, Estrupício de Oliveira, seria de 5 a 25 anos. E é esse Congresso que vai votar as reformas de que o Brasil tanto precisa para retomar o caminho do crescimento E ― valei-nos Deus ―  é esse Congresso que vai votar as medidas contra abuso de autoridade ― cuja aprovação a toque de caixa os imprestáveis Renan Caralheiros e Roberto Requeijão vêm defendendo caninamente, enquanto negam candidamente tratar-se de mera retaliação a juízes, procuradores, delegados federais e outras autoridades. Uma barbaridade!

OBSERVAÇÃO: Se aprovado fosse, esse absurdo provocaria uma interminável enxurrada de ações, pois investigados, denunciados e réus processariam os agentes que os investigaram, os procuradores que os denunciaram, os magistrados que os condenaram. E aquela asnice de hermenêutica, então, um verdadeiro descalabro: se a lei não fosse interpretativa, toda decisão do STF seria unânime. Aliás, falando no Supremo, o ministro Marco Aurélio já deu sinais de que, se aprovada semelhante excrescência, a decisão final certamente caberá àquela Corte, o que de certa forma nos tranquiliza, mas não desobriga de pressionar o Legislativo para que essa merdeira não passe.

O levantamento de IstoÉ, baseado em inquéritos policiais e denúncias do Ministério Público, mostra que, quanto mais maduros estão os processos, maiores sãos os riscos de temporadas mais longas na prisão. Como Lula tem mais ações penais que os outros, está bem à frente dos colegas. O cálculo não considerou todas as investigações do petista e de Renan Caralheiros, ambos com mais de dez procedimentos criminais na Justiça, mas apenas as denúncias ou os inquéritos derivados das delações da Odebrecht.

Voltando a Lula, o depoimento do casal de marqueteiros João Santana e Monica Moura, somado às informações com que Antonio Palocci acenou, ontem, ao juiz Sergio Moro ― as quais, disse o ex-ministro de Lula e Dilma, devem render pelo menos mais um ano de investigações à Lava-Jato ―, o dia D está chegando e a hora H não tarda.

Lula Lá! E com Dilma na rabeira!

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domingo, 23 de abril de 2017

PRIMEIRAMENTE, FORA LULA! ― Ricardo Noblat

Quem foi Marcelo Odebrecht? O mandachuva do país durante o reinado do PT? O chefe de uma sofisticada organização criminosa? Ou o “bobo da corte” afinal preso e forçado a delatar?
E Lula, quem foi? O primeiro operário a chegar ao poder? O maior líder popular da História? Ou o presidente que fez da corrupção uma política de Estado?

Marcelo será esquecido. Luiz Inácio Odebrecht da Silva, jamais.

Em dezembro de 1989, poucos dias após a eleição do presidente Fernando Collor de Melo, o deputado Ulysses Guimarães, ex-condestável do novo regime, almoçava no restaurante Piantella, em Brasília, quando entrou a cantora Fafá de Belém, amiga de Lula.

― Como vai Lula? ― perguntou Ulysses. Fafá, que passara ao lado dele o domingo da sua derrota para Collor, respondeu:

Lula ficou muito chateado, mas começamos a beber e a comer, os meninos foram para a piscina e ele acabou relaxando. Ulysses quis saber:

― Tem piscina na casa de Lula?

― Tem, mas a casa é de um compadre dele, o advogado Roberto Teixeira.

Ulysses calou-se. Depois comentou com amigos:

― O mal de Lula é que ele parece gostar de viver de obséquios.

Na mosca! Lula viveu de obséquios. Vive. O dinheiro não o atrai. A rotina da política, tampouco. O conforto e as facilidades, sim. Terceiriza a missão de obtê-las. O poder sempre o fascinou. E para conquistá-lo e mantê-lo, mandou às favas todos os escrúpulos que não tinha. Os que o cercam em nada se surpreenderam com a figura que emerge das delações dos executivos da Odebrecht. É um pragmático, oportunista, que se revelou um farsante. Emilio, o patriarca dos Odebrecht, decifrou Lula muito antes de ele subir a rampa do Palácio do Planalto. Conquistou-o com conselhos e dinheiro. Perdeu nas vezes em que ele foi derrotado. Recuperou o que perdeu e saiu com os bolsos estufados quando Lula e Dilma governaram. Chamava-o de “chefe”. Emílio era o chefe.

Nos oito anos da presidência do ex-operário que detestava macacão e sonhava com gravatas caras, o país conviveu com o Lula que pensava conhecer e, sem o saber, também com Luiz Inácio Odebrecht da Silva, só conhecido por Emílio e alguns poucos. “Cuide do meu filho”, um dia Lula pediu a Emílio. Que retrucou: “Cuide do meu também”. Emílio cuidou de Fábio. Lula, de Marcelo.
De Lula cuidaram Emílio e Marcelo, reservando-lhe uma montanha de dinheiro em conta especial para satisfazer-lhe todas as vontades. Lula retribuiu com decisões governamentais que fizeram a Odebrecht crescer muito mais do que a Microsoft em certo período. A Odebrecht pagou a Lula, e Lula pagou a Odebrecht, com a mesma moeda – recursos públicos. Quem perdeu com isso?
A Odebrecht ganhou mais dinheiro à custa de Lula do que ele à custa dela, mas Lula foi mais esperto. Criou seu próprio banco, administrado pela empreiteira. E quando precisava sacar, outros o faziam em seu nome. Imagina não ter deixado impressões digitais nas negociatas em que se meteu. A polícia já identificou muitas. E outras serão identificadas antes do seu depoimento em Curitiba.

Corrupção mata. Mata sonhos, esperanças, alucinações. Mata o passado, o presente e compromete o futuro. Mata também de morte morrida à falta de saneamento, hospitais, escolas, segurança pública. A impunidade mata tanto ou mais.

A hora e a vez são da Justiça. E ela será julgada pelo que fizer ou deixar de fazer.

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sábado, 22 de abril de 2017

AS DELAÇÕES BOMBÁSTICAS E O CASO DA CHAPA

Há poucos dias, a bola da vez no estapafúrdio cenário político tupiniquim era o tão aguardado julgamento da chapa Dilma-Temer pelo TSE. Agora, depois que a suspensão do sigilo da Delação do Fim do Mundo abalou Bangu, digo, abalou Brasília, os holofotes vêm focando nos depoimentos dos delatores, que, ouvidos da boca dos ditos-cujos, com direito e episódios de inequívoco escárnio, tornam-se ainda mais revoltantes. Mas tudo isso já foi coberto em outras postagens, além de estar na mídia 25 horas por dia, 8 dias por semana, de modo que vamos deixar esse assunto de lado por alguns minutos e voltar ao processo de cassação da infausta chapa ― mais um caso típico de “parto da montanha”, ou, em bom português, de muito peido e pouca bosta.  

A tão aguardada audiência terminou minutos depois que começou, porque os ministros acharam que seria preciso dar ainda mais uns dias para os advogados de Dilma apresentarem sua defesa, e, para garantir que nada aconteça, resolveram que as partes podem também convocar novas testemunhas ― que sabe Adão e Eva e a Serpente. Enfim, adiaram tudo novamente e o caso, que ninguém já levava a sério, descambou de vez para a palhaçada.

A assinatura oficial dessa obra de autoria coletiva que soma esforços de juristas, políticos e partidos ― e que o jornalista J.R. GUZZO definiu como uma das peças mais notáveis do acervo em exibição no Museu de Horrores do Estado brasileiro, com seu Tribunal Superior Eleitoral, os 27 tribunais regionais e mais de 20.000 funcionários e funções desconhecidas em qualquer democracia bem sucedida do mundo, onde jamais se julgou necessário criar uma “justiça eleitoral” para fazer eleições ― é da Justiça Eleitoral, que está examinando o caso desde o final de 2014.

O “delito” sub judice é um fenômeno, na medida em que poderia tornar “inelegível” uma chapa que foi eleita há mais de dois anos, deporia de novo do cargo uma presidanta que já foi deposta e mandaria para a rua o presidente atual, cujo mandato termina já no ano que vem. E como se isso não bastasse, o relator da patranha julgou necessário escrever um relatório de 1032 páginas (!) ― mais que isso, só a Bíblia.

Mais uma vez, como vem acontecendo nos últimos 500 anos, “prevaleceu o bom-senso”, como observou um dos marechais de campo da tropa política de Brasília. E quando a gente ouve uma figura pública dizer que prevaleceu o bom-senso, podemos ter certeza de que nos estão batendo a carteira.
O que prevaleceu, mesmo, foi o interesse de cada um. Ninguém gosta do presidente, ou diz que não gosta, mas todos querem que ele fique. O PT finge que está em guerra contra o governo; nas ruas, a militância grita “Fora, Temer”, mas nas conversas para valer, os chefes do partido dizem “Fica, Temer”. O PSDB, que começou a ação para anular a chapa Dilma-Temer, reduziu sua cobrança pela metade: como Dilma já foi, quer que Temer fique. O senador Renan Calheiros, o cangaceiro das Alagoas, se transformou de vinho em água e todo dia requisita os jornalistas para dizer-lhes que agora é um homem de oposição, aliado de coração do ex-presidente Lula e inimigo figadal de Michel Temer.

Ninguém, enfim, quer o que diz ― nem o TSE quer julgar coisa alguma. Estão todos pensando, apenas, em como tirar proveito do que pode acontecer em 2018, e em permanecer fora da cadeia até lá. É o Circo Marambaia. E se você não percebeu quem os políticos, ministros de tribunais, gênios dos partidos etc. escolheram para fazer o papel de palhaço nesse picadeiro, olhe-se no espelho.

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sexta-feira, 14 de abril de 2017

PONTOS A PONDERAR

Quis o destino que Michel Temer fosse o vice-presidente da Banânia quando o Congresso, num dos raros serviços úteis que prestou à nação nas últimas décadas, defenestrou a anta petista do Palácio do Planalto. E assim, junto com a promoção, o peemedebista herdou um monumental abacaxi, que seus antecessores plantaram em solo arado pelas máquinas do proselitismo, regaram com as águas da mentira e fertilizaram com o esterco da corrupção. Descascá-lo seria uma tarefa hercúlea para qualquer político, mas demanda ainda mais esforço de um chefe de governo que carece de apoio popular, está cercado de amigos e assessores suspeitos ou indiciados no âmbito da Lava-Jato e vê seu “ministério de notáveis” ruir como um castelo de cartas e o apoio parlamentar se esvair mais a cada dia.

Observação: Segundo recente pesquisa de opinião pública do CNI/Ibope, a um mês de completar um ano no governo, Temer amarga uma rejeição recorde (superior a 70%) e sua administração é considerada ruim ou péssima por por mais da metade dos entrevistados. Terá de se dar por feliz se conseguir realizar seu sonho de entrar para a história como “o cara que recolocou o país na trilha do crescimento”, e olhe lá. Nem mesmo os tímidos ― mas inequívocos ― sinais de melhora da economia conseguiram mudar essa tendência: inflação recuou, os juros caíram e o mercado de trabalho começou a se recuperar, mas a popularidade do presidente continua rolando ladeira abaixo.

Pela patuleia em geral ― e pelos petralhas em particular ―, Temer é tido como “ilegítimo” e tachado de “golpista”, mas isso é uma asneira monumental. Vamos esquecer por alguns minutos que a chapa Dilma-Temer está em via de ser cassada (ainda que, pelo andar da carruagem, a decisão ficará para as calendas gregas). Se considerarmos legítimos os resultados do pleito de 2014, tanto a anta vermelha quanto seu vice foram eleitos democraticamente pelo voto popular ― até porque nossa legislação não permite votar no candidato a presidente de uma chapa e no vice de outra coligação. Já no que concerne ao suposto “golpe”, só mesmo uma aberração como Dilma para insistir nessa versão bastarda do impeachment que lhe cassou o mandato ― o que ela não perde uma única oportunidade de fazer, no Brasil em dilmês castiço; no exterior, num portunhol estropiado ou num francês de galinheiro de bordel oitocentista de segunda classe.

Para os brasileiros de bem e minimamente esclarecidos, depõe contra Temer o fato de ele ter presidido o PMDB ― principal partido da base aliada que deu suporte aos governos petistas, e que se revelou tão corrupto quanto o próprio PT ―, compactuado por anos a fio com os desmandos da gerentona de araque e se beneficiado do monumental estelionato eleitoral que lhes garantiu a ambos a reeleição que, em última análise, quebrou o país. Temer sabe que as chances de reverter esse quadro nos 20 meses que lhe restam (isso se conseguir chegar ao final do mandato) são as mesmas de o proverbial camelo bíblico passar pelo buraco da agulha. Por outro lado, isso lhe permite levar adiante as reformas impopulares sem ter de se preocupar demais em “jogar para a torcida”.

Mas o tempo urge e a coisa fica mais difícil a cada dia: assombrados pelo fantasma da Delação do Fim do Mundo, parlamentares de todos os partidos buscam limitar a ação da Lava-Jato, impor o voto em lista fechada, anistiar o caixa dois eleitoral e manter sua prerrogativa para adiar ad kalendas græcas o inevitável acerto de contas com a Justiça Penal ― e isso significa se reeleger no ano que vem, quando o eleitorado terá a oportunidade de penabundar os 513 deputados federais e 2/3 dos 81 senadores (mas, como não tem consciência do poder que o voto lhe garante, boa parte dessa sele confraria certamente deixará passar in albis mais essa chance pôr ordem no galinheiro). Assim, é natural que a aproximação das eleições torne mais arredios os rufiões da pátria e proxenetas do parlamento. E como se não bastasse a oposição atávica e irresponsável dos incorrigíveis defensores dos petralhas, Temer vem sendo alvo do “fogo amigo” do próprio PMDB.

Do alto de sua imprestabilidade, colegas de partido do presidente preferem abandonar o governo a votar as reformas impopulares, a pretexto de não serem vocacionados a cometer “suicídio político”. A título de ilustração, um levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo dá conta de que 60% dos 251 deputados contrários à proposta da reforma da Previdência integram a base aliada do presidente (os partidos da oposição compõem cerca de 40% dos votos contrários). No PMDB, partido de Temer, 16 dos 64 deputados afirmaram que votarão “não” ao projeto. Dentre os tucanos, 18 de 47 se manifestaram contra. A intenção de melar as reformas com objetivos eminentemente eleitoreiros se sobrepõe, mais uma vez, aos interesses do país. Até porque, do jeito que a coisa está, mais alguns anos e a Previdência não terá recursos para pagar as aposentadorias, pouco importando se os beneficiários já são inativos ou se tornarão nesse entretempo, seja aos 65, 70 ou 90 anos idade, após 25, 35 ou 100 anos de contribuição. E o mesmo se aplica às igualmente necessárias reformas da Legislação Trabalhista, Eleitoral, e assim por diante.

Então, meus caros, antes de crucificar o governo e sair às ruas berrando “Fora Temer”, informem-se melhor sobre os fatos, sob pena de engrossar as fileiras dos imbecis, digo, dos inocentes úteis manipulados pela “esquerda baba-ovo” do Comandante Máximo da ORCRIM e outros de sua laia. 

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sábado, 8 de abril de 2017

CURTAS

Segundo o Globo, a PGR retomou o acordo de delação premiada com a OAS de Leo Pinheiro. Para quem não se lembra ― afinal, são tantos fatos novos todos os dias ―, esperava-se que as revelações bombásticas do empresário acrescentassem mais um prego no caixão de Lula, mas Janot deu um piti quando Veja publicou uma matéria dando conta de que o depoimento do empreiteiro fazia referências ao ministro Dias Toffoli, do STF. Agora, pelo visto, reacendem-se as esperanças no coração dos brasileiros que desejam ver o sacripanta eneadáctilo em seu devido lugar. Aliás, falta menos de um mês para ele ser “entrevistado” pelo juiz Sergio Moro.

Falando em Moro, o magistrado enviou um documento sigiloso ao ministro Herman Benjamin ― relator no TSE do processo que visa à cassação da chapa Dilma-Temer ―, segundo o qual de outubro de 2014 a maio de 2015, o departamento de propinas da Odebrecht repassou 22,5 milhões de reais a João Santana:


A Lava-Jato vai anexar os depoimentos de João Santana e sua mulher a esse inquérito e mandar Janete para o banco dos réus.


Falando em Janete, os marqueteiros-delatores João Santana e Mônica Moura, de acordo com Lauro Jardim, “deixam claro que Dilma Rousseff sabia que suas campanhas eram financiadas com dinheiro ilegal da Odebrecht”. Aliás, foi exatamente isso que Marcelo Odebrecht disse em pelo menos oito passagens de seu depoimento ao TSE.

Bom domingo a todos.

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domingo, 19 de março de 2017

O JEITO É AGUENTAR ― PUBLICADO POR J.R. GUZZO NA REVISTA EXAME

O Brasil vive no momento mais uma de suas fábulas fabulosas. Até o dia 31 de agosto de 2016, pela maior parte do que se pode ler, ver e ouvir hoje em dia, as coisas por aqui estavam uma maravilha. Tudo o que existia de melhor no mundo, dos hospitais públicos aos cursos de ensino técnico, do ritmo alucinante da distribuição de renda à iminente entrada do Brasil na Opep, estava aqui dentro ― e como consequência direta da espetacular qualidade dos governos do PT, sem paralelo no resto do planeta. Mas aí vieram o impeachment de Dilma, por falsificação das contas públicas, e sua consequente substituição pelo vice-presidente Michel Temer, em obediência escrita e inevitável ao que a Constituição manda fazer nesses casos. Pronto: nada mais deu certo neste país, e já nos primeiros minutos do novo governo ficou entendido, no universo dos formadores de opinião, que o Brasil passava a viver a pior crise de sua história ― essa mesma que está aí agora.

É verdade que no momento em que Dilma finalmente foi deposta do cargo havia entre 11 milhões e 12 milhões de desempregados no Brasil. Outra de suas realizações ― que não encontra comparação na nossa história econômica ― foi manter o país em recessão por três anos seguidos. Sob sua direção, a indústria brasileira voltou ao nível de 1940; ela, a padroeira do nacionalismo econômico e dos “campeões nacionais”, só conseguiu mesmo, na prática, construir uma montanha de sucata com as fábricas brasileiras e escolher Eike Batista, atualmente um presidiário à espera de julgamento, para ser nosso empresário-modelo. Suas obras ― e as obras do ex-presidente Lula ― são a Ferrovia Transnordestina, o desvio das águas do Rio São Francisco, a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco (talvez a obra mais roubada do sistema solar), recordes de congestionamento nos acessos aos portos, colapso nos transportes, em escolas e em hospitais, a ruína da maior estatal brasileira, a Petrobras, e a entrega da máquina pública do Brasil a uma estratégia de corrupção sem precedentes na experiência humana. Nem se fale, até por cansaço, do governo insano que a ex-presidente impôs ao país durante anos a fio ─ e de tantas outras calamidades. Mas hoje, seis meses depois, tudo isso praticamente sumiu. É como se nunca tivessem existido Dilma, Lula, o PT e os atos de cada um deles. O problema é Michel Temer.

O novo presidente, sem dúvida, construiu com as próprias mãos a desgraça que é seu ministério ― tão ruim que, em seis meses de governo, seis ministros tiveram de ir embora, um está de licença médica, outro luta para adquirir “foro privilegiado” e dois saíram por conta própria. Jamais lhe passou pela cabeça que toda essa gente era errada para aquele momento, quando uma presidente da República acabava de ser posta na rua por chefiar um governo de ladrões ― talvez fosse errada para qualquer momento. Temer, o rei dos políticos “realistas”, dos “profissionais”, dos “operadores” etc. etc., achou, ao substituir Dilma, que estava sendo Temer. Na verdade, estava apenas querendo fazer mágica. O resultado é o que está aí.

Nada disso, porém, muda o fato de que ele é o único presidente que o Brasil tem e pode ter no momento ― e qualquer invenção para fazer as coisas de outro jeito vai tornar a situação atual muito pior do que já está. Ou alguém acredita que tirar Temer e colocar no governo um presidente escolhido em eleição indireta por ESTE CONGRESSO ― sim, este mesmo, não dá para arrumar outro ― vai melhorar alguma coisa? O quê, por exemplo? Temer e seus ministros de curtíssima duração são herança direta de Lula e do PT ― além de tudo o mais, deixaram isso também. Quem escolheu Temer para vice de Dilma? Quem viveu durante mais de dez anos no mais perfeito amor com os Renans e os Jucás, com os Geddéis, Padilhas ou Moreiras, para não falar do ex-governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro?

Aguente-se, agora, até a próxima eleição.

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domingo, 29 de janeiro de 2017

CARMEN LUCIA DEVE HOMOLOGAR DELAÇÃO DA ODEBRECHT

Os juízes auxiliares da equipe do ministro Teori Zavascki, morto no último dia 19, encerraram na última sexta-feira as audiências com os 77 delatores da Odebrecht, e agora a expectativa é de que as delações sejam homologadas pela presidente do STF, Cármen Lúcia, entre amanhã e depois.

Isso não resolve a questão da relatoria dos processos da Lava-Jato, naturalmente, mas adianta o expediente, pois, na condição de “plantonista” durante o recesso do Judiciário (que termina na próxima quarta-feira), Cármen tem legitimidade para deliberar sobre casos urgentes ― prerrogativa reforçada com o pedido de urgência protocolado dias atrás por Rodrigo Janot.

Integrantes do Supremo e da PGR avaliam que a autorização dada por Carmen Lúcia para a equipe de Teori continuar com os trabalhos já sugeria sua intenção de dar andamento à homologação para garantir que não haja atrasos no processo e passar à opinião pública a mensagem de que não há qualquer mudança no ritmo e na disposição do tribunal quanto às investigações. Volto a salientar que, se a homologação ficar para depois do dia 1º, será preciso esperar a definição do novo relator; se for feita pela ministra antes de quarta-feira, haverá tempo e clima para articular com os demais ministros a construção do caminho que levará à escolha do substituto de Teori.

Pelo regimento, a solução mais provável é a realização de sorteio entre os integrantes de todo o STF ou apenas dos membros da Segunda Turma da Corte, da qual o falecido fazia parte. Também é apontada a possibilidade de uma solução “consensual”, que consistiria em mover um integrante da primeira turma ― provavelmente Edson Fachin ― para o lugar deixado por Zavascki na segunda, e encarrega-lo da relatoria dos processos da Lava-Jato. Até o momento, Carmem Lucia tem mantido reserva sobre o assunto, mas especula-se que o sorteio envolvendo todo o plenário demonstrará que qualquer ministro está apto a assumir a tarefa. O Palácio do Planalto também trabalha com essa previsão, e Temer já reiterou que só indicará o nome do jurista que preencherá a vaga aberta com a morte de Teori depois que a questão da relatoria for definida. 

A propósito: Amanhã, 30, o juiz Sergio Moro retorna ao trabalho depois das merecidas férias de final de ano. Vamos aguardar as novidades.

Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.

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