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segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

RECESSO


Considerando que tanto o Congresso quanto o Judiciário já entraram em recesso  e assim deverão permanecer até o início de fevereiro, a despeito de tantos assuntos importantes e urgentes que requerem sua atenção  resolvi não só não fazer minha tradicional retrospectiva de final de ano, mas dar um pausa e sobrestar as postagens de política pelo menos até dia 6 de janeiro p.f. A menos, naturalmente, que algo relevante aconteça nesse entretempo. Afinal, no Brasil, se até o passado é imprevisível, o que dizer do futuro?

Obervação: Os posts de informática não deverão sofrer qualquer alteração.

Boas Festas a todos.

sábado, 21 de dezembro de 2019

SOBRE O FURDUNÇO QUEIROZ/FLÁVIO BOLSONARO



As suspeitas de rachadinha no gabinete do então deputador Flávio Bolsonaro já causavam preocupação no ano passado, antes mesmo das eleições. Prova disso é que seu ex-motorista e ex-assessor, Fabrício Queiroz, disse a um amigo através de um vídeo no WhatsApp: "O MP está com uma pica do tamanho de um cometa para enterrar na gente". Noutro trecho, ele afirmou: "Não vejo ninguém mover nada para tentar me ajudar".

Observação: Vale lembrar que a rachadinha — retenção, em benefício do parlamentar, de parte dos salários dos assessores e funcionários do gabinete — é uma prática tão enraizada na política tupiniquim quanto o caixa dois de campanha, mas isso não a torna legal ou menos imoral.

Em meio ao turbilhão, o advogado Paulo Klein, alegando "questões de foro íntimo", abandonou a defesa de Queiroz no momento mais delicado da investigação que fecha o cerco ao ex-assessor e o ex-assessorado. Foi Klein quem ajudou a articular a entrevista concedida ao SBT em dezembro de 2018, na qual Queiroz tentou explicar as movimentações atípicas em sua conta. Com a investigação cada vez mais próxima de Zero Um, o mal-estar no governo ganhou outra dimensão. “Venham para cima, não vão me pegar”, desafiou o presidente. Será que não?

A julgar pela fumaça, o incêndio é grande. O primogênito do presidente frequenta a investigação como suspeito da prática de dois crimes: lavagem de dinheiro e peculato. Os promotores poderiam ter enviado a polícia às ruas depois das festas de final de ano, mas parecem dispostos a recuperar o atraso provocado pela blindagem que Dias Toffoli ofereceu ao "Ronaldinho dos Imóveis" — e estendeu oportunisticamente às advogadas Roberta Rangel e Guiomar Mendes, mulheres do próprio Toffoli e de seu amigo e parceiro de maracutaias.

O inquérito permaneceu suspenso por quase 5 meses. Ironicamente, Queiroz voltou às manchetes horas depois de o Congresso ter aprovado a medida provisória editada por Bolsonaro para desossar o Coaf. Os parlamentares enterraram o novo nome proposto pelo presidente (UIF), mas mantiveram a decisão de enfiar o órgão de controle nos fundões do organograma do Banco Central. Foi graças a descobertas do Coaf que Queiroz estilhaçou o discurso da família Bolsonaro, aproximando a dinastia presidencial da turma do PT.

Queiroz nunca prestou depoimento. Entregou ao MP-RJ uma manifestação por escrito. Não conseguiu explicar a movimentação de R$ 1,2 milhão em sua conta nem os R$ 24 mil repassadas para a conta da hoje primeira-dama. Reconheceu que se apropriava de parte dos salários de assessores de Flávio, mas alegou que fazia isso para pagar "colaboradores informais" do então deputado e jamais exibiu recibos. Mesmo assim, o Ministério Público ainda não promoveu — como deveria — a condução coercitiva do ex-assessor, embora Veja tenha revelado que ele é vizinho de Marcelo Odebrecht no bairro do Morumbi.

A defesa de Flávio Bolsonaro impetrou um habeas corpus no STF para tentar suspender novamente as investigações. O caso tramita sob sigilo sob a relatoria da Maritaca de Diamantino. Na última quinta-feira, o semideus togado pediu ao MP-RJ, "com urgência", informações sobre a investigação. Seria muita safadeza se... enfim, vindo de quem vem, nada surpreende.

A semana que termina foi considerada a mais turbulenta para a família Bolsonaro desde a posse. Tanto que na noite da operação do GAECO, Flávio foi ao encontro do pai, no Palácio da Alvorada. A reunião, que contou com a presença de Zero Três, durou quase duas horas. Questionado sobre esse salseiro, o presidente, sempre grandiloquente, disse apenas não ter “nada a ver” com as suspeitas levantadas pelo MP e que “o Brasil é muito maior do que pequenos problemas”. Ato contínuo, fechou-se em copas. Aos repórteres mais insistentes, disse apenas: "Perguntem aos advogados".

Somente Flávio e o papai presidente sabem o tamanho real do buraco em que se meteram. Toda crise tem um custo. O capitão precisa decidir quanto deseja pagar. A fatura vai aumentando com o tempo, e ainda lhe restam três anos de governo. A pressa do MP recomenda ao inquilino do Planalto que acenda a luz.

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

SOBRE O PAU DE ARARA E OS FILHOS DO PAI, DA MÃE E DO CAPETA



Após um hiato de 26 dias sem postar, o pitbull presidencial voltou às redes sociais no domingo 8, quando publicou um meme do chefe de cozinha turco Salt Bae, e na terça subsequente, para compartilhar um vídeo do grupo Os Mateadores cantando a música "Cadela de baia". Mas o mais intrigante foi uma frase em código Morse que não fazia o menor sentido (vide figura ilustração).

Entrementes, Bolsonaro pai, de passagem pelo Tocantins, afirma  que colocará no pau de arara ministros de seu governo que se envolverem em casos de corrupção. Como é de praxe, a mídia logo classificou a frase de efeito do capitão como "uma declaração polêmica", e os teóricos da conspiração entraram em polvorosa, pois o dislate foi proferido às vésperas do 51.º aniversário do AI-5.

Observação: Para quem não sabe, no pau de arara os pulsos do torturado eram amarrados aos tornozelos. Antes do início da sessão de suplícios, a vítima é pendurada pelos joelhos, de cabeça para baixo, num pau roliço, e ficava à mercê dos algozes.

Ao longo de todo este ano, a mídia enalteceu um ex-presidente corrupto, decarréu e duplamente condenado, e perseguiu implacavelmente o "mito" dos bolsomínions. Diante dessa caça à bruxas, não espanta que capitão destile sua hostilidade contra jornalistas e veículos que publicam críticas a ele, seu governo, sua prole e seus ministros. A Folha, que se tornou sua inimiga figadal ao noticiar a suspeita de uso de disparos em massa de mensagens de WhatsApp contra Haddad e, mais adiante, ao publicar as primeiras denúncias sobre o uso de candidaturas laranjas pelo PSL, chegou a ser excluída de uma licitação do governo.

Na outra margem desse caudaloso rio de merda, o ex-presidiário de Curitiba nem bem deixou a cadeia e subiu num palanque improvisado para vituperar acusações irresponsáveis contra a Rede Globo e despejar toda sorte de ameaças vazias contra "os inimigos do povo", levado ao delírio a chusma de esquerdopatas que se reuniu defronte à sede da PF em Curitiba e, no sia seguinte, diante do Sindicato dos Metalúrgicos de ABC para beber seus ensinamentos. Mais adiante, já na capital do seu estado de origem (num hotel de luxo da praia da Boa Viagem, o bairro mais chique da cidade, é claro), o criminoso de Garanhuns acrescentou ao bolo fecal que serviu à patuleia ignara de adoradores o seguinte troçulho: "(...) Nós não vendemos ódio, vendemos amor, paixão. É muito coração nessa história”.

Observação: Na edição revista e atualizada de sua "caravana pelo Brasil", só bateram os cascos para o petralha os integrantes da tropa asinina mortadeleira. Do restante dos populares, o que mais se ouviu foi: “Lula, ladrão, teu lugar é na prisão”. E isso no coração do Nordeste, onde,  dos “institutos de pesquisa de opinião”, o enganador vermelho sempre diz que tem 120% de popularidade.

Para não espichar demais esse assunto na penúltima semana de 2019, acrescento apenas que, para mim, o que Lula fala e merda são a mesma coisa. Mas Bolsonaro discursa como se não enxergasse corrupção em seu entorno, mesmo havendo na Esplanada dos Ministérios três denunciados, dois investigados e até um condenado. Esses ministros estão pendurados na folha de pagamento da União, não no pau de arara, e desfilam pelos gabinetes de Brasília como se nada pesasse contra eles. Durma-se com um barulho desses!

Sobre a nova novela cujo primeiro capítulo foi ao ar na última semana com a fase 69 da Lava-Jato focando Lulinha, o notável ex-catador de bosta de elefante que, graças ao papai presidente, tornou-se da noite para o dia o "Ronaldinho dos negócios", falarei numa próxima oportunidade.

domingo, 15 de dezembro de 2019

AO VENCEDOR, AS BATATAS!


A polarização política fomentada por Lula com o proselitismo do "nós contra eles" vem produzindo efeitos tão nefastos quanto os que Dilma causou na Economia ao longo de seus 5 anos, 4 meses e 12 dias no poder governo.

Entre outras consequências funestas, a "guerra entre o Bem e o Mal" exterminou no primeiro turno das eleições passadas, juntamente com o circo de horrores (Vera Lúcia, Cabo Daciolo, Eymael e outras bizarrices), os poucos candidatos que valiam dois tostões de mel coado, levando ao embate final os extremistas mais extremados do espectro político. E com o timão da Nau dos Insensatos nas mãos de um marujo que, em outras circunstâncias, estaria empunhando um esfregão, nosso consolo é que a coisa teria seria ainda pior se o títere da jararaca tivesse derrotado o capitão caverna.

Eleito graças ao discurso anti-Lula e anti-PT, a versão tupiniquim do Goofy beneficia-se desse cenário inflamado, notadamente num momento em que sua capacidade de produzir crises começava a decepcionar quem acreditou que ele adquiriria maturidade no cargo ou seria domado pelos assessores. E os ganhos são ainda maiores com o presidiário de Curitiba (que também se capitaliza com esse confronto permanente) em ritmo de palanque nacional. A questão é que o Brasil e o povo brasileiro só têm a perder, pois ficam reféns de duas posições: petista ou antipetista.

Observação: Talvez seja injusto atribuir esse descalabro apenas a Lula. Como bem lembrou o próprio Bolsonaro numa de suas "frases polêmicas" — aquelas que a mídia adora tirar do contexto para fazer tempestade em copo d'água —, o grande erro da ditadura foi torturar e não matar. Aliás, Lula disse mais ou menos a mesma coisa em 2016, após ser conduzido coercitivamente à PF do Aeroporto de Congonhas. Depois de prestar depoimento, a jararaca da caatinga ensinou que para matar a serpente é preciso bater na cabeça, não na cauda. Como ninguém aprendeu a lição, é possível que se repita no pleito de 2022 o que aconteceu no de 2018.

Ao longo dos últimos 11 meses e lá vai fumaça, Bolsonaro nomeou um bando de incompetentes para o primeiro escalão, indispôs-se com Deus e o mundo, ungiu-se primeiro-vassalo de Donald Duck, digo, Donald Trump, moveu mundos e fundos para emplacar o filho fritador de hambúrgueres (numa rede americana de lanchonetes que só trabalha com frango frito) no cargo de embaixador no EUA e vendeu a alma ao diabo, digo, à banda podre do STF, em troca da blindagem de seu primogênito no "Caso Queiroz". Como se não bastasse, em vez de ajudar na tramitação da PEC da Previdência, fez o possível para atrapalhar, criando uma crise aqui, outra acolá, falando mal deste, debochando daquele.   

É complicado fazer previsão com quase 3 anos de antecedência, sobretudo num país onde nem o passado é previsível. As últimas pesquisas sugerem que a popularidade do capitão parou de cair e segue firme no patamar de 33%, podendo, inclusive, melhorar se as boas perspectivas da economia se confirmem. Lula, mesmo solto, já não consegue mobilizar a esquerda como antigamente, mas mantém respeitáveis 29%

Lidos nas entrelinhas, esses resultados revelam que 60% do eleitorado tupiniquim é manipulável e altamente susceptível a discursos demagógicos, embora as castas já estejam formadas, sendo muito difícil membros da patuleia mortadeleira serem convertidos em bolsomínions. E vice-versa. Mas é bom ter em mente que, como as nuvens no céu e o cenário político, os índices podem mudar a cada nova pesquisa (sem mencionar que muitos entrevistados não só são semianalfabetos ou analfabetos funcionais, como também incapazes de encontrar o próprio rabo usando as duas mãos e uma lanterna).

Enfim, resta saber como ficará o "meio de campo". Se não surgir um candidato "de centro" com envergadura para mudar esse jogo de cartas marcadas, estaremos ferrados e mal pagos. E anular, o voto, votar em branco ou se abster de votar, embora sejam opções válidas, não ajudam em numa eleição polarizada como tende ser a de 2022.

Para concluir, ainda falando em pesquisas, dados coletados pelo Datafolha indicam que a avaliação do governo piorou no quesito combate à corrupção. Moro a culpa ao STF, mas é sempre mais fácil escolher culpados do que assumir culpas. Hoje, lembra o impagável Josias de Souza, quando a corrupção domina a conversa numa rodinha, é impossível mudar de assunto; pode-se, no máximo, mudar de suspeito. E Bolsonaro está cercado de suspeitos: o filho investigado, o ministro denunciado no escândalo do laranjal, um líder enrolado na Lava-Jato, o diabo.

Moro disse que "o governo está trabalhando com afinco para o restabelecimento da prisão em segunda instância". Não é bem assim. O ministro até frequenta o debate do lado certo, mas o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra, coleta assinaturas para barrar a votação do PL que altera o CPP, enquanto Bolsonaro faz cara de paisagem ou, no máximo, declarações flácidas. Num cenário em que a memória fraca se confunde com a consciência limpa, o brasileiro tem dificuldade para enxergar inocentes no palco. Consolida-se a sensação de que os corruptos são encontrados em várias partes do mundo — quase todas no Brasil. E a leniência do Supremo não explica tudo. Eleito como parte da solução, Bolsonaro oferece material para que seus próprios eleitores comecem a enxergá-lo como parte do problema.

Valei-nos Deus!

sábado, 14 de dezembro de 2019

UM NOVO BRASILEIRO PARA UM NOVO BRASIL


Uma revolução está em curso no País. Trata-se de uma mudança na Educação feita de maneira sutil, inteligente e sistemática desde que Bolsonaro assumiu. Porque educar não é apenas colocar generais aposentados nas escolas, como qualquer verdadeiro patriota poderia pensar. O presidente, com sua alma professoral, atua para iluminar os mais velhos. Gente que, como eu, foi doutrinada pela esquerda. Com o auxílio de um seleto grupo de intelectuais, nosso indômito capitão vem colocando por terra ideias equivocadas que pareciam sedimentadas.

Em minha ignorância, por exemplo, eu lamentava não ter nascido antes. Poderia até ter sido até preso em movimentos estudantis na luta quixotesca contra uma ditadura que, como o presidente ensinou, nem existiu. Poderia ter apoiado os primeiros movimentos feministas, pensava eu, cego para a verdade. Não fosse a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, talvez ainda vivesse nas trevas. 

Quando Damares Alves saiu de uma de suas primeiras reuniões com o presidente e afirmou que “a mulher nasceu para ser mãe”, meu queixo caiu. Depois, ela emendou: “A gravidez é um problema que dura só nove meses”. Que coragem. Eu passei a anotar todos os seus ensinamentos. Nascia ali um novo eu, sedento por me libertar da ignorância ideológica. Com Damares aprendi que ninguém nasce gay e que não é a política que vai mudar o Brasil, mas sim, a igreja (se for neopentecostal).

E quando achava que tinha aprendido tudo e enterrado meus sonhos adolescentes, o presidente apareceu com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Não fosse ele, eu ainda estaria alimentando a ideia de entrar para o Greenpeace, aqueles comunistas assassinos capazes de jogar óleo no mar, ou ajudar o WWF, que financia a queima da floresta amazônica (bato três vezes no tampo da minha mesa de mogno).

Não satisfeito, o presidente me deu outro mestre, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Com ele, aprendi que esse pessoal de revistas e jornais é safado e que a mídia vive para espalhar fake news. Notícias, agora, só pelo WhatsApp ou pelo Twitter dos filhos do presidente.
A gana do chefe do Executivo em difundir conhecimento parece não ter fim. Escolhida a dedo, a cada semana sua equipe de governo derruba mais uma dessas lendas que alimentei por décadas, influenciado pela mídia e pela esquerda. Mesmo assim, vejo zumbis ao meu redor. Gente que não assimila esses aprendizados.

Falando em zumbi, lembrei de mais um grande brasileiro que conheci. É esclarecedor ouvir o jornalista Sérgio Nascimento de Camargo, novo presidente da Fundação Palmares, afirmar que o Dia da Consciência Negra causa perdas irreparáveis à economia do País em nome do falso herói histórico Zumbi dos Palmares, que escravizava africanos e seus descendentes, e de uma agenda política oculta que só serve para alimentar o revanchismo, doutrinando o povo negro para o vitimismo.

Pensei: “Meu Deus do céu! Não terá fim minha ignorância?”. Justo eu, que sempre achei que os negros mereciam mais oportunidades em nome de seu passado de sofrimento e lutas? Burro! Burro! Burro! sem contar que aprender, às vezes, dói. Como doeu quebrar todos os discos dos Beatles que colecionei na juventude. Não fosse o presidente da Funarte, Dante Mantoviani, explicar que Lennon e McCartney queriam implantar o comunismo, eu ainda estaria cantarolando “Help!”. Como não percebi as mensagens cifradas quando curtia “Back to USSR”?

Se você ainda não abriu os olhos, se ainda continua vivendo no passado, fica aqui o alerta de que um novo brasileiro está surgindo. Insista na ignorância e, talvez, você mereça mesmo continuar sendo nada mais do que um terrabolista alienado e oprimido.

Texto de Mentor Neto

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

MAIS DO MESMO E O SÓSIA DO CAPITÃO CAVERNA




Para quem está de saco cheio das parvoíces bolsonaristas, talvez sirva de consolo imaginar como estaria o Brasil se o bonifrate da autodeclarada alma viva mais honesta do Brasil tivesse derrotado o capitão caverna, e não o contrário. Só que isso não muda o fato de este governo ser uma usina de crises e seu comandante em chefe, PhD em descumprir promessas de campanha e priorizar o que convém a si e a sua prole.

Falando em prole, se você atribui grande parte dos problemas nacionais às estultices dos "príncipes herdeiros", prepare-se: Jair Renan Bolsonaro, de 21 anos, foi eleito para a direção nacional do novo partido do presidente — será membro com direito a voto. Bolsokid, como se apresenta o zero quatro, estuda análise de sistemas em Brasília, joga videogame, especialmente o League of Legends, frequenta festas badaladas e alimenta suas redes sociais, embora não com a mesma voracidade dos irmãos mais velhos. Com o pai, Renan compareceu a alguns eventos, como a reunião do Mercosul na Argentina, em julho, quando foi apresentado como “embaixador mirim”. É mole?

Mas não é só. Paulo Guedes parece ter absorvido por osmose (ou simbiose?) alguns traços da personalidade do chefe. É público e notório que ministro da área econômica não deve opinar sobre câmbio e taxa básica de juros, mas o Posto Ipiranga quebrou a regra, numa entrevista em Washington, ao dizer que "é bom se acostumar com câmbio mais alto e juro mais baixo por um bom tempo”. Isso bastou para a moeda brasileira encolheu quase 2%, passando a seu maior valor nominal desde 1994.

A fala de Guedes foi imprudente, mas não despropositada, pois passou o recado de que quem esperava encontrar câmbio mais favorável na temporada de férias de final de ano tirar o cavalo da chuva. Felizmente, basta ir a Brasília para ver o Pateta, sem mencionar que sai bem mais barato do que ir à Disney.

O plano é manter o dólar mais caro e a Selic mais baixa para estimular investimentos e dar fôlego às indústrias exportadoras, o que, espera-se, refletirá positivamente no PIB e propiciará um crescimento mais sustentável da Economia — às favas com o desejo da classe média de fazer compras em Miami e as necessidades do setor produtivo, que precisa ganhar competitividade para impulsionar as exportações com um câmbio mais favorável. Mas a debandada de investidores estrangeiros nos últimos meses transformou a volatilidade cambial em uma preocupação constante. Tanto é que na terça-feira 26 o BC despejou US$2 bilhões no mercado à vista de câmbio em menos de seis horas (foi a maior intervenção desde fevereiro de 2009 — quando se vivia o auge da crise econômica global — que, contrariando as mentiras de Lula, foi bem mais que uma simples "marolinha").

Enquanto isso, o Pato Donald acusa (injustamente) o Brasil e a Argentina de desvalorizarem suas moedas e promete taxar as importações de aço e alumínio dos dois países. Isso mostra que a "relação especial" que o Pateta diz ter com Donald não passa de mais uma aleivosia. Aliás, alguém deveria informar ao capitão que países não têm amigos, têm interesses, sendo ingenuidade, portanto, achar que o Brasil obterá alguma deferência especial porque seu presidente é baba-ovo do colega norte-americano.

Para Josias de Souza, a ameaça de Trump foi uma paulada, mas Bolsonaro reagiu com inusitado respeito e inesperada compostura: "Não vejo isso como retaliação", disse o presidente, ainda sob efeito da pancada. Se Bolsonaro reagisse como Bolsonaro, diz Josias de Souza, ele esfregaria na cara do inquilino da Casa Branca a expressão preferida do próprio: "Isso é fake News, tá ok?". Em se tratando do mito, porém, a ficha demora a cair: "Se for o caso, falo com o Trump, tenho um canal aberto com ele."

Bolsonaro ainda não se deu conta de que sua relação especial com a Casa Branca foi uma espécie de conto do vigário que o levou a entregar a Trump a base espacial de Alcântara, a liberação da catraca do Brasil para turistas americanos, a importação de uma cota extra de etanol americano e até amor verdadeiro, e, em troca, só recebeu pauladas. Dizer que o Brasil quis derrubar a cotação do real de propósito para se tornar mais competitivo no agronegócio, prejudicando os produtores americanos, é bullshit de um Trump que tenta adular o eleitorado interno às vésperas de disputar uma reeleição difícil. Goofy já disse que ama Donald Duck, mas diplomacia não é coisa para amadores nem para amantes. Em condições normais, a relação pessoal dos dois deveria ser regulada pela Lei Maria da Penha, mas, na briga dos Estados Unidos com o Brasil, quem apanha é o interesse tupiniquim.

Agora o cúmulo dos cúmulos deste governo desajustado: O debate sobre a volta da prisão em segunda instância transformou nosso indômito presidente no segundo desaparecido político do regime bolsonarista. O primeiro foi o Fabrício Queiroz, o "faz-tudo" da família Bolsonaro.

Quando Fernando Bezerra, líder do governo no Senado, articula a coleta de assinaturas para retardar a votação do projeto sobre prisão prisão em segunda instância, diz Josias de Souza, a plateia fica autorizada a suspeitar que há um sósia de Bolsonaro no Palácio do Planalto.

O silêncio do presidente é estridente. O Bolsonaro legítimo, todos sabem, elegeu-se enrolado na bandeira da moralidade. Eleito, esse Bolsonaro inflexível com os maus costumes nomeou para o posto de ministro da Justiça Sergio Moro, um personagem que o presidente enxergava como símbolo nacional do combate à corrupção. De repente, o sósia do Planalto suja com o seu silêncio a imagem daquele Bolsonaro da campanha eleitoral.

Alguém se fazendo passar por Bolsonaro decerto nomeou Fernando Bezerra para o posto de líder. Trata-se, como também se sabe, de um ex-apoiador de Lula, ex-ministro de Dilma, cliente de caderneta da Lava-Jato. Agora, Bezerra se associa ao PT na articulação para retardar a volta da prisão na segunda instância.

Com o nó no pescoço, o líder do governo tenta afrouxar a corda. O pior é que ele é o único a fugir do nó. Há na Esplanada ministros investigados e denunciados. Há até um ministro condenado por improbidade. Há na casa de Bolsonaro um filho, Flávio, sob suspeita de peculato e lavagem de dinheiro. O Bolsonaro legítimo jamais silenciaria diante de um quadro assim.

Alguém precisa organizar uma incursão nos porões do Alvorada. O Bolsonaro genuíno, o autêntico, deve estar aprisionado em algum recanto sombrio do palácio residencial

Que Deus nos ajude.

domingo, 8 de dezembro de 2019

BOLSONARO E A REELEIÇÃO



Jair Bolsonaro, por um fenômeno até agora não esclarecido pelos nossos esclarecedores de questões nacionais, foi o único político de primeira grandeza no Brasil a entender que, para a maioria dos brasileiros, a polícia é uma coisa boa e bandido é uma coisa ruim. Noves fora os rematados idiotas de sempre, todo mundo sabe que policiais erram, que podem tratar mal o público e não investigar nem reprimir como deveriam os crimes cometidos, além de eles próprios cometerem uma série intolerável de atos criminosos. Mas também é sabido que não existe um único caso de bandido que esteja a favor do cidadão — e que qualquer policial, no fim das contas, é melhor que qualquer criminoso. Daí a “oposição”, parte da mídia, “movimentos sociais” e "defensores dos direitos humanos" tomarem partido contra as forças da ordem e a favor das forças do crime. E se mostrarem indignados, depois, quando a população prefere o capitão caverna a assassinos, ladrões e estupradores.

Segundo J.R. Guzzo, a grande questão da política brasileira, hoje, é a perspectiva real de Bolsonaro ficar no seu cargo não só pelos três anos de mandato a que ainda tem direito por conta da eleição de 2018, mas até 31 de dezembro de 2026. E não adianta fazer de conta que não é isso. É precisamente isso. Fala-se de tudo — da descomunal importância do presidente da Câmara para o futuro do Brasil e do Sistema Solar, do que se passa a cada minuto do dia na cabeça do presidente do Senado, dos entreveros de Bolsonaro com o sistema de pontos nas multas de trânsito. Discutem-se novos partidos, velhos partidos, centrão, centrinho, os filhos do presidente e o futuro de Lula: o que mais o STF pode fazer por ele?

Há, todos os dias, a crise da manhã, a crise da tarde e a crise da noite, com ameaça real, direta e imediata à sobrevivência do governo. Há de tudo — menos a discussão aberta da única coisa que de fato interessa: até quando Bolsonaro vai ficar? O resto é o resto.

Não se trata de um “Quiz” de adivinhação. Se o presidente ficar ”X” tempo, a sociedade brasileira terá uma cara; se ficar “X” + “Y”, terá outra. Não é mudança de governo. É mudança de vida. Daqui a três anos, se as coisas continuarem a andar do jeito que estão andando, o Brasil será um país tão diferente do que é hoje, mas tão diferente, que praticamente nada do que se discute no momento terá qualquer significado prático para o dia a dia dos brasileiros.

Se a história for ainda além, e Bolsonaro receber um segundo mandato — bom, aí estaremos entrando em território absolutamente virgem. É uma perspectiva que assusta até o fundo da alma toda a ordem política, econômica e social que manda hoje no Brasil, como tem mandado há décadas, ou mais do que isso. Assusta porque traz o insustentável peso da mudança para os que não querem que nada mude — ou que só mude aquilo que lhes interessa mudar. Mudam o sistema psicológico, a “ideologia”, os hábitos intelectuais, os valores, os usos e costumes.

Quem está contente com o Brasil como ele foi até hoje não pode estar contente com o Brasil desconhecido que talvez esteja vindo aí pela frente. Qual poderia ser ele? É uma perda de tempo, como se sabe, ficar preocupado em excesso com o futuro, porque ele virá de qualquer maneira. O que dá para fazer é uma lista de realidades — e ir checando, uma por uma, se elas estão mudando para melhor ou para pior. A economia, por exemplo. Pelos fatos que podem ser vistos hoje — e não pelos sentimentos que você tem a respeito deles — a situação tende a melhorar ou piorar?

O país, no futuro próximo, vai ter um outro STF e uma outra Justiça. A máquina pública deixará de crescer como cresceu nos últimos 50 anos. O Brasil, forçosamente, vai estar mais integrado às cadeias mundiais de produção. O “investimento público” deixará de ter o tratamento sagrado que tem hoje. Não haverá novas empresas estatais. As pressões da maioria sobre os donos da vida pública vão aumentar — entre outras coisas, não há nenhuma hipótese de que as redes sociais se tornem menores e mais silenciosas do que são hoje.

Todas essas coisas somadas, e uma infinidade de outras, são positivas ou não? Faça suas contas. O fato é que ninguém pode esperar uma vida melhor se não houver mudança nenhuma no lugar onde ela se tornou ruim.

Com J.R. Guzzo

sábado, 7 de dezembro de 2019

E DÁ-LHE ÓLEO DE PEROBA




A vida passa, o tempo voa, os governos mudam de Lula para Bolsonaro e o Brasil continua sem saber quem são os seus inimigos reais — aqueles que funcionam como um exército de ocupação, extorquem o seu dinheiro pelas mais diversas formas que o ser humano pode imaginar e impõem, no fim das contas, uma tirania não declarada sobre toda a população do país. Ou melhor: sabe-se muito bem quem são eles, até porque estão dia e noite em todas as plataformas da mídia. Mas não há mais ânimo nem meios nem força para combatê-los. 

O resultado é que fica todo mundo procurando saber o que há “de errado com esse país”, e o mais errado de tudo está na cara de todo mundo: a casta de parasitas que ocupa regiões inteiras do funcionalismo público nacional.

Concentram renda. Consomem recursos que pertencem a todos. Emperram o funcionamento da máquina que devia servir a população. Obrigam pessoas e empresas a obedecer regras que não existem na lei — são legisladores, executivos e juízes ao mesmo tempo. Levam o país a dispender três vezes mais esforço, trabalho e energia para avançar cada decimal de ponto no crescimento do PIB.

Grande parte da atividade realizada hoje pelo poder público brasileiro, talvez a maior parte, consiste na tarefa, jamais terminada, de atender essa gente — nomear, pagar, dar aumentos, apaziguar, fazer com que se reproduzam. Sua modalidade mais degenerada, provavelmente, são os cargos chamados DAS, uma manada que tem entre 20.000 e 25.000 pessoas só no governo federal. Ninguém, nem com os programas de computador mais irados, sabe ao certo quantos são. Consomem quantidades desconhecidas de dinheiro do erário em salários e benefícios — acima de R$ 1 bilhão por ano, certamente, mas podem estar custando muito mais que isso ao contribuinte.

Não têm, ao contrário do que se exige da imensa maioria dos servidores públicos, de prestar concurso ou demonstrar qualquer competência para ocupar os seus cargos. Eles são de “livre nomeação” do Poder Executivo, que os utiliza como moeda de troca para obter votos e apoio no Congresso.
São apadrinhados de senadores e deputados que chantageiam o governo 365 dias por ano com o mesmo problema: ou vocês nomeiam quem eu estou pedindo, ou então eu viro oposição na hora de votar seja lá o que for.

Isso é só um pedaço da tragédia. Nos níveis estaduais e municipais, a casta dos ocupantes de cargos de “livre provimento” deve andar por volta de 800.000 apaniguados. A despesa com eles, como ocorre com os demais números nessa salada, é incerta – mas tem sido calculada em alguma coisa entre R$ 30 bilhões e R$ 35 bilhões por ano.

Não se pode esquecer, enfim, os premiados com “funções especiais”, presentes também na área federal, e todos os que se beneficiam da usina de produzir trapaças no serviço público que funciona em tempo integral do Oiapoque ao Chuí. Em suma: quer saber por que falta tanta coisa, em termos das necessidades mais elementares para a população? Porque riquezas que são devidas a todos vão direto para a turma do “livre provimento” e dos políticos que a controlam. 

Há ainda muita coisa que poderia ser dita, mas será mais do mesmo. O fato é que está aí, nessa multidão que ocupa o verdadeiro centro nervoso do “debate político” no país, o mais intratável inimigo de toda a sociedade brasileira. Estão discutindo furiosamente, neste exato momento, a “liberação” de mais nomeações, fazendo um “esforço concentrado”, como eles próprios chamam as suas tentativas mais agressivas de aprovar com rapidez alguma coisa — em geral, alguma coisa da qual vão tirar proveito material imediato. Depois vão lhe dizer, nas mesas redondas de especialistas, que o Brasil está diante de graves problemas de “articulação política".

Como se sabe, o Congresso Nacional, uma das nossas “instituições”, roubou dos cidadãos deste país, em plena luz do dia, uma montanha de dinheiro para distribuir entre “os partidos”, com a desculpa velhaca de que precisam de recursos do erário público para pagar as despesas que têm de fazer no exercício da atividade política. É o infame “Fundo Partidário”. Na melhor das hipóteses, iriam meter a mão em 1,7 bilhão de reais. O governo tenta segurar o valor do assalto em 2 bi. Os deputados estão querendo mais de 4, simplesmente o dobro, para o ano que vem.

Não há uma única coisa em toda essa história que seja verdadeira. O dinheiro não vai para os “partidos” — vai, na prática, para as pessoas que mandam neles. É falso que, ao saquear dinheiro público, os políticos estejam evitando a extorsão de dinheiro privado para pagar suas campanhas eleitorais e outros gastos; vão fazer as duas coisas ao mesmo tempo, apenas isso. 

Os recursos do “Fundo Partidário” não se destinam a pagar despesas legítimas (vá lá) da ação política — os parlamentares querem usar esses bilhões para virtualmente tudo, do pagamento de diárias de motel a honorários de advogados criminalistas para defendê-los em seus processos na justiça. Quer saber quem são as pessoas honestas e quem são as desonestas no Congresso brasileiro? É muito fácil. Honesto, de verdade, só há um tipo: o que se recusa a usar a verba do “Fundo”.

É difícil encontrar uma maneira mais estúpida de se tomar decisões do que entregá-las a pessoas que não vão pagar nada se elas derem errado”, diz o pensador americano Thomas Sowell. Perfeito, professor. Eis um retrato maravilhoso de como as coisas funcionam neste país.

Com J.R. Guzzo.