sábado, 22 de julho de 2017

MAIS SOBRE IMPRESTÁVEIS



Pressionado pelo rombo no orçamento e pela dificuldade em fechar as contas deste ano, o presidente mais impopular da nossa história e sua equipe econômica (que, curiosamente, é a mais eficiente dos últimos 15 anos) resolveram que a solução não é controlar os gastos públicos, mas, sim, aumentar impostos, ou seja, mandar a fatura para os contribuintes, que, embora não suportem mais ver a cara do Temer, terão de pagar do bolso pelos votos favoráveis ao presidente na CCJ e no plenário da Câmara (e essa é só a primeira denúncia; se Janot cumprir o que prometeu, duas outras virão antes de setembro, quando então as negociações espúrias deverão se repetir).

Resumo da ópera: O governo dobrou o PIS/COFINS sobre os combustíveis, propiciando um aumento de R$ 0,41 no litro da gasolina, R$ 0,20 no do dieses e R$ 0,19 no do álcool (que era isento desse tributo). Fazendo uma “conta de padeiro”, encher o tanque com gasolina ficará R$ 25 mais caro ― considerando a capacidade média de 50 litros. Com álcool, a bordoada é menor ― cerca de R$ 10 ―, o que torna mais atrativa a opção por esse combustível (e como os postos podem estipular livremente seus preços e ninguém ainda revogou a Lei da Oferta e da Procura, o provável aumento da demanda certamente resultará em novos aumentos de preço para o consumidor final, até porque, no Brasil, os efeitos da livre-concorrência costumam ser inibidos pela prática de cartelização.

Mudando de pato para ganso, por determinação do juiz Sérgio Moro a eterna alma viva mais honesta do Universo teve mais R$ 9 milhões bloqueados pelo BrasilPrev (fundo de previdência do Banco do Brasil), relativos a um plano empresarial da LILS (empresa de palestras de Lula). O molusco indigesto marcou presença na manifestação realizada ontem à noite, na mais paulista das avenidas, que, a despeito do frio, conseguiu ocupou um quarteirão e meio!  E isso com dois carros de som e mortadela à vontade para os mercenários de sempre. A do Rio reuniu cerca de 500 pessoas, e a de Brasília, fiasco ainda maior, algo em torno de 150 participantes. Quem compareceu ouviu a cantilena de sempre em confronto aberto com a realidade. A saber:

Lula: "Esse é o primeiro ato, eles sabem que nós vamos conquistar eleições diretas para o povo brasileiro". (Não há o que conquistar. Primeiro porque já temos eleições diretas regulares ― as próximas, em 2018. Segundo porque o PT, de fato, não as deseja para já. Não está preparado para enfrentá-las. Prefere Temer, fraco, até o fim do mandato que era de Dilma.)

Lula: “Se a PF, o Ministério Público e o juiz Sérgio Moro tiverem uma prova de que recebi cinco centavos, por favor, me desmoralizem, me prendam”. (A sentença de Moro que condenou Lula é recheada de provas, mas o petralha e seus apoiadores abilolados jamais as reconhecerão, como até hoje não reconhecem que o mensalão do PT existiu e que mensaleiros foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal com base em fartas provas.)

Gleisi Hoffmann, presidente do PT: "Se querem ganhar do Lula, ganhem nas urnas, ganhem nos votos". (Pelo que fez ou deixou de fazer, foi Lula que cavou a própria situação de eventualmente não poder ser candidato caso a segunda instância da Justiça confirme a decisão de Moro. Ele é réu em mais quatro processos, e a denúncia que acrescentará mais um à conta deve ser aceita a qualquer momento).

Lindbergh Farias: “Eles não estão nem aí se o Brasil está voltando para o mapa da fome". (A maior recessão econômica da história do Brasil, que desempregou mais de 14 milhões de pessoas, é obra do primeiro e do segundo governo de Dilma. Foi a recessão que devolveu à miséria muitos que haviam se livrado dela durante os dois governos de Lula).
Para fechar com chave de ouro: Paulo Okamoto, presidente do INSTITUTO LULA, que foi absolvido por falta de provas no processo em que seu chefe foi condenado a 9 anos de seis meses de prisão, recorreu da sentença. É mole?

Com Blog do Noblat.

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sexta-feira, 21 de julho de 2017

VOCÊ CONHECE SEU PC? Parte XII

 “MEU SILÊNCIO NÃO ESTÁ À VENDA”, DISSE CUNHA. ORA, SE NÃO ESTÁ À VENDA, MUITO PROVAVELMENTE É PORQUE JÁ FOI COMPRADO.

O subsistema de vídeo, formado pelo monitor e pela placa gráfica, representa o principal meio de comunicação do PC com o usuário. De uma década para cá, os anacrônicos, volumosos e desajeitados monitores "de tubo" (CRT) deram lugar às telas de cristal líquido (LCD), que são mais finas e elegantes, gastam menos energia, geram menos calor, acumulam menos poeira e não estão sujeitas ao famigerado efeito flicker (cintilação).

Observação: Houve quem apostasse nas telas de plasma como substitutas do velho tubo, mas por diversas razões (dentre as quais vale citar o custo de produção elevado e, consequentemente, o preço final nas alturas), essa tecnologia acabou sendo aproveitada na construção de monitores de TV de telas imensas.

As caixas acústicas foram incorporadas aos PCs quando os drives de CD se popularizaram. Até o final dos anos 90, era preciso comprar esse componente em separado, o que não fazia muito sentido, pois os aparelhos nem sequer dispunham de uma placa de som ― contavam apenas com um pequeno alto-falante, no interior do gabinete, que era mais do que suficiente para reproduzir os "bips" produzidos pelo BIOS durante o boot e os sons rudimentares de alguns games. Todavia, quem gosta de ouvir música no PC (ou assistir a clipes de vídeo e filmes em streaming) não ficará satisfeito com o som reproduzido pelas caixinhas chinfrim que acompanham os desktops ― ou os falantes embutidos nos notebooks. Nesse caso, vale a pena adquirir um conjunto de melhor qualidade, amplificado e com sub-woofer integrado, ou, alternativamente, recorrer a bons fones de ouvido.

O modem analógico também não acompanhava os PCs de primeiras safras, mas passou a ser integrado quando o acesso à Internet via rede dial-up (conexão discada, lembrar?) começou a se tornar popular entre usuários domésticos. Anos mais tarde, a disseminação da banda larga levou os fabricantes a não mais fornecer o dispositivo (e o mesmo aconteceu com o floppy drive e o drive de mídia óptica, primeiro nos notebooks, depois nos modelos all-in-one). Já a placa de rede (LAN), utilizada na conexão em banda larga cabeada, também vem sumindo das prateleiras, notadamente depois que os smartphones e, mais adiante, os tablets popularizaram o uso dos ― hoje onipresentes ― roteadores wireless.

Por último, mas não menos importante, o teclado e o mouse, que são os principais dispositivos de entrada de dados. Existem modelos para todos os gostos e bolsos, mas um conjunto básico wireless (sem fio) das marcas Microsoft ou Logitech, por exemplo, oferece funcionalidade bastante aceitáveis e são comercializados a preços acessíveis. Quanto à conexão com o PC, a interface utilizada atualmente é a USB, que apresenta vantagens indiscutíveis em relação aos obsoletos conectores DIN/Mini-DIN, que desapareceram das prateleiras.

Observação: Não é boa política pagar caro por teclados ou mouses repletos de funções que você dificilmente irá utilizar e uma profusão de botões cuja finalidade você dificilmente se dará ao trabalho de programar

Se você usa um notebook como substituto do desktop, saiba que pode “substituir” o touchpad (aquele "tapetinho" que faz o papel do mouse) e o próprio teclado do aparelho por modelos convencionais, com interfaces USB. Na maioria dos casos, basta plugar os periféricos e reiniciar o computador para que o Windows os reconheça automaticamente.

Já os joysticks são úteis para gamers de carteirinha, já que alguns jogos são tão complexos que é quase impossível executá-los via teclado/mouse. Alguns modelos são até melhores do que os consoles dedicados, mas só vale investir nisso se você realmente é fã de games; do contrário, esses dispositivos são tão inúteis quanto pente em bolso de careca.

Isso encerra esta sequência, pessoal. Abraços e até o próximo post.

IMPRESTÁVEIS DO PRIMEIRO AO QUINTO!

PT, sindicatos e movimentos sociais ligados à quadrilha ficaram de realizar atos em defesa de Lula e pelo “Fora Temer”, pelas “diretas já” e outras bobagens que tais. Aqui em Sampa, a corja de desocupados e os vândalos que tradicionalmente vêm no pacote prometeram se reunir defronte o vão livre do MASP, como já se acostumaram a fazer. Parece que a festinha de embalo, marcada para o final da tarde desta quinta-feira, vai contar com a presença da bandida/chefa da quadrilha e ré na Lava-Jato Gleisi Hoffmann, do comandante máximo da ORCRIM e de uma certa anta vermelha com cérebro de ameba. Para quem gosta de merda, é um prato cheio.

Observação: Estou escrevendo este texto no meio da tarde da quinta-feira, de modo que a avaliação dos movimentos ficará para a manhã de sexta.

Além da capital e do estado de São Paulo, Rio, Bahia, Minas, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Brasília também devem ser brindados com atos similares. E no próximo dia 27 será a vez do Vem Pra Rua, com sua “Marcha Contra a Impunidade e Pela Renovação”, que pede a saída de Temer, a prisão de Lula, e o andamento célere das condenações e a prisão dos facínoras que tomaram de assalto o país.

Está mais que na hora de acabar com essa palhaçada, jogar uma pá de cal nesse revanchismo idiota e formar uma frente coesa contra a impunidade, em prol de uma reforma cabal na política, com a imediata deposição de TODOS os parlamentares enrolados na Justiça e substituição do purgativo Michel Miguel Elias Temer Lulia pelo próximo na linha sucessória QUE NÃO SEJA RÉU NEM ALVO DE INVESTIGAÇÃO NA LAVA-JATO.

Esse enredo falacioso de “ruim com Temer, pior sem ele” é tão convincente quanto a inocência de Lula. Pior sem Temer? Só se for para ele e seus confluentes, como já se viu no plano internacional ― onde o presidente já não encontra abrigo ―, na economia ― onde o mercado já “precificou” a troca de comando ―, e na política ― onde é a presença de Temer, e não seu possível afastamento, o maior fator de instabilidade. Essa história de que a deposição (mais uma) do chefe do Executivo agravaria a crise só reverbera entre a reduzidíssima confraria de apaniguados que apoia Michel Temer por interesses pessoais. Fora do círculo de ministros e assessores do presidente, contam-se nos dedos (da mão esquerda de Lula) os poucos gatos-pingados que defendem sua permanência no cargo ― e apesar do esforço que o Planalto tem feito para demonstrar o contrário, Rodrigo Maia não é um deles, como ficou claro, na última terça-feira.

É certo que tudo isso não passa de um jogo de interesses, no qual as peças mudam no tabuleiro como as imagens num caleidoscópio. Temer, ministros e dirigentes do DEM minimizaram os fatos e agora dizem que a questão está superada. Pode até estar, mas não se sabe até quando.

Claro que não é hora para construir muros, mas sim pontes na relação com aliados. Todavia, como cada deputado irá votar no próximo dia 2 ― caso se consiga quórum de 342 parlamentares, sem o que a votação não pode ser iniciada ― vai depender do que acontecer até lá. Faltam 11 dias, mas no contexto político atual, onde tudo muda o tempo todo... Enfim, vamos acompanhar e ver o que vai dar.

E já que estamos falando em imprestáveis, Lula parece alimentar esperanças de reverter a condenação imposta por Moro no TRF4. A cantilena é a de sempre, ou seja, ele é uma vítima inocente, um perseguido político, e blá, blá, blá. Segundo a Folha de S. Paulo, dois dos desembargadores da 8ª Turma, que vai julgar o recurso de Lula, aplicaram, na última quarta-feira, aquela que pode ser a maior pena da Lava Jato. Eles condenaram Sérgio Mendes, da Mendes Jr, a 47 anos e 3 meses de prisão ― a sentença do juiz Sergio Moro tinha sido bem mais camarada: 19 anos e 4 meses. Lula lá!

Para encerrar, a versão condensada de um texto de Ricardo Noblat:

Nada mais natural e ao mesmo tempo moralmente indefensável do que distribuir cargos e verbas em troca de votos de parlamentares. É o que Michel Temer vem fazendo desde o primeiro dia como presidente (interino), o que fizeram todos os governos que o antecederam e o que farão os que o sucederem, infelizmente. Até porque um presidente que se cercasse de adversários e desprezasse os aliados não resistiria no cargo durante muito tempo. Mas aqui os cargos e verbas públicas são usadas para que parlamentares abiquem de suas convicções e traiam seus eleitores. 

Os presidentes não loteiam os cargos com o propósito de que eles sejam usados para roubar, mas sabem isso ocorrerá, discreta ou explicitamente, e é por isso que o sistema político brasileiro apodreceu. Raros são os candidatos que bancam do próprio bolso a sua campanha. A maioria paga as contas e forram seus bolsos com o dinheiro do fundo do partidário e com o que arrecadam através de apaniguados bem colocados no serviço público.

É à base do toma-lá-me-dá-cá que são produzidas as mais tenebrosas transações e, ao final, quem paga a conta são os contribuintes. É por isso que governos impopulares como o atual conseguem sobreviver às mais precárias situações. Podem ser fracos da porta da rua para fora, mas são fortes da porta do Congresso para dentro.

E como hoje é sexta-feira:


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quinta-feira, 20 de julho de 2017

PRIVACIDADE ― WHATSAPP ― BARBAS DE MOLHO

A CRIANÇA DIZ O QUE FAZ, O VELHO DIZ O QUE FEZ E O IDIOTA, O QUE VAI FAZER.

Usuários de smartphones têm uma relação de amor e ódio com o WhatsApp ― mais de amor que de ódio, a julgar pelo número de gatos-pingados que, como eu, não aprecia esse aplicativo. Como não faria sentido ignorar os interesses da maioria, resolvi publicar algumas dicas que ajudam os usuários do WhatsApp a se proteger de riscos que vão de “simples infecções virais” à espionagem, chantagem virtual e falcatruas financeiras.

A primeira dica tem a ver com o nome, foto e status, que dizem muito sobre o usuário, mas que é possível manter longe dos curiosos acessando as “Opções de Privacidade” do WhatsApp e restringindo as permissões de acesso. Vale usar um nickname (apelido) em vez do nome verdadeiro e substituir a foto por uma imagem ― como do Homem Aranha, do Mickey Mouse, do Ursinho Puff ―, digamos, menos reveladora.

Igualmente recomendável é não enviar dados confidencias através de SMS, programas mensageiros em geral e mensagens de email. Esses dados trafegam “abertos”, como num cartão postal, e não envelopados e lacrados, como nas cartas que, séculos atrás, eram enviadas pelo correio.
Convém também redobrar os cuidados com fica armazenado na memória do celular. Câmeras fotográficas e filmadoras acopladas aos smartphones propiciam nudes e filmagens tórridas que podem ser motivo de constrangimento se caírem em mãos erradas (ou forem visualizadas por olhos errados, melhor dizendo). 

Convém salvar qualquer arquivo pessoal, mesmo a lista de contatos, na memória do chip da operadora ou, se o aparelho permitir, num cartãozinho de memória (tipo SD Card). Mais hora, menos hora, seu telefone vai trocar de mãos, seja por motivo de perda, furto ou venda/doação (no caso da compra de um aparelho novo) e deletar os arquivos da memória interna não garante que eles não possam ser recuperados por bisbilhoteiros. 

A maioria dos smartphones aceita SD Cards e afins, com a notória exceção do iPhone e de alguns modelos de outros fabricantes). Em assim procedendo, basta instalar o SIM Card da operadora e transferir o cartão de memória para o aparelho novo para matar dois coelhos com uma única bordoada: ter seus arquivos disponíveis imediatamente e evitar a trabalheira de apagar a memória com aplicativos dedicados (para saber mais sobre a exclusão definitiva de arquivos e programinhas que auxiliam nessa tarefa, acesse esta postagem (e não deixe de ler também os comentários, que enriquecem as informações elencadas no texto do post).

Volto a este assunto numa próxima postagem, depois de encerrar a sequência “Você conhece seu PC?”. 


HAJA CINISMO! E DINHEIRO!

Em 2010, depois de 85 dias em greve de fome, o preso político cubano Orlando Zapata Tamayo morreu numa cadeia de Havana. Lula, notório puxa-saco de Fidel, esteve lá para pontificar: “greve de fome não pode servir como um pretexto de direitos humanos para libertar pessoas”. Isso depois de ele próprio ter brincado de grevista faminto no extinto DOPS ― chefiado pelo camarada Romeu Tuma ― durante a ditadura militar, como relembra o jornalista Augusto Nunes.

Para Lula, não havia diferença entre os dissidentes que lutavam pela liberdade e os ladrões que povoam o sistema carcerário paulista. Sete anos e meio depois, ele foi condenado a nove anos e seis meses de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, transformando-se numa versão mais famosa dos criminosos comuns encarcerados nos presídios de São Paulo. Mas o farsante boquirroto continua caprichando no papel de perseguido político. Haja cinismo.

No mesmo palavrório em Havana, sua insolência explicou por que se recusara a interceder pela libertação de vinte presos políticos de verdade: “Preciso respeitar a determinação da Justiça e do governo cubano de prender as pessoas pela lei de Cuba, como quero que respeitem o Brasil”. Na esteira desse raciocínio, seu velho cumpanhêro Raul Castro está proibido (pelo próprio Lula) de solidarizar-se com o petista condenado. Precisa respeitar a Justiça brasileira, que se limitou a cumprir seu papel e punir, na forma da lei, um ex-presidente que se tornou um fora-da-lei. E o pior é que ainda tem quem se disponha a votar nessa aberração!

E já que estamos no assunto, o juiz Sérgio Moro ordenou, na última terça-feira, a pedido do Ministério Público Federal, o bloqueio de R$ 606.727,12 do molusco sem dedo. O dinheiro foi encontrado em quatro contas de Lula: R$ 397.636,09 (Banco do Brasil), R$ 123.831,05 (Caixa Econômica Federal), R$ 63.702,54 (Bradesco) e R$ 21.557,44 (Itaú). Além disso, Moro também confiscou três apartamentos e um terreno, todos em São Bernardo do Campo, além de dois automóveis.

No pedido, a PGR afirmou que, no exercício da presidência, o petralha comandou a formação de um esquema delituoso de desvio de recursos públicos e usou o dinheiro para se perpetuar no poder mediante compra de apoio parlamentar, financiar campanhas eleitorais e aumentar ilicitamente seu patrimônio. Os procuradores da força-tarefa da Lava-Jato queriam o bloqueio de quase R$ 200 milhões, incluindo multas e acréscimos a título de reparação de danos, embora não atribua esse patrimônio a Lula; o montante faz parte de um cálculo efetuado por procuradores com base em danos à Petrobrás. Além do sapo barbudo, o pedido incluiu como alvo do confisco a falecida Marisa Letícia, que teve extinta sua punibilidade.

Na sentença em que condenou Lula a 9 anos e 6 meses de prisão, Moro decretou o confisco do tríplex do Guarujá e impôs multa de R$ 16 milhões ao petista e a outros dois réus ― o empreiteiro Léo Pinheiro e o executivo Agenor Franklin Medeiros, da OAS. “Neste processo, pleiteia (Ministério Público Federal) o sequestro de bens do ex-presidente para recuperação do produto do crime e o arresto dos mesmos bens para garantir a reparação do dano”, anotou o juiz, referindo-se à Petrobras, vítima do esquema de cartel e propinas instalado em suas principais diretorias entre 2004 e 2014. 

O magistrado detalhou os valores que deveriam ser bloqueados de Lula: “Como já decretado o sequestro e o confisco do apartamento, o valor correspondente deve ser descontado dos dezesseis milhões, restando R$ 13.747.528,00. Cabe, portanto, a constrição de bens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva até o montante de R$ 13.747.528,00.”

Claro que a defesa do petralha chiou. Para Zanin e companhia, a decisão “retira de Lula a disponibilidade de todos os seus bens e valores, prejudicando sua subsistência, assim como a subsistência de sua família, sendo mais uma arbitrariedade dentre tantas outras já cometidas pelo mesmo juízo contra o ex-presidente”. Tadinho dele, né? 

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quarta-feira, 19 de julho de 2017

VOCÊ CONHECE SEU PC? Parte XI

NÃO É TRISTE MUDAR DE IDEIAS, TRISTE É NÃO TER IDEIAS PARA MUDAR.

Ainda sobre o drive de HDD (ou drive de disco rígido), em meados da década passada o jurássico padrão IDE ATA (ou PATA) foi substituído pelo SATA, devido não somente ao melhor desempenho, mas também à facilidade de instalação (que dispensava a configuração Master/Slave), ao suporte ao Plug’n’Play real (que já permitia a conexão “a quente”, ou seja, sem desligar o computador, como nas interfaces USB), e aos cabos e conectores de apenas 7 vias ― que ocupavam menos espaço e permitiam uma melhor circulação do ar no interior do gabinete ―, que eram mais estreitos e maleáveis do que os cabos flat (chatos) de 80 vias utilizados pelo padrão PATA.

Mesmo que dificilmente o leitor tencione realizar uma integração caseira, até porque essa opção deixou de ser economicamente atraente, embora seja a única maneira de configurar a máquina a seu gosto e de acordo com seu perfil de usuário, sempre existe a possibilidade de o drive de HD original de uma máquina comprada pronta dar pau, e aí será preciso substituí-lo.  

Eu sei que é remota a possibilidade de alguém se preocupar com a escolha de um drive, já que, como dito anteriormente, quase ninguém mais, hoje em dia, se aventura a montar seu computador em casa. Mesmo assim, vale a recomendação de fuçar as especificações técnicas do aparelho, no ato da compra, e dar preferência a modelos que tragam drives de marcas tradicionais (SAMSUNG, TOSHIBA, SEAGATE, WESTERN DIGITAL, etc.) e com fartura de espaço para armazenamento de dados. Vale também atentar para a densidade da mídia, a rotação dos discos (quanto maiores esses valores, melhores serão as taxas de transferência e o desempenho do dispositivo) e o tempo médio de acesso (quanto menor, melhor). Se seu orçamento permitir, prefira um modelo SSD, que ainda tem preço salgado, mas é muito mais rápido que o drive eletromecânico tradicional (para saber mais, clique aqui, aqui e aqui).

Quanto aos demais drives, o FDD (floppy drive ou drive de disquete) sumiu do mapa há alguns anos, pois, depois de décadas de bons serviços prestados, ele se fazia presente em alguns modelos por uma questão protocolar, não por real necessidade. E o drive de mídia óptica segue pelo mesmo caminho e faz a viagem bem mais rapidamente: com a popularização da banda larga, ouvir música em rádios online é mais prático (e menos arriscado) do que recorrer a redes de compartilhamento P2P (como o KaZaA, o LimeWire e distinta companhia) para criar acervos personalizados e queimá-los em CDs. A instalação de softwares, tanto freewares quanto pagos, ser feita via download, o que dispensa o usuário de adquirir os arquivos em mídia óptica (embora em determinadas situações seja interessante dispor do disco, como no caso do Windows e de suítes de segurança cujas mídias servem também como disco de resgate). E para quem gosta de assistir a um bom filme ou seriado na tela do computador, o Netflix oferece mais benefícios por um custo inferior ao da locação de DVDs (que era tão popular até poucos anos atrás). Aliás, com o Chromecast ou com a Apple TV, por exemplo, você pode assistir à programação no seu televisor, mesmo que o aparelha não seja Smart.

Continuamos no próximo capítulo.

PONDO OS PINGOS NOS IS

Já me senti tentado ― e mais de uma vez ― a limitar meus textos à pura e simples exposição dos fatos, permitindo ao leitor tirar suas conclusões sem a influência de minhas opiniões. No entanto, o post não é um artigo de jornal ou revista, onde o texto dissertativo de cunho não ficcional tem como objetivo relatar fatos, pessoas ou circunstâncias, até porque a opinião do veículo é expressa no editorial e a dos jornalistas e colaboradores, em suas respectivas colunas.

Em minhas postagens, os fatos são a matéria prima, não o produto acabado. Não fosse assim, não faria sentido escrevê-las. Mas daí a distorcer as informações para adequá-las a paradigmas ideológicos ou partidários ― como fazem diversos blogueiros e até profissionais da imprensa ― vai uma longa distância. Dito isso, passemos ao assunto do dia.

A condenação de Lula pelo juiz Sérgio Moro eram favas contadas, e já foi devidamente comentada em postagens anteriores (para ler a sentença, clique aqui, mas tenha em mente que a peça tem mais de 200 páginas). Igualmente esperada era a interposição de recurso pela defesa do ex-presidente (aliás, o MPF deve recorrer da decisão, notadamente porque Lula foi absolvido das “imputações de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo o armazenamento do acervo presidencial por falta de prova suficiente da materialidade”). Antes de apelar para o TRF4, no entanto, os advogados de sua insolência ingressaram com embargos de declaração, supostamente para esclarecer “dez omissões” na sentença ― só que o documento de 67 páginas detalhou apenas 9, mas até aí morreu o Neves.

Moro acolheu o recurso, deu suas explicações, repetiu nove vezes que não houve omissão, obscuridade ou contradição no ponto e concluiu: “Quanto aos embargos de declaração da defesa, inexistem omissões, obscuridades ou contradições na sentença, devendo a defesa apresentar os seus argumentos de impugnação da sentença em eventual apelação e não em incabíveis embargos. Embora ausentes omissões, obscuridades ou contradições na sentença, recebo os embargos para os esclarecimentos”.

Observação: Vale esclarecer que, a despeito do que foi amplamente divulgado logo após a publicação da sentença, Lula ficará inelegível por 7 anos, e não por 19, já que o magistrado lhe impôs essa pena pelo dobro do tempo da condenação referente ao crime de lavagem de dinheiro (3 anos e 6 meses), e não pelo dobro do total da pena, que envolveu também o crime de corrupção passiva e totalizou 9 anos e 6 meses de prisão em regime fechado.

Os recursos de apelação ― tanto do réu quanto da acusação ― serão julgados pela 8ª Turma do TRF4, em Porto Alegre, cujo histórico na Lava-Jato é amplamente desfavorável aos réus. Das 40 condenações proferidas pela 13ª Vara Federal de Curitiba e já julgadas em segunda instância, apenas cinco foram revertidas. Em 15 casos, as penas foram aumentadas em 116 anos de prisão. Na média, os recursos foram julgados um ano e quatro meses após a decisão original, mas a estimativa do presidente do Tribunal, Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, é de que, no caso em assunto, a 8ª Turma se pronuncie até agosto de 2018 ― antes das eleições, portanto. Isso é de importância fundamental porque, uma vez confirmada a sentença, Lula estará sujeito à “Lei da Ficha Limpa” e não poderá concorrer à presidência da República no pleito do ano que vem. No entanto, o desembargador salientou que "não haverá nenhum privilégio" para acelerar o andamento do processo no TRF4.

Embora pudesse ter pedido a prisão preventiva de Lula e entendesse que não faltavam razões para fazê-lo ― tais como “iniciativas inapropriadas” do ex-presidente para intimidá-lo e também intimidar policiais federais, procuradores e jornalistas, além de tentativas de destruição de provas ―, o juiz Moro ponderou que a prisão cautelar de um ex-presidente da República “não deixa de envolver certos traumas, e a prudência recomenda que se aguarde o julgamento pela Corte de Apelação antes de se extraírem as consequências próprias da condenação”. A pergunta é: o que acontecerá se o TRF4 demorar para julgar o caso e Lula tiver tempo de registrar sua candidatura? A resposta é: só Deus sabe. Vejamos isso melhor:

Segundo o entendimento atual do STF, a condenação em segunda instância invalida a presunção de inocência e o réu passa a cumprir a pena, mesmo que recorra a instâncias superiores (no caso, o STJ e o próprio STF). Por outro lado, na hipótese de o STJ acolher um pedido da defesa e suspender liminarmente os efeitos da condenação, aí a porca torce o rabo, pois a situação seria inédita ― ou seja, não existe jurisprudência firmada. No entanto, o entendimento da maioria dos juristas é de que, em advindo a condenação em segunda instância depois que Lula tiver registrado sua candidatura, o registro será cassado. Na hipótese de ele ser eleito e condenado após sua diplomação, a lei prevê que o diploma seja considerado nulo, mas, por se tratar de uma eleição presidencial ― caso em que a Constituição determina a suspensão de qualquer processo que envolva o novo presidente ―, sobrevirá um intenso debate jurídico, pois “nunca antes na história deste país” aconteceu algo parecido e, portanto, não existe jurisprudência formada.

Volto a dizer que seria fundamental o STF se pronunciar o quanto antes sobre uma questão que parece ter caído no esquecimento geral: se a maioria dos ministros já se posicionou no sentido de que réus em ações penais não podem substituir o presidente da República interinamente ― vale lembrar o caso de Renan Calheiros, que foi afastado da linha sucessória presidencial quando se tornou réu por peculato ―, faz sentido um réu condenado, como é caso de Lula, disputar à presidência da República?

Enfim, estamos no Brasil. E viva o povo brasileiro.

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terça-feira, 18 de julho de 2017

VOCÊ CONHECE SEU PC? Parte X

BONS ARTISTAS COPIAM, GRANDES ARTISTAS ROUBAM, VERDADEIROS ARTISTAS SIMPLIFICAM. 

As placas-mãe se dividem ainda em onboard e offboard, embora essa nomenclatura fizesse mais sentido na pré-história dos microcomputadores, quando os modelos offboard traziam quase que exclusivamente o BIOS e o chipset ― todos os demais componentes, aí incluídos o coprocessador matemático, as controladoras dos drives de disquete e HD, as portas seriais, de impressora (paralela) e a memória cache eram vendidos separadamente e instalados em soquetes apropriados (para saber mais, clique aqui).

A cada nova geração, mais recursos são integrados aos circuitos das placas-mãe e respectivos chipsets (seu principal componente lógico), visando reduzir a quantidade de dispositivos autônomos e, por tabela, o custo final do aparelho. Para os fabricantes de chipsets, é conveniente embutir funções adicionais no "espaço ocioso" deixado pela progressiva miniaturização dos transistores, e como os fabricantes de placas precisam apenas adicionar os conectores apropriados para permitir seu aproveitamento, junta-se a fome à vontade de comer. Também nesse caso uma máquina comprada pronta limita as opções do usuário a aceitar ou recusar a configuração definida pelo fabricante, de modo que não há muito para onde correr.

O HDD, como já foi mencionado anteriormente, é a “memória de massa” do sistema e tem por função armazenar os de modo persistente. O primeiro modelo de que se tem notícia foi fabricado em meados do século passado pela IBM, e embora fosse composto de 50 pratos de 24 polegadas de diâmetro, sua capacidade de armazenamento mal chegava a 5MB. De lá para cá, a evolução tecnológica cumpriu seu papel, e esses componentes não só diminuíram de tamanho caíram de preço, mas também passaram a oferecer cada vez mais espaço: hoje, qualquer PC de entrada de linha integra um drive de pelo menos 500GB (já existem modelos com capacidade dezenas de vezes maior).

O resto fica para a próxima, pessoal. Até lá.

FICOU PARA AGOSTO, PARA SETEMBRO, OU PARA AS CALENDAS GREGAS.

Depois da substituição (imoral) de 13 dos 66 integrantes da CCJ do Senado e da farta distribuição de verbas parlamentares, ofertas de parcelamento de dívidas de prefeituras e outras benesses prometidas a políticos que se vendem como prostitutas em bordéis, o relatório alternativo (do tucano Paulo Abi-Ackel, que integra a “panelinha” de Aécio Neves) foi aprovado, mas os conspícuos congressistas anteciparam o recesso, bateram as asas e voaram para suas bases, inviabilizando tanto a leitura do relatório ― procedimento regimental indispensável à inclusão do tema na pauta de votação ―, já que somente 13 deputados registraram presença na Câmara, nesta segunda-feira, quando seriam necessários 51 para a abertura da sessão.

Fica evidente, portanto, que nem o governo nem a oposição seriam capazes de reunir os 342 deputados necessários para votar a autorização da denúncia da PGR contra Temer, que deve ficar mesmo para agosto, quando suas excelências retornarem das “merecidas férias”, ou para as calendas gregas, como afirmam alguns palpiteiros de plantão.

Ministros, assessores e outros baba-ovos do presidente se revezam em entrevistas, pontuando a necessidade de virar essa página o quanto antes, sem o que a Câmara não pode retomar a pauta de votações e aprovar reformas importantes, etc. e tal ― como se estivessem realmente preocupados com os interesses da nação, e não em salvar o “chefe” (para não cair junto com ele). Depois, em novo discurso, cantaram a vitória do governo e disseram que o problema passou a ser da oposição ― mas o fato é que tentaram até o último momento garantir a votação antes do recesso; só que não conseguiram sensibilizar nem mesmo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que não moveu uma palha para acelerar o cronograma.

Observação: Botafogo, como Maia era chamado na lista de propinas da Odebrecht, ou Bolinha, como se refere a ele alguns desafetos, seria, pelo menos em tese, aliado do Planalto, mas é o primeiro na lista sucessória presidencial e, portanto, o maior beneficiário de uma eventual deposição de Michel Temer ― daí dizerem que ele foi “picado pela mosca azul”, numa alusão ao poema Mosca Azul, de Machado de Assis (*).

Ainda no mês passado, Maia teria dito em off que a votação da denúncia só ocorreria em plenário depois do recesso, o que que agora se confirma. Para o ministro chefe da Casa Civil ― mais um do primeiro escalão que é réu no Supremo e investigado na Lava-Jato ―, o Bolinha tem sido de uma lealdade absoluta, mas, na prática, se não conspira abertamente ― como fez Temer durante o impeachment de Dilma ―, ele tampouco torce a favor do “chefe”. Até porque já vem se formando um consenso em torno de seu nome, com apoio de parlamentares e de setores da economia, que o consideram uma alternativa válida para substituir o impopular e desmoralizado presidente de plantão, dar andamento às reformas e comandar o país até o final de 2018).

Os próximos 15 dias serão de expectativa para Michel Temer. O doleiro Lúcio Funaro e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha disputam o interesse dos investigadores por suas possíveis delações, que focam na cúpula do PMDB (detalhes nesta postagem). E se o Planalto tinha votos suficientes para enterrar essa primeira denúncia (Janot deve apresentar mais duas antes de deixar a PGR, em meados de setembro), caso quórum para votá-la na sexta-feira passada ou nesta segunda, nada garante que o mesmo ocorra em agosto, pois, pressionados pelas bases durante o recesso, muitos deputados podem não estar propensos a apoiar o governo agonizante de um presidente impopular e acusado de corrupção passiva.

A condenação de Lula pelo juiz Sérgio Moro contribuiu para mudar, ainda que temporariamente, o foco dos holofotes, e a aprovação do texto base da reforma trabalhista deu algum fôlego ao governo, mas não é o caso de soltar rojões. E já que falamos no petralha mor, vejam mais um escárnio, mais um tapa na cara da sociedade de bem: O deputado petista Vicente Cândido pariu uma excrescência que já vem sendo chamada de "Emenda Lula". A proposta, feita sob medida para favorecer o molusco abjeto, visa aumentar de 15 dias para oito meses o período anterior às eleições em que presumíveis candidatos só podem ser presos em flagrante delito. Mas é possível que essa questão nem chegue a ser debatida na Câmara, até porque foi colocada pelo relator da proposta de reforma política sem ter sequer o consenso de seus colegas de bancada, e vem sendo repudiada pela maioria dos parlamentares.

Pela proposta esdrúxula, os postulantes apresentariam à Justiça Eleitoral uma declaração de que serão candidatos nas eleições de Outubro, e a partir daí ficariam imunes à prisão. Segundo Merval Pereira, essa patacoada evitaria apenas uma eventual prisão de Lula, e não sua inelegibilidade, sem mencionar que poderia ser alvo de contestação no Supremo, pois os autodeclarados candidatos deixariam de ser cidadãos iguais aos demais, o que contraria a Constituição. Em última análise, bastaria que um bandido, mesmo que não fosse parlamentar, se apresentasse como possível candidato para estar livre da prisão por oito meses, abrindo uma nova modalidade de ilegalidade aos partidos políticos: a venda de vagas para a imunidade.

Mais uma vez, as propostas de mudança nas regras eleitorais estão sendo utilizadas para resolver interesses pontuais. Quem observa os deputados federais tem a clara impressão de que “a ficha ainda não caiu”. A despeito de o atual sistema ter-se esgotado, arrastado para a vala dos escândalos de corrupção, ainda há parlamentares apegados, que não conseguem pensar em outra maneira de fazer campanha, de se relacionar com o poder Executivo ou mesmo de manter o padrão de vida conquistado nos últimos anos.

(*) Para encerrar, o poema Mosca Azul, de Machado de Assis:

Era uma mosca azul, asas de ouro e granada,
Filha da China ou do Indostão.
Que entre as folhas brotou de uma rosa encarnada.
Em certa noite de verão.

E zumbia, e voava, e voava, e zumbia,
Refulgindo ao clarão do sol
E da lua — melhor do que refulgiria
Um brilhante do Grão-Mogol.

Um poleá que a viu, espantado e tristonho,
Um poleá lhe perguntou:
— "Mosca, esse refulgir, que mais parece um sonho,
Dize, quem foi que te ensinou?"

Então ela, voando e revoando, disse:
— "Eu sou a vida, eu sou a flor
Das graças, o padrão da eterna meninice,
E mais a glória, e mais o amor".

E ele deixou-se estar a contemplá-la, mudo
E tranqüilo, como um faquir,
Como alguém que ficou deslembrado de tudo,
Sem comparar, nem refletir.

Entre as asas do inseto a voltear no espaço,
Uma coisa me pareceu
Que surdia, com todo o resplendor de um paço,
Eu vi um rosto que era o seu.

Era ele, era um rei, o rei de Cachemira,
Que tinha sobre o colo nu
Um imenso colar de opala, e uma safira
Tirada ao corpo de Vixnu.

Cem mulheres em flor, cem nairas superfinas,
Aos pés dele, no liso chão,
Espreguiçam sorrindo as suas graças finas,
E todo o amor que têm lhe dão.

Mudos, graves, de pé, cem etíopes feios,
Com grandes leques de avestruz,
Refrescam-lhes de manso os aromados seios.
Voluptuosamente nus.

Vinha a glória depois; — quatorze reis vencidos,
E enfim as páreas triunfais
De trezentas nações, e os parabéns unidos
Das coroas ocidentais.

Mas o melhor de tudo é que no rosto aberto
Das mulheres e dos varões,
Como em água que deixa o fundo descoberto,
Via limpos os corações.

Então ele, estendendo a mão calosa e tosca.
Afeita a só carpintejar,
Com um gesto pegou na fulgurante mosca,
Curioso de a examinar.

Quis vê-la, quis saber a causa do mistério.
E, fechando-a na mão, sorriu
De contente, ao pensar que ali tinha um império,
E para casa se partiu.

Alvoroçado chega, examina, e parece
Que se houve nessa ocupação
Miudamente, como um homem que quisesse
Dissecar a sua ilusão.

Dissecou-a, a tal ponto, e com tal arte, que ela,
Rota, baça, nojenta, vil
Sucumbiu; e com isto esvaiu-se-lhe aquela
Visão fantástica e sutil.

Hoje quando ele aí cai, de áloe e cardamomo
Na cabeça, com ar taful
Dizem que ensandeceu e que não sabe como
Perdeu a sua mosca azul.

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segunda-feira, 17 de julho de 2017

NOVIDADES SOBRE AS FRANQUIAS DE DADOS ― AGORA NA BANDA LARGA MÓVEL

NEGOCIATA É UM BOM NEGÓCIO PARA O QUAL NÃO FOMOS CONVIDADOS.

Depois das (boas) notícias que venho publicando acerca da proibição da abominável franquia de dados na banda-larga fixa, volto ao assunto por conta de uma perspectiva que me parece alvissareira, só que agora em relação ao serviço de banda-larga móvel, provido pelas operadoras de telefonia celular.

A Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado aprovou na última quarta-feira (5) um projeto de lei que permite acumular o “saldo de internet” e utilizá-lo por até dois meses seguidos. Assim, se você dispuser de, por exemplo, 500 MB no momento do fechamento do seu plano de dados, esse remanescente será somado aos 2 GB (também por exemplo, já que essa grandeza varia conforme o plano contratado) a que você tem direito de usar no mês seguinte.

Na situação inversa, ou seja, quando “sobra mês no final da franquia”, a velocidade de navegação é reduzida ou o serviço fica suspenso até a liberação do novo pacote de dados. No entanto, se gente não utiliza integralmente o pacote de dados a que tem direito, o resíduo simplesmente “evapora”, sem que a operadora ofereça qualquer compensação financeira. Se tudo correr bem, as novas regras corrigirão essa distorção, e representarão mais uma vitória dos usuários sobre o cartela das operadoras.

O texto seguirá para a Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle, onde os parlamentares irão decidir se a proposta precisa passar pelo plenário, por outra comissão ou, se aprovada, seguir adiante para a sanção do presidente da República da vez, e então entrar em vigor.

Observação: Presidente da vez porque, pelo andar da carruagem, é possível que daqui a alguns dias o deputado Rodrigo Maia esteja aboletado cadeira mais cobiçada do Palácio do Planalto. Mas isso já é assunto para a nossa comunidade de política.

           RIR É O MELHOR REMÉDIO:



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